Fama esticada

Impressionante como o fenômeno Casa dos Artistas ainda repercute. Não me refiro à nova versão do programa, com estréia no domingo, dia 17, mas à sua primeira exibição, com Supla, Bárbara Paz etc. Dois meses após o término da atração que destronou o Fantástico, ainda há na internet vários blogs e sites dedicados ao assunto. Ou melhor, aos participantes da casa, do tipo "por onde anda". O interesse das pessoas na Casa dos Artistas é estrategicamente observado pela mídia. O próprio criador do bicho-papão que tirou o sono dos dirigentes da Globo explora até hoje suas criaturas: Silvio Santos já fez um Show do milhão com os, hã, artistas. Num outro exemplo, mais bizarro, Alexandre Frota perambula pelos programas alheios dando entrevistas e falando mal de alguns de seus ex-convivas. E o de ex-Cláudia Raia até escreveu um livro, Na Ilha de Caras. Sobre, claro, a casa. É o fortão exibindo sua veia literária e tentando apagar o estigma de que tem muita massa muscular e pouca massa cinzenta.

Claro que todos estão se aproveitando da celebrização que ganharam com o programa. Porém, com exceção de Supla, que retomou sua rotina como cantor, fazendo shows, os demais continuam na mídia ? e aí inclui-se a internet. Não por novos trabalhos, mas relembrando insistentemente fatos que aconteceram na casa do Morumbi em que ficaram confinados entre outubro e dezembro.

Não é à toa que tanta gente quis aparecer no BBB e na Casa dos artistas 2. Findas as atrações, os neofamosos podem passar várias semanas colhendo os frutos da exposição permanente da mídia: continuam estrelando capas de revistas, visitando programas de auditório, ilustrando fotos de colunas sociais e, sem dúvida, recebendo bons cachês. Resta saber por quanto tempo os ilustres continuarão sobrevivendo, alimentando-se dos holofotes do show business e da rememoração contumaz das experiências vividas nos lares eletrônicos que os produziram.