Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Entre o sonho e a realidade

Comemora-se em 2000 o centenário da publicação de A interpretação dos sonhos, a obra seminal de Sigmund Freud (1856-1936), decisiva para transformá-lo em personagem do milênio. Refletir o que se passou entre a edição do livro e a inclusão do divã no imaginário coletivo é tarefa dos autores dos 4 textos a seguir [Alberto Dines, Luís Edgar de Andrade, Cláudio Weber Abramo e Carlos Vogt]. Como também o é atravessar a análise da mídia com a luz freudiana.

Quando o médico vienense examinou os mecanismos do inconsciente para formular suas teorias sobre o comportamento social ainda não existia uma mídia como hoje a visualizamos. E agora?, com a presença maciça da mídia na vida cotidiana das pessoas e das sociedades?

A mídia terá se transformado no divã da sociedade? Ou, desarvorada, foi ela própria para o divã? Neste caso, quem deve tratar dela? Cartas para a redação.

A 100ª edição do Observatório buscou aproximar o fenômeno mediático dos aportes e conquistas da psicanálise. Vale tentar, pois as teses e procedimentos da psicanálise, concordam fiéis seguidores e críticos acerbos, mudaram nossa maneira de ver o mundo.

Os fatos revelam uma aproximação de Freud com a mídia de sua época. Era uma imprensa escrita em papel, que após afirmar-se como instrumento de poder político ensaiava consolidar-se como um negócio capitalista, por assim dizer, clássico.

Está relatado adiante, mas vale antecipar: A interpretação dos sonhos foi publicado (veio à luz, como se diz) em novembro de 1899. Mas autor e editor dataram de 1900 a obra para aproveitar o embalo do frenesi da virada do século, com tudo o que significava de moderno e novo. Claro, o século 20 só chegaria em 1901; mas, à época como agora, a data redonda era o que mais importava. 1900. Nos dois anos seguintes o livro vendeu cerca de 100 exemplares. Então, dr. Freud procurou a imprensa. O Mal Estar da Civilização tem algo a ver com a sociedade mediatizada? (L.E.)

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