Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Ethevaldo Siqueira

INTERNET

“O sonho da internet a 2 megabits”, copyright O Estado de S. Paulo, 5/04/03

“Imagine, leitor, o que significa acessar a internet a uma velocidade quase 50 vezes superior à dos acessos via linha discada. Pois é exatamente esse o avanço de que estou usufruindo há três semanas. Estou conhecendo e utilizando pela primeira vez no Brasil um serviço de terceira geração celular (3G), ou seja, o acesso à internet sem fio, de alta velocidade, até a 2,4 megabits por segundo (Mbps), conectado em meu computador desktop.

O serviço é oferecido pela Vésper, com o nome comercial de Giro. Baseado na tecnologia CDMA 1xEV-DO, ele oferece, entre outras, a vantagem da instalação sem a necessidade de passagem de cabos ou de utilização de qualquer outro tipo de equipamento. A conexão funciona 24 horas por dia, não ocupando o telefone nem sendo necessário possuir TV a cabo. O usuário conta, ainda, com a liberdade de instalar e utilizar o acesso em qualquer lugar da sua casa ou empresa.

Do ponto de vista de quem usa, é uma experiência fascinante. Como a gente se acostuma facilmente com avanços assim, não sei como irei aceitar qualquer retrocesso se tiver de voltar a utilizar rotineiramente os 64 quilobits por segundo (kbps). Com o Giro, passo e-mails com ironias e gozações com os amigos mais próximos, chamando-os de ?internautas da idade da pedra? ou de ?lesmas navegantes que se arrastam a baixas velocidades?. Outras vezes, brinco, dizendo-lhes que estou acessando a internet à velocidade da luz. De fato, eu não tinha até aqui a menor idéia do prazer que nos dá baixar em segundos arquivos que levavam meia hora ou muito mais.

Fotos e softwares pesados se tornam leves e ágeis. As menores velocidades que tenho conseguido estão em torno de 580 kbps. A conexão média fica por volta de 1,3 Mbps. Só não chego aos 2,4 Mbps nas horas mais tranqüilas porque o servidor pelo qual me conecto ao provedor de internet não me permite mais que 2 Mbps.

Vantagens – O Giro oferece acesso à internet em banda larga com a flexibilidade e outras vantagens exclusivas da tecnologia sem fio. Com ele, a Vésper estréia na Grande São Paulo sua condição de operadora de serviços integrados de telecomunicações. Por enquanto, o Giro se destina exclusivamente à transmissão de dados com a tecnologia CDMA2000 1xEV-DO (DO da sigla significa Data Only, ou ?somente dados?), a velocidades de até 2,4 Mbps. Isso significa 16 vezes mais velocidade que as opções tecnológicas domésticas sem fio disponíveis no Brasil atualmente e 50 vezes superior às velocidades de acesso discado.

O Giro possibilita também a transmissão e download de grandes arquivos, utilização de recursos multimídia nas mensagens, videoconferências e boa qualidade na reprodução de vídeos diretamente da internet, além da conexão extremamente rápida à web e intranets.

A Vésper – segundo Luiz Kaufmann, presidente da operadora – é a primeira operadora de telecomunicações da América Latina a oferecer serviços com esta tecnologia de terceira geração (3G). Além dessa empresa-espelho, duas operadoras sul-coreanas e uma americana já lançaram comercialmente serviços nessa tecnologia.

Até o final de abril, a Vésper lançará a versão móvel do Giro, num cartão (PC Card) que será acoplado aos laptops, permitindo o mesmo acesso sem fio de alta velocidade à internet. Quando o usuárior estiver parado, a velocidade de acesso poderá alcançar até 2,4 Mbps. Quando em movimento, a conexão mínima será 384 kbps.

Rumo à 3G – A evolução do celular se faz em gerações. A primeira geração (1G) era totalmente analógica, no caso brasileiro, com o nome de Advanced Mobile Phone System (AMPS), na faixa de 800 MHz. A segunda geração (2G) é a atual, com os padrões Time Division Multiple Access (TDMA), Code Division Multiple Access (CDMA) e Global Standard Mobile (GSM), nas freqüências de 800 MHz e 1,8 GHz. A terceira geração (3G) começa a chegar em todo o mundo, com tecnologia baseada no CDMA de banda larga, nas freqüências de 1,9 GHz e outras. Na verdade, não existe uma terceira geração (3G) inteiramente distinta ou separada da atual. A passagem da 2G para a 3G será feita pela introdução dos chamados serviços de terceira geração, como, por exemplo, o Giro (CDMA 1xEV-DO).

Dentro de três a cinco anos, milhões de usuários no Brasil deverão estar usando serviços de 3G, para mil aplicações que apenas começam a se delinear hoje. Usaremos o celular como documento de identidade, cartão de crédito ou cheque no pagamento de contas em restaurantes, hotéis ou supermercados.

Gravaremos mensagens com áudio e vídeo para serem transmitidas para outros telefones de terceira geração ou para computadores. Surfaremos na web a velocidades próximas de 2 Mbps, no caso dos telefones fixos, e acima de 384 kbps, no caso do telefone móvel.”

“Uma internet mais turva”, copyright Folha de S. Paulo, 2/04/03

“Como a maioria dos paulistanos, o videomaker Tadeu Jungle passa umas duas horas por dia no trânsito. De setembro de 2002 a fevereiro deste ano, tirou cerca de mil fotos enquanto ficava preso no congestionamento. Quem visitar seu site (www.tadeujungle.com.br/heavyrain) vai encontrar algumas delas.

?Heavy Rain?, ou ?40 Fotos da Cidade de São Paulo, Debaixo de Chuva, Feitas de Dentro de um Carro? é o nome dessa exposição virtual.

Acho meio cansativo buscar e ver coisas pela internet. Não tenho nenhum tipo de conexão rápida. Uma vez quis me informar sobre o assunto, mas só para decidir entre Speedy ou Flash ou Vírtua ou Super-21, as questões e pressupostos eram tantos que meu sistema nervoso ficou fora do ar.

Certa lentidão para baixar as imagens de ?Heavy Rain? acrescenta charme à obra de Tadeu Jungle. A foto vem vindo aos poucos, de cima para baixo, como uma cortina descendo sobre a tela. O tempo ?fecha?, reproduz-se um ruído de chuva e tudo se torna mais turvo na internet, um meio em geral tão nervoso e acidentado, movido a cliques, impulsos mínimos e recompensas abstratas.

Muitos sites fazem a gente se sentir um ratinho de laboratório, apertando teclas de ?sim? ou ?não?, decidindo em cada encruzilhada. ?É isso mesmo o que você quer? Confirme mais uma vez?. Ou: ?Você está prestes a ser direcionado para uma conexão insegura?… avisos e mais avisos. Numa hora sempre se comete um erro e é preciso arrepiar carreira, recorrendo ao ícone ?voltar? até dar certo. No fundo, o mouse da história sou eu.

Num congestionamento em São Paulo, contudo, não há decisões a tomar. A materialidade de um meio obstruído, invencível, impõe-se pesadamente. O farol verde e o vermelho se alternam sem chance para cliques, exceto os de uma máquina fotográfica…

São imagens bonitas e estranhas. Algumas, tiradas à noite, mostram as lanternas do carro da frente como uma aparição monstruosa, deformada pelas gotas de chuva. Prefiro outras, quase sem cor: uma árvore do lado esquerdo, a rua vazia em frente ou uns galhos de salgueiro à direita ficaram granulados e cinzentos como numa gravura de Seurat.

Mas não é com a arte impressionista que se parece a maior parte das figuras. Uma foto de casas quase desfeitas pela água lembra os quadros de Munch ou de Vlaminck: cenário de terror ou, pelo menos, de fantasmagoria.

Sob uma chuva de meteoros brancos, não sei se a fachada é de um estacionamento ou de um cinema abandonado no centro da cidade, se há gente passando ou não. Outra imagem fala de um muro grafitado. É o que indica o título. Mas onde está? Sobre o muro cinzento, usaram tinta branca ou prateada. Os reflexos da chuva no vidro se confundem com duas ou três letras angulosas: fantasmas de um grafite.

Impliquei um pouco com a idéia de dar títulos em inglês à maioria das fotos: ?Water Houses?, ?Far Avenue Building?, ?I Want to Go Home?. Sem dúvida, essas imagens de São Paulo lembram a estética de ?Blade Runner? e de outros filmes ?cult? dos anos 80.

Era uma década em que o uso do inglês servia para dar distanciamento e frieza estética ao presente subdesenvolvido. Nesse sentido, o projeto de Tadeu Jungle parece ?revisitar? um período que era, em si mesmo, caracterizado pelas ?revisitações?, pelos ?revivals?, por uma certa nostalgia desemocionada e irônica.

Chama a atenção, por exemplo, que as fotos de ?Heavy Rain? imitem não apenas a pintura pontilhista ou expressionista mas também as produções do hiper-realismo, que justamente queriam imitar, na pintura, a… fotografia.

Contudo, se tomarmos como comparação a poesia das paisagens paulistanas de Gregório Gruber, por exemplo, veremos que um outro estilo, mais tenso, intervém nas fotos de Jungle. O lado ?pintura? convive com sensações que lembram, por exemplo, as cenas de um filme como ?O Invasor?, de Beto Brant: as luzes dos semáforos e dos anúncios, agressivas, surgem numa tela ?dura?, a do computador, que não tem a suavidade do quadro.

As luzes e os contornos da cidade se deformam do mesmo modo que um som, uma buzinada, um grito ficariam distorcidos ao se propagarem na água. Esse meio líquido, a chuva, cobre o mundo de irrealidade.

O poeta Saint-John Perse disse que a chuva faz todas as coisas parecerem ?o lado avesso de um sonho?. Não há eufemismo, ocultamento, filtragem da realidade nas fotos de Tadeu Jungle, mas é como se houvesse, lá fora, um pesadelo de que tentamos nos proteger. Nada mais doméstico e sedentário do que a internet; ?Heavy Rain? sugere outras paragens.”

 

“Yahoo muda para tentar retomar terreno perdido para o Google”, copyright O Estado de S. Paulo/ The New York Times, 8/04/02

“Será que a Yahoo vai recuperar o terreno perdido no negócio de busca online? Em 1999, a Yahoo deu a uma pequena empresa sua primeira grande oportunidade, contratando-a para fornecer resultados para seu serviço de busca pela internet. No ano passado, essa empresa, a Google, acabou tirando o lugar da Yahoo como o site número 1 de buscas na Web.

A partir de segunda-feira, a Yahoo está lançando uma série de melhorias no seu serviço de busca na Web com a finalidade de recuperar o território que cedeu para a Google.

A Yahoo está acrescentando alguns recursos e retirando alguns anúncios ilustrados para tornar seu serviço mais parecido com o estilo limpo e simples do Google. Além disso, está tentando se diferenciar nos seus resultados de pesquisa, incluindo informações de uma série de outros serviços, muitos deles não oferecidos pelo Google.

Por exemplo, alguém que estiver procurando ?resultados do Yankee? (um conhecido time de beisebol), verá os resultados do mais recente jogo do Yankee, além de uma lista de sites de beisebol.

?Estamos tentando integrar nosso conteúdo para tornar as pesquisas mais fáceis, rápidas e inteligentes?, disse Jeff Weiner, vice-presidente sênior da operação de busca da Yahoo.

Mas alguns analistas dizem que o Google tornou-se uma marca tão estabelecida que a Yahoo encontrará dificuldades para fazer incursões no seu território.

?O Google aprimorou o serviço de busca?, disse Safa Rashtchy, um analista que trabalha para a US Bancorp Piper Jaffray. ?Acho que será difícil para a Yahoo tentar competir com eles. Seria melhor que a Yahoo tentasse melhorar como Yahoo.?

A Yahoo está apostando que vai conseguir revidar. Cerca de três quartos dos usuários do Google visitam a Yahoo no mês, disse Weiner.

Assim, a Yahoo está colocando a maioria dos anúncios do seu novo serviço de busca em outras seções do seu próprio site.

Ao menos por enquanto, a Yahoo estará combatendo o Google com o Google, que continua fornecendo o índice de páginas da Web usado pelo serviço de busca da Yahoo. No mês passado, a Yahoo concluiu a aquisição da Inktomi, uma empresa com um índice rival com bilhões de páginas disponíveis e que, segundo a própria Yahoo, é um índice tão bom quanto o do Google. Mas a empresa não revelou quando pretende começar a usar o índice da Inktomi para enriquecer as pesquisas no seu site.

A Yahoo está redobrando esforços para construir um serviço de busca diferenciado porque as buscas na Web comprovaram ser uma das áreas mais lucrativas de publicidade na internet. As empresas descobriram que oferecer seus produtos em anúncios de pequenos textos relacionados com o tópico da busca é um grande caminho para encontrar clientes que realmente querem comprar o que elas estão vendendo.

A Yahoo está reduzindo, mas não eliminando, a publicidade ilustrada nas páginas nas quais exibe resultados de busca. As páginas do Google são repletas de publicidade, mas são apenas textos, o que significa que as páginas parecem mais elegantes e, na opinião de alguns usuários, bem menos atravancadas.

A Yahoo substituirá alguns de seus anúncios ilustrados, exibidos ao lado dos resultados da pesquisa, por anúncios de texto muito semelhantes aos do Google. E exibirá ?banners? publicitários ilustrados no topo da página somente quando o anúncio estiver relacionado com o tópico pesquisado.”

 

O JORNAL MAIS ANTIGO

“Jornal mais velho do mundo completa 300 anos”, copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 4/04/03

“O jornal estatal austríaco Wiener Zeitung, o mais antigo do mundo em funcionamento, celebra hoje na Biblioteca Nacional de Viena seu 300? aniversário com uma extensa exposição sobre sua história. A mostra inclui desde edições especiais do jornal escritas à mão no começo do século XVIII até seu moderna versão digital na internet.

O jornal foi fundado pelo empresário Johann Baptist Schoenwetter em agosto de 1703 sob o nome barroco de <>Wiennerisches Diarium. Em sua etapa inicial, o periódico era publicado apeinas duas vezes por semana, às quartas e sábados, dias em que funcionava o serviço de correio, responsável por sua distribuição.

A primeira edição do Diarium, que mudou seu nome para Wiener Zeitung em 1780, foi produzida por dois redatores e tinha uma tiragem estimada de 800 exemplares de oito páginas cada um, cujo lema inicial era ?informar sobre curiosidades da vida cotidiana?.

Em 1721, o jornal passou para as mãos da família Van Ghelen, que manteve a estreita ligação com a administração pública e, à parte notícias internacionais e locais, publicava anúncios oficiais do Estado e era o único jornal com permissão para veicular publicidade.

Sua cobertura se concentrava na política externa, especialmente na informação sobre as diferentes guerras na Europa, enquanto a seção local informava sobre a Corte Imperial e outros assuntos sociais da época.

O Wiener Zeitung foi, por exemplo, o primeiro meio de comunicação que em 1764 informou sobre a existência de um gênio da música de apenas oito anos de idade, Wolfgang Amadeus Mozart.

Além disso, o jornal publicava listas sobre quem se encontrava em visita à cidade, assim como anúncios de nascimentos e fúnebres da nobreza. Em 1813, pouco depois da retirada das tropas de Napoleão e em meio à forte censura do conde Metternich, o Wiener Zeitung se converteu finalmente em um diário.

Quatro décadas mais tarde, em 1857, o imperador Francisco José – marido de Sisi, a famosa imperatriz assassinada em 1898 – nacionalizou o Wiener Zeitung, que tinha estado sob controle da família Van Ghelen durante seis gerações.

O diário se converteu assim no Boletim Oficial do Estado da Áustria, mas conseguiu conservar sua redação política e cultural.

Entre 1870 e o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, o Wiener Zeitung viveu sua melhor época e gozou de excelente reputação, não tanto por sua informação política, como por sua cobertura da rica vida cultural de Viena, capital de um império com 45 milhões de habitantes.

Com a queda do Império austro-húngaro, em 1918, a situação econômica do jornal decaiu, sobrevivendo até seu fechamento temporária imposto pelas autoridades nazistas durante a anexação da Áustria pela Alemanha, a partir de 1938.

O Wiener Zeitung ressuscitou das cinzas em setembro de 1945 e permaneceu sob controle do novo Estado austríaco até 1998, quando foi convertido em uma sociedade de responsabilidade limitada, embora também de propriedade do Estado.

Hoje, o Wiener Zeitung é um diário moderno com edição digital e portal próprio de internet, emprega 40 jornalistas e tem tiragem de 25.000exemplares entre segunda-feira e quinta-feira, e 45 mil em sua edição do fim de semana.

No entanto, estes números não podem ser comprovados de forma independente, já que o Wiener Zeitung não participa desde 1998 das análises de circulação da imprensa escrita.

Na época, as análises davam ao diário estatal 60.000 leitores por dia.

Críticos como o matutino liberal Der Standard, afirmam que o governo austríaco é o último Executivo da Europa que ?se dá ao luxo? de manter um diário próprio para publicar licitações públicas e novas leis em sua função também de Boletim Oficial do Estado.

Isto prejudica os diários privados que apenas contam com receitas de publicidade estatal e confirma a ?curiosa política de meios de comunicação do atual governo? austríaco, afirmou o Der Standard em um de seus editoriais desta semana, de acordo com a agência EFE.”