Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ensaio de bolso sobre o futuro do Jornalismo

Toda a concepção e construção de um jornal moderno é digital, do princípio ao fim – exceto pelo último passo, quando a tinta é comprimida sobre papel. Este é o momento no qual os bits transformam-se em átomos.

Átomos são analógicos; bits são digitais. Jornais, revistas e livros estão sob a forma de átomos. Uma editora, por exemplo, trabalha no ramo da transmissão de informações (bits) e no da confecção de livros (átomos).

Um bit não tem cor, tamanho ou peso e é capaz de viajar à velocidade da luz. É um estado: ligado ou desligado, verdadeiro ou falso, um ou zero. É possível digitalizar também o áudio e o vídeo, reduzindo-os igualmente a uns e zeros.

Digitalizar um sinal é extrair dele amostras que, se colhidas a pequenos intervalos, podem ser utilizadas para produzir uma réplica aparentemente perfeita daquele sinal. A digitalização permite a compressão de dados e a correção de erros.

Agora imagine que aquele último passo na confecção de um jornal não seja dado pelas rotativas, mas que os bits sejam entregues ao leitor sob a forma de bits. Ele poderá escolher imprimi-los em casa, em função da conveniência de ler o jornal em papel ; ou baixar esses bits no seu computador.

Há três caminhos para se levar informação e entretenimento à casa das pessoas: meios físicos (materiais impressos, fitas, disquetes, CDs); o cabo (televisão a cabo, telefonia convencional etc.) e o ar (televisão convencional, telefonia celular, rádio etc.).

Nicholas Negroponte – fundador e diretor do Media Lab do MIT – acha que as comunicações interpessoais tendem a utilizar-se cada vez mais do ar, enquanto que a comunicação de massa (broadcast) usará cada vez mais a terra (o cabo).

Embora haja muitas maneiras de fazer os bits chegarem até você, uma delas é com certeza a transmissão televisiva ou radiofônica. A estação de televisão poderá enviar-lhe os bits de informação e entretenimento; o telefone celular poderá recebê-los!

Isto poderá ser feito através de um simples pedido verbal – a voz será o canal primordial de comunicação.

Quando toda (ou quase toda) informação estiver em formato digital e pudermos recebê-la como preferirmos, teremos o que o vice-presidente americano, Al Gore, chamou nos anos 70 de Superinformation Highway, ou Super-Estrada da Informação. Nela teremos a informação que quisermos na interface que nos for mais confortável: computador, televisão, telefone, papel ou quaisquer outras.

A Internet de hoje é o embrião dessa estrada. O telefone celular, o embrião das novas interfaces.

O texto acima, com pequenas exceções, foi montado a partir de bits do livro A Vida Digital, de Nicholas Negroponte, edição Companhia das Letras.

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