Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Experiência que fará falta

THE WASHINGTON POST

Em sua última coluna do ano [28/12/03], o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, deixou de lado as reclamações dos leitores para chamar atenção a um programa de aposentadoria voluntária aberto pelo diário. Profissionais com mais de 55 anos de idade e mais de 10 anos de casa poderiam subscrever-se para ter uma aposentadoria melhor do que se trabalhassem mais tempo. Ao todo, 55 funcionários da redação aderiram, entre repórteres, editores e fotógrafos ? cerca de 7% da equipe, excluindo o setor administrativo. Ainda haveria a possibilidade de desistência, mas o fato é que uma quantidade expressiva de jornalistas experientes deixará de trabalhar no jornal, o que é preocupante.

Entre os profissionais que estão pendurando as chuteiras estão nomes como Phil McCombs, que foi preso pelos viet-congues em 1974, e Ed Walsh "provavelmente o melhor repórter de assuntos gerais que se poderia encontrar em qualquer jornal". Também há casos como o do editor-assistente Marty Zad, que trabalha no Post há 53 anos, além de vencedores de prêmios Pulitzer como Henry Allen e Michael Dirda.

Muitos dos jornalistas que se aposentarão não fazem séries especiais de reportagem ou outra coisa de muito destaque, mas trabalham na cobertura de assuntos do cotidiano que os leitores acompanham, escrevendo mais de uma centena de matérias por ano. Esses repórteres são importantes para o jornal e, segundo Getler, dificilmente são alvo de reclamações.

A direção do Post disse que parte dos que estão saindo terão contratos temporários de trabalho para seguirem como colaboradores. O ombudsman ressalta que isso já não é a mesma coisa que se estivessem normalmente contratados. Trabalhar em caráter temporário significa que não estarão imersos no ambiente da redação. "Tenho certeza de que o Post continuará a gerar ou adquirir os novos talentos que precisa. Mas esse enérgico pessoal mais velho certamente fará falta", conclui Getler.