Victor Gentilli
ma operação policial prende, em flagrante delito de porte ilegal de armas, o prefeito de Cariacica, Dejair Camata, conhecido como Cabo Camata. Na aparência, uma operação fiscal. Na verdade, uma ação do Ministério Público, da Polícia Civil e da Polícia Federal nas suas atividades de investigação do crime organizado no Espírito Santo.
As armas apreendidas, de grosso calibre, estão sendo analisadas e confrontadas com os laudos de diversos crimes de mando ocorridos recentemente no Estado. O vice-prefeito de Cariacica sofreu um atentado, o deputado estadual Antário Filho, ex-candidato a prefeito de Cariacica, morreu assassinado no dia 31 de dezembro e o presidente da Câmara Municipal de Viana também foi morto. A criminalidade política no Espírito Santo alcança níveis alarmantes, evidenciando a já ostensiva malha do crime organizado, com seus tentáculos alcançando diversas instituições estaduais. Cariacica e Viana são municípios que compõem um núcleo conurbado chamado de Grande Vitória, do qual fazem parte também os municípios de Vila Velha e Serra.
O líder do governo Fernando Henrique no Senado, Élcio Alvares, e o presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, deputado José Carlos Gratz, protestaram com veemência contra a ação policial. Gratz pediu a demissão de toda a cúpula da Segurança Pública estadual. E conseguiram seus intentos: os jornais criaram uma inexistente “crise política” e esqueceram – ou aliviaram – a devida cobertura do caso policial. Os jornais limitaram-se a fazer jornalismo declaratório, ouvindo os lados envolvidos. Mas não se deram conta que a manchete – ação da polícia contra o crime organizado – estava no pé da página. Os jornais estão devendo aos cidadãos capixabas informações mais confiáveis e mais qualificadas sobre a violência no Espírito Santo.