Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Fanatismo latino

COPA DO MUNDO

A Univision, maior canal em espanhol dos EUA, aposta alto na paixão pelo futebol da colônia latina, que tem quase 40 milhões de pessoas. A emissora pagou US$ 150 milhões pelo direito de exibir os Mundiais de 2002 e 2006. Mas vai aproveitar ao máximo: a maioria das 64 partidas será exibida duas vezes ? uma ao vivo e uma em videoteipe ? e o melhor jogo de cada dia terá direito a terceira exibição. Nem o fato de as partidas serem na Ásia, e, portanto, em horário ruim nos Estados Unidos, afasta a expectativa de boas audiências. Em 1998, 4,4 milhões de pessoas, ou metade dos hispânicos que têm TV, acompanharam a final entre Brasil e França. Como houve aumento de 32% no número de lares latinos com televisão, a previsão é de índice ainda melhor.

Os anunciantes já demonstraram estar atentos ao evento. A cervejaria Miller, que reserva um quinto da verba de marketing ao público hispânico, gastará 25% deste montante em propaganda na Univision. A Coca-Cola também deve investir de US$ 8 milhões a US$ 10 milhões. Diversos anunciantes menores, como Sears e Roebuck & Co., compraram cotas entre US$ 4 milhões e US$ 5 milhões. Gordon Hodge, do banco Thomas Weisel Partners, acredita que a emissora pode embolsar cerca de US$ 50 milhões extras com a Copa.

Na população anglo-saxônica o clima não é de empolgação. A maioria não se interessa por futebol, e os índices de audiência para esse segmento na Copa de 98 foram medíocres. O torneio só vai passar em canais da Disney, como ABC e ESPN, porque a Liga Americana de Futebol comprou os direitos de exibição para divulgar a modalidade.

A FIFA firmou acordo com o Yahoo! para oferecer em seu sítio cobertura em vídeo da Copa do Mundo que começa no final do mês. É a primeira vez que os fãs de futebol terão esse recurso. Contudo, como a previsão é de que a audiência virtual do campeonato será enorme, não haverá transmissões ao vivo das partidas para que a TV, que pagou milhões pelos direitos, não seja prejudicada.

Os assinantes ? o acesso aos vídeos custará US$ 19,95 ? poderão assistir a clipes de quatro minutos narrados em seis idiomas com lances principais e entrevistas com jogadores das 64 partidas do Mundial. Eles estarão disponíveis na rede de duas a três horas depois do final de cada jogo.

Mas haverá gente disposta a pagar por algo que pode ser obtido de graça na televisão? "Eu acho que sim", diz o consultor de mídia Norbert Specker. "Haverá muito acesso de trabalhadores. No horário comercial, o meio de comunicação preferido é a internet." Como a Copa acontecerá na Coréia e no Japão, é possível que muita gente deixe de acordar de madrugada para assistir às transmissões ao vivo, para conferir o que houve de mais importante no trabalho, no dia seguinte. "Esta será a primeira ?Copa da internet?", anima-se Dean Jutilla, porta-voz do Yahoo!.

Como relata Kendra Mayfield, da Wired News [3/5/02], a preocupação de preservar as emissoras de TV na concorrência com a internet não é à toa. A alemã Kirchmedia, detentora dos direitos de transmissão da Copa, pediu falência há pouco tempo.