Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Em busca da juventude

ROLLING STONE

Após amargar queda de 10% nas vendas em banca no segundo semestre de 2001, a revista americana Rolling Stone muda conteúdo e chefia. O editor-gerente Robert Love deixa seu posto, ainda sem substituto, e as matérias ficam mais curtas, atendo-se às novidades mais quentes do mundo da música.

Kent Brownridge, representante do fundador Jenn Wenner, negou, em entrevista à AP [29/4/02], que as mudanças sejam resposta direta à ascensão da recém-chegada Blender. "A Rolling Stone é muito diferente do que era há 10 anos e vêm acontecendo coisas na cultura que obrigam a uma mais rápida adaptação ao que está rolando. É um fenômeno ligado, entre outras coisas, à internet e aos canais de notícia 24 horas."

No ano passado, Wenner já havia aumentado a periodicidade da revista Us de mensal para semanal, na esteira deste novo aspecto do mercado. Por enquanto, a Rolling Stone deve permanecer bissemanal, e em geral, seu espírito deve ficar inalterado.

O que preocupa seus editores é o envelhecimento dos leitores. A Blender, lançada em maio de 2001 pelo editor britânico Felix Dennis ? que já havia arrasado com o êxito estrondoso da revista masculina Maxim nos EUA ?, soube cativar a faixa jovem. Sua circulação ainda não foi auditada, mas a publicação garante aos patrocinadores vendas em banca entre 150 mil e 250 mil exemplares, número impressionante comparado aos 160 mil da Stone. Contabilizando também assinaturas, contudo, a velha ainda domina a cena: 1,25 milhão contra 350 mil.

ISRAEL-PALESTINA

Organizações judaicas e defensores de Israel estão bombardeando jornais americanos com acusações de cobertura tendenciosa do conflito no Oriente Médio. Em Mineápolis, um grupo comprou anúncio de página inteira do Star Tribune para condená-lo por não chamar os homens-bomba palestinos de "terroristas". Michael Getler, ombudsman do Washington Post, afirma receber mais de 100 e-mails e ligações por dia, "a grande maioria dizendo que nossa cobertura é pró-palestina, anti-Israel", mesmo número de reclamações que Ned Warwick, editor de internacional do Philadelphia Inquirer, diz receber.

O Los Angeles Times foi outro atingido pela campanha: quase 1 mil assinantes suspenderam a entrega a domicílio por um dia, em protesto; já em Nova York, parte da comunidade judaica está convocando um boicote ao New York Times, pela mesma acusação: tendenciosidade ? contra eles.

Árabes americanos e defensores da Palestina têm visão completamente oposta, e há muito acusam a imprensa de se alinhar à política externa do país, que tradicionalmente apóia Israel. "Esta cobertura negligente e enganadora não relata o verdadeiro sofrimento do povo palestino", afirma Ahmed Bouzid, presidente do Palestine Media Watch.

Os editores negam ambas as acusações. "Somos falíveis, mas não preconceituosos", declara Timothy J. McNulty, editor administrativo do Chicago Tribune. Warwick atribui as críticas da comunidade judaica à "compreensão própria que tem do que está ocorrendo" e à percepção de que "Israel está perdendo no tribunal de opinião pública mundial no momento". Para Dan Hortsch, editor do Portland Oregonian, a velocidade e o alcance do e-mail também motivaram esta campanha: os leitores não só recebem relatos de parentes do que está acontecendo em Israel "antes que LAT, NYT ou CNN possam chegar lá e confirmar algo", ou lêem matérias de jornais locais ? como Ha’aretz ? e perguntam por que elas não aparecem nos EUA.

David Shaw [Los Angeles Times, 28/4/02] revela que o LAT foi especialmente criticado por não ter coberto Festival do Dia de Independência de Israel em 21/4, que também serviu como comício de apoio ao país. Segundo os editores do jornal, houve uma falha de julgamento editorial, não proposital.

Uma série de programas em iídiche, gravados entre 1930 e 1950, está atraindo e-mails furiosos de ouvintes das afiliadas da National Public Radio. O ombudsman da rádio, Jeffrey Dvorkin, diz que metade das 300 cartas recebidas era negativa, e metade destas, abertamente anti-semitas. A quantidade de reclamações é a mesma em relação a outras séries, mas o tom, não, afirma Dvorkin: "[Recebemos] um monte de ?Judeus controlam a mídia? e ?Quem realmente está pagando por isso??, este tipo de coisa". Katherine Roth [AP, 23/4/02] informa que a NPR também já foi acusada de ser pró-Palestina e de usar a série iídiche para aplacar ouvintes judeus.