Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Elvira Lobato

GLOBO.COM

"Telecom Italia admite sair da Globo.com", copyright Folha de S. Paulo, 15/02/02

"O presidente mundial da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, admitiu ontem, em Milão (Itália), a possibilidade de vender a participação de 30% que o grupo possui na Globo.com.

Segundo Provera, o investimento na empresa brasileira, neste momento, ?vale zero?. Primeiro, os italianos tentarão tornar o negócio rentável. Se o objetivo não for alcançado, existe a opção de venda.

O grupo italiano pagou, em junho de 2000, US$ 810 milhões por 30% do capital da Globo.com, empresa de capital fechado das Organizações Globo, da família Marinho.

A cifra, na época considerada alta por analistas de mercado, representa cerca de 20% do total dos investimentos (US$ 4,1 bilhões) da Telecom Italia no Brasil.

A aquisição foi feita quando ela era administrada pela Olivetti. Em julho do ano passado, o comando da operadora passou para a Pirelli.

Ativos reavaliados

No balanço financeiro parcial de 2001, divulgado ontem, a Telecom Italia fez uma reavaliação, para baixo, de seus ativos em 3,80 bilhões, correspondentes a US$ 3,34 bilhões.

As ações da Globo.com foram desvalorizadas, contabilmente, em US$ 792 milhões ( 900 milhões). ?Fizemos uma reavaliação para zero?, enfatizou Provera.

A desvalorização das empresas de internet é um fenômeno mundial. A própria subsidiária de internet do grupo na Itália, chamada Seat PG, foi reavaliada para baixo em 700 milhões (US$ 616 milhões) no mesmo balanço.

O grupo também desvalorizou sua participação na Telecom Argentina -onde é sócio da France Telecom-, por conta da crise naquele país. Segundo Provera, o valor da participação na Telecom Argentina foi reduzido em 300 milhões (US$ 264 milhões).

Venda de ativos

No ano passado, pouco depois de assumir o comando da companhia, a Pirelli anunciou um plano de reestruturação e de redução das dívidas. Uma das medidas adotadas é a venda de ativos.

O grupo vai se desfazer de 350 das 700 empresas das quais participa. Até agora, já se desfez de ativos no valor de 3,5 bilhões.

Anteontem, o grupo anunciou a venda de 19,6% da empresa de telecomunicações francesa Bouygues por 750 milhões (US$ 660 milhões).

O balanço parcial divulgado ontem mostra faturamento de US$ 27,1 bilhões (13,2% maior do que o de 2000) e endividamento de US$ 19,05 bilhões, que, pelo plano trienal, deverá ser reduzido em mais US$ 5 bilhões até o final de 2004.

Brasil Telecom

Provera deixou claro que o grupo italiano vai manter sua participação acionária na empresa Brasil Telecom e que o atrito entre o grupo Opportunity e os demais sócios -fundos de pensão brasileiros e Stet Internacional (Telecom Italia)- tem diminuído.

?O relacionamento já foi muito difícil, mas vem melhorando nos últimos meses?, declarou.

Segundo Provera, a Telecom Italia não cogita vender sua participação (38% do capital votante) na Brasil Telecom porque sua infra-estrutura de rede é importante para o projeto de expansão da TIM (Telecom Italia Mobile) no Brasil e na América do Sul.

O plano estratégico do grupo Telecom Italia para os próximos três anos, porém, não contempla novos investimentos em telefonia fixa fora da Itália. A prioridade, fora do país, estará concentrada na telefonia móvel.

Provera anunciou investimentos, até dezembro de 2004, de 1,6 bilhão (US$ 1,41 bilhão) na construção de uma rede celular com a tecnologia européia GSM integrando Brasil, Peru, Chile, Argentina, Bolívia e Venezuela.

No plano trienal, o grupo espera chegar, ao final de 2004, com 12 milhões de assinantes do serviço celular com a tecnologia GSM na América do Sul, contra a base atual de 2,8 milhões.

A TIM tem 4,5 milhões de assinantes do serviço celular no Brasil com a tecnologia digital norte-americana, mas cogita fazer a migração dos clientes para o novo sistema.

A TIM desembolsou US$ 933 milhões pelas licenças de GSM no Brasil, mas não conseguiu inaugurar o serviço em janeiro deste ano, como previa, por causa das divergências societárias na Brasil Telecom.

Pelas regras da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), a TIM só poderá explorar as licenças se a Brasil Telecom antecipar o cumprimento de suas metas de expansão de linhas referentes a dezembro de 2003.

A Telemar e a Telefônica fizeram a antecipação, mas a Brasil Telecom não fez porque a TIM foi para o leilão sozinha, sem os sócios brasileiros.

O presidente da Anatel, Renato Guerreiro, já admitiu a possibilidade de autorizar o funcionamento da rede GSM da TIM sem a antecipação das metas da Brasil Telecom.

O precedente, segundo ele, se justificaria pelo aumento da competição no mercado. Provera disse que as discussões com a Anatel continuam e que está otimista.

A jornalista Elvira Lobato viajou a Milão a convite da Telecom Italia."

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"S&P rebaixa nota de dívidas da Globo Cabo", copyright Folha de S. Paulo, 15/02/02

"Na sexta-feira passada, a agência de classificação de risco Standard & Poor?s rebaixou as notas da dívida e corporativa da Globo Cabo.

A nota -ou rating- corporativo, de dívida sênior não garantida em moeda estrangeira e o rating corporativo em moeda local passaram de BB- para B+.

Além disso, todos os ratings foram colocados em ?creditwatch? com implicações negativas -ou seja, a empresa está em observação e sua nota pode cair mais.

Isso indica que a Standard & Poor?s rebaixou a recomendação de aplicação nos papéis da companhia.

A Folha tentou obter uma posição da empresa, mas foi informada de que somente o diretor-executivo da Globopar, Mauro Molchanshy, poderia falar sobre o assunto e que ele volta ao trabalho na próxima segunda-feira."

 

"Telecom Italia pode vender fatia da Globo.com", copyright O Estado de S. Paulo, 15/02/02

"O presidente mundial do Grupo Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera, admitiu ontem, pela primeira vez, a possibilidade de vender a participação acionária da empresa na Globo.com. Ele explicou que se a situação financeira do portal não melhorar, a saída será se desfazer dos 30% que o grupo italiano detém na empresa. ?O valor do investimento hoje é zero?, reconheceu o executivo durante a apresentação do plano estratégico da companhia até 2004.

A posição da Telecom Italia no negócio é delicada. A empresa pagou US$ 810 milhões para entrar na Globo.com e, somente no balanço financeiro de 2001, terá de desvalorizar o ativo em cerca de US$ 780 milhões. O valor é alto e representa cerca de 85% do preço das três licenças de banda D e E compradas pelo grupo italiano no ano passado. Em todas as suas operações no Brasil, a empresa já investiu US$ 4,1 bilhões, desde 1997.

A perda de valor das empresas de Internet foi um fenômeno mundial, que não atingiu somente a Globo.com. A própria Telecom Italia reviu para baixo também o valor da Seat PG, empresa que engloba as atividades de Internet do grupo na Italia. A desvalorização do ativo foi de cerca de US$ 610 milhões. Provera não esclareceu, contudo, se a eventual saída da Globo.com significará a desistência do grupo por participação em um portal de conteúdo no Brasil.

A medida em estudos pela Telecom Italia é fruto da nova postura adotada pela companhia, depois que a Pirelli assumiu o controle acionário, na incorporação efetuada em julho do ano passado. A Telecom Italia fez uma limpeza em seu balanço financeiro e desvalorizou em US$ 3,3 bilhões seus ativos. Este montante reflete essencialmente a situação da companhia brasileira, mas também a provisão de US$ 291 milhões feita para perdas na Argentina com a crise local.

A venda das ações na Globo.com não seria uma surpresa se analisadas as últimas decisões do grupo de Provera. Desde setembro, a Telecom Italia já se desfez de US$ 3,6 bilhões em investimentos no mundo. O plano estratégico apresentado ontem a analistas financeiros e jornalistas prevê, ainda, que o grupo reduza à metade o número de empresas das quais participa. O corte será em 350 companhias.

Em seu discurso, Provera foi claro ao afirmar que o processo de reestruturação não inclui a venda da participação na Brasil Telecom.

Desde meados de 2000, as desavenças entre os sócios da empresa de telefonia fixa nas regiões Sul, Centro-Oeste e parte do Nordeste vieram a público e aumentaram os rumores de saída do grupo italiano do negócio. ?A relação com os acionistas da Brasil Telecom (Banco Oportunitty e fundos de pensão) já foi muito difícil, mas vem melhorando nos últimos meses?, revelou.

A intenção de ficar não significa que haverá aportes de recursos para a empresa, afirmou o executivo. O objetivo é aproveitar as sinergias que existem entre a operação de telefonia fixa e móvel no Brasil. O executivo reafirmou seu interesse em priorizar as atuação no mercado celular na América do Sul, tanto que planeja investir US$ 1,4 bilhão nesta área nos próximos três anos.

Provera avalia que o Brasil deve absorver cerca de 80% desses recursos. A Telecom Italia é hoje o segundo maior grupo celular do Brasil, com cerca de 4,5 milhões de usuários das operadoras TIM Sul (banda A), TIM Maxitel (banda B) e TIM Nordeste (banda A). Além disso, o grupo italiano comprou licenças nas bandas D e E, o que vai permitir que a companhia opere nacionalmente assim que a Agência Nacional de Telecomunicaçoes (Anatel) der o aval.

?Estamos mantendo contato com o governo brasileiro?, disse o executivo. Hoje, a empresa não pode operar nacionalmente sem que a Brasil Telecom antecipe suas metas de universalização para 2003. As regras brasileiras exigem de qualquer sócio de empresa de telefonia fixa interessado em entrar no mercado celular o pré-requisito de antecipação de suas metas na operadora fixa.

No encontro, o presidente da Telecom Italia anunciou o plano estratégico e o balanço preliminar da empresa. A receita cresceu 13,2%, para US$ 26,8 bilhões, em relação a 2000.

Provera quer fortalecer a posição financeira do grupo. Para isso, traçou um programa para aumentar o fluxo de caixa e melhorar o perfil de endividamento. Os primeiros passos nessa direção foram dados no último trimestre, quando o porcentual da dívida de médio e longo prazo subiu de 58% para 72% do total. O plano prevê ainda uma queda de 5% na receita com telefonia fixa e aumento de 9% no faturamento com novos serviços, como banda larga ou comunicações de dados."