Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Estranheza

Li um comentário a propósito das matérias sobre o filho de FHC, acusando a revista Caros Amigos de ser um projeto falso, título roubado etc. Não conheço esta história. Será que você poderia abrir o jogo?

Aloísio Lopes, jornalista, Belo Horizonte, MG

Resposta de Alberto Dines: O assunto tem sido tratado em respostas anteriores. Clique Busca. abs A.D.

 

Estranhei o fato de a minha carta eletrônica enviada em 18/5/2000 não ter sido publicada, nem na edição de 20/5/2000, nem na atualização de 26/5/2000 desse Observatório. Não foi recebida, OI censura cartas ou decidiu encerrar a polêmica sobre Caros Amigos e o filho do presidente e não informou disso seus leitores? É possível ainda que tenha sido publicada, mas eu não a tenha localizado? Para o caso da primeira alternativa, repito, abaixo, a carta. Para as demais espero esclarecimento desse Observatório. Acho que o leitor merece esta atenção.

Carlos Cândido

 

Nota do OI: Carlos, releve a resposta longa, mas aproveito o gancho que você oferece para reiterar algumas posições do OI aos demais Observadores. O Observatório tem por norma publicar todas as manifestações desde que assinadas, respeitosas e pertinentes ao desempenho da mídia. Não discutimos opiniões ou posições porque acreditamos na liberdade de expressão. Não pretendemos alimentar polêmicas: estão asseguradas as réplicas e as tréplicas; depois disso, se nada de novo for acrescentado o debate será encerrado. Foi o que nesta edição ocorreu entre o editor do OI e três membros da Coordenação de Comunicação do MST, a propósito de uma matéria publicada no Jornal do Brasil semanas atrás. É o que também ocorre com textos pessimamente redigidos ou os que fogem em extremo ao escopo do OI. Nosso propósito é observar a mídia e estabelecer a controvérsia em torno dela – única forma de “controle social” que consideramos democrática. Sua carta não foi publicada em 20/5/00 por ter chegado depois do fechamento do texto da edição. Finalizamos o texto (106 matérias, naquela feita) com pelo menos 24 horas de antecedência (no caso, noite de 18/5) para garantir tempo hábil à produção da capa, ajustes e edição em html. A equipe do OI é mínima. E sua carta não foi publicada no Última Hora de 26/5/00 por falha técnica, minha: quando chegou, sua mensagem foi salva em diretório antigo. Seu texto de então vem reproduzido abaixo. [ ]s (L.E.)

A questão não é pessoal

Usemos também as palavras apropriadas: o sr. Dines, mais uma vez, foge do assunto. O assunto não é Caros Amigos, mas por que a imprensa esconde a história do filho do presidente. O sr. Dines não entra na questão, nem para se aprofundar no ponto de vista segundo o qual tratar da vida privada de pessoas públicas é fazer jornalismo marrom, embora o caso do filho dos presidente seja exceção numa imprensa que o faz com freqüência.

O sr. Dines acusa seus leitores (por quem, supõe-se que deveria ter apreço) de “levianos”, porque escrevemos sobre o que não sabemos. Pois bem, esse Observatório agora nos deve também isso: cumprirá sua função nos contando o que sabe e não sabemos sobre Caros Amigos. Em vez de usar esse argumento autoritário e professoral (“fiquem calados porque não sabem do que falam, eu sei tudo e decido por vocês o que deve ser discutido ou não”), nos revele esse lado obscuro da questão: por que Caros Amigos é uma fraude e quais seriam suas verdadeiras intenções ao tratar do assunto em pauta.

Infelizmente, o sr. Dines tomou como pessoal uma discussão que não o é. “Onde é que vocês estavam quando ousei escrever que Lula era um cidadão acima de qualquer suspeita (a propósito da tentativa de achincalhá-lo empreendida pela Folha e a Rede Bandeirantes)?” “Sei o que significa esta expressão (jornalismo marrom) – quem a criou foi o Diário da Noite, dirigido por mim, em 1960.”).

A questão não é pessoal – nem no caso do filho do presidente, nem no caso desse Observatório. Tampouco interessa, a bem da verdade, o que pensa o sr. Dines, exclusivamente – por mais que admire sua competência, por mais que reconheça sua experiência e os serviços prestados por esse Observatório, ele à frente. Interessam informações que O.I. tenha e possa compartilhar com seus leitores, em nome da sua própria razão de ser. Interessa a discussão, franca, leal, honesta, democrática.

Esse Observatório continua devendo aos seus leitores uma discussão séria sobre a imprensa e o filho do presidente; agora, deve-nos também esclarecimentos sobre a “fraude Caros Amigos“. E o sr. Dines deve reconhecer a leviandade da afirmação – “Está me parecendo que o vosso senso moral é regulado apenas pelo interesse político. Tal e qual o Maluf” – feita sobre pessoa que desconhece, a quem atribui interesses escusos tirados da sua própria consciência.

Espero que a continuidade desta discussão não se dê mais em tom pessoal, opondo leitores e editor (“eu”, “vocês”), mas pelas questões envolvidas, que interessam a todos e ao país.

Carlos Cândido

 

Caro Chico Bruno, li seu comentário sobre a edição da Caros Amigos que comenta o porquê da mídia esconder o filho de FHC. Achei pertinente alguns de seus questionamentos, como o motivo da omissão de quase meia dúzia de envolvidos. Mas em relação às prefeituras do PT que supostamente teriam anunciado para ajudar especificamente na circulação de tal edição, sou obrigado a discordar. Basta observar que em TODAS as edições anteriores de Caros Amigos pelo menos uma das prefeituras que você cita veicularam anúncios de página inteira. Se o público alvo deles é outro, não sei. Sou estudante de jornalismo, moro em Minas Gerais, e teoricamente não tenho interesse em saber o que rola em prefeituras de São Paulo e outros Estados. Mas achei importante conhecer os projetos que estão sendo implantados naquelas cidades, e isso só foi possível por meio de tais anúncios. Um abraço,

Vitor Hugo De Lucca Munaier

 

Um insólito comportamento voyeur e um inopinado cabritismo coscuvilheiro parece também permear algumas das arrazoadas mentes dos consumidores das informações do Observatório da Imprensa. Em função da informação de um provável “andança extra-conjugal” do senhor Fernando Henrique Cardoso, mal revelada por um único e obscuro órgão da imprensa e não repercutida pelos demais, e do posicionamento editorial do O.I. em considerá-la sem nenhuma importância além do seu devido contexto familiar, alguns leitores passaram a exigir deste peculiar veículo um desdobramento da dita “notícia”.

Não obstante ser o protagonista da informação, pessoa de notório conhecimento, responsabilidade e autoridade públicos, considero sábia e coerente com os fins do veículo que editora a decisão do senhor Alberto Dines em tornar sem relevância jornalística essa e outras pretensas notícias sobre graveolências individuais ou familiares de personalidades. Creio que, digressões extra-conjugais, veleidades ou preferências comportamentais e até, em determinados casos, problemáticas crônicas ou agudas da saúde não devam fazer parte da pauta jornalística de um veículo da especificidade do O.I. e mesmo de tantos outros órgãos dessa faixa de imprensa dita mais séria e responsável.

Se tais fatos não estiverem incluídos em contextos mais amplos que os familiares e venham a conspurcar a postura moral e o decoro funcional dos seus protagonistas e, principalmente, a ferir os verdadeiros e legítimos interesses públicos aos quais estejam vinculados. Se, lato sensu, a sua exposição pública não tender a produzir outro fato novo decorrente positivo. Não vejo, então, razão plausível e justificável para a sua utilização como informação jornalística.

Pretender a geração de notícia em cima desse tipo de informação, regurgitando uma pretensa liberdade de expressão ou equivocadíssimos casos passados, é mera falta falta de responsabilidade de quem o faz, seja ele veículo ou leitor. Aqueles que querem fazer da notícia tão somente uma iguaria cada vez mais bela e saborosa aos olhos e paladares de desmesurados glutões, desconsiderando a qualidade dos seus ingredientes e os necessários benefícios deles advindos, são os mesmos que tendem a serem vitimados pela inanição dos seus próprios valores.

Edelberto Oliveira Olivedel, Rio

 

O jornalista Janio de Freitas escreveu: “FHC não mudou, apenas se revelou”. Nestas simples palavras ele diz resume tudo. O que eu acho mais interessante é ver como um homem que age como Imperador ainda tem coragem de se dizer que é de esquerda. Ou será que já esqueceram a famosa frase: “Esqueçam tudo que escrevi”? Creio que depois dessa nada mais a declarar.

Carlos Roberto Mauá, petroleiro, Santos. SP