Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Folha de S. Paulo

NBC & VIVENDI

“GE e Vivendi assinam acordo de megafusão”, copyright Folha de S. Paulo, 9/10/03

“Depois de seis meses de negociações, o canal de TV americano NBC entra para o clube dos gigantes da mídia. A rede de TV -controlada pela gigante General Electric- e a Vivendi Universal anunciaram ontem a assinatura de um acordo definitivo para a fusão dos ativos da subsidiária americana da Vivendi na área de entretenimento com a NBC.

A GE deverá deter 80% da nova companhia, que se chamará NBC Universal. Os acionistas da Vivendi Universal Entertainment, a subsidiária que a NBC está comprando, ficarão com os 20% restantes. O presidente da NBC, Robert C. Wright, será o presidente da nova empresa.

A nova companhia terá um canal de televisão nacional importante (a própria NBC), os estúdios de televisão e cinema da Universal, 14 estações locais de TV, canais de TV a cabo, entre eles USA, CNBC e Bravo, além de participação em cinco parques temáticos.

Segundo as duas empresas, a NBC Universal terá um valor estimado em US$ 43 bilhões. O preço real que a GE está pagando, no entanto, é bem menor.

Pelos termos da transação, o grupo francês Vivendi vai receber cerca de US$ 3,8 bilhões em ações da GE. Desse total, os acionistas da Vivendi ficarão com US$ 3,3 bilhões. O restante irá para outros investidores da Vivendi Universal. Além disso, a General Electric vai assumir uma dívida de US$ 1,7 bilhão da Vivendi. Como acionista minoritária, a Vivendi Universal terá três cadeiras das 15 cadeiras no conselho da nova empresa.

Em uma videoconferência em Paris ontem, Jean-Rene Fourtou, presidente da Vivendi, disse que a fusão iria elevar os ganhos por ação e o fluxo de caixa da Vivendi em pelo menos 30% em 2004.

A Vivendi Universal está à venda por causa de dívidas pesadas, de mais de US$ 30 bilhões, que o seu controlador contraiu durante a febre de expansão dos negócios de mídia e internet há três anos.

A Vivendi francesa não tinha nada a ver com o ramo de entretenimento. Estava no negócio de tratamento de água. Na onda da diversificação, adquiriu, em 2000, por US$ 34 bilhões e de uma só vez, a Universal e a companhia de bebidas Seagram.

O acordo, que precisa ser aprovado por agentes reguladores europeus e americanos, só deve ser finalizado no ano que vem.

Entre os grandes

Com faturamento anual previsto de US$ 13 bilhões, a NBC Universal será pequena se comparada a gigantes como a Time Warner, que faturou no ano passado US$ 41 bilhões, ou a Walt Disney (US$ 25 bilhões em 2002).

Para a NBC, no entanto, a fusão dará algo há muito desejado: um golpe nos concorrentes, maior audiência e mais anunciantes.

Obter o controle dos negócios da Universal também significa um salto para Wright, o presidente da NBC, que foi responsável por criar ou adquirir vários novos negócios, como os canais a cabo CNBC e MSNBC, este em sociedade com a Microsoft.

Wright diz que o acordo encerra, por enquanto, os planos de expansão da rede. ?Não pensamos em fazer nada maior?, disse.”

 

EUA / REVISTA REVOLVE

“Revista une Novo Testamento e mundo pop”, copyright Folha de S. Paulo, 12/10/03

“Se o marketing é o motor do novo mundo, o cristianismo jovem nos Estados Unidos deve estar mais acelerado do que nunca. A editora evangélica norte-americana Thomas Nelson deu um passo definitivo no matrimônio entre a religião e a cultura pop ao lançar, há pouco mais de dois meses, ?Revolve? (rotação), uma versão do Novo Testamento editada nos moldes de uma revista de moda para atrair leitoras de 12 a 21 anos.

Depois de ter inspirado filmes, canções, revistas em quadrinhos e até musicais da Broadway, a Bíblia agora surge em um formato inovador, mas aparentemente paradoxal em relação ao legado antimaterialista de Jesus.

Foram anos de tentativas de conquistar o público-alvo da atualidade -aquele que mais consome e que está na mira das estratégias de vendas de grandes empresas (e de outras editoras religiosas também), o jovem-, até que a Thomas Nelson colocasse seu ousado formato para o Novo Testamento no topo da lista de ?os mais vendidos? do site ?Amazon.com?.

Foram 40 mil exemplares esgotados em oito semanas. O sucesso foi tamanho que a segunda edição de ?Revolve?, lançada na semana passada, atingiu a tiragem de 120 mil cópias.

Para Robert Hodgson, reitor do Nida Institute for Biblical Scholarship, um dos braços da American Bible Society, em Nova York, ?Revolve? acertou na mosca. ?Hoje em dia, o marketing é crucial, especialmente na esfera das publicações religiosas. A filosofia dominante no mundo pós-moderno prega a busca por nichos de mercado. E essa é a regra quando se busca um lugar na já acirrada competição pela atenção da juventude?, disse Hodgson à Folha.

Pedro Lima Vasconcellos, professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, avalia a publicação como ?parte de um processo histórico de absorção da cultura capitalista por parte da religião, apesar de os ensinamentos de Jesus irem contra a voracidade consumista?.

Adaptação

?Revolve? é uma revista de 388 páginas -cuja capa foi confiada à mesma empresa que cuida do visual dos CDs da banda U2- que trata de questões típicas de uma adolescente para arrematar jovens leitoras e futuras fiéis.

Trata-se de uma nova roupagem para o Novo Testamento. De acordo com uma pesquisa encomendada pela Thomas Nelson, as adolescentes americanas que se consideram cristãs simplesmente não lêem a Bíblia porque a consideram ?muito grande?, ?intimidadora? e ?sem sentido?. Por outro lado, se há algo que elas lêem, são as revistas de moda.

Adaptando-se ao cristianismo a velha máxima ?se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé?, a editora resolveu despertar adolescentes para o cristianismo utilizando a mídia que mais as interessa, colocando lado a lado as Escrituras e sessões de testes, de dicas de beleza e de perguntas e respostas inspiradas nos ensinamentos do texto sagrado.

?Revolve? está seguindo uma antiga tradição da igreja: combinar com a mídia e a tecnologia o texto bíblico e sua mensagem. Utiliza um meio de comunicação da cultura atual para passar os ensinamentos de Jesus?, defende Hodgson.

A técnica utilizada aqui para seduzir as jovens norte-americanas, no entanto, vai além da forma. ?Revolve? apresenta a Bíblia como um ?manual de sobrevivência? e descreve Jesus como um radical, que não tinha medo de nada e que desafiou a sociedade de sua época.

A revista lança mão, com frequência, de palavras como ?radical?, ?revolucionário?, ?desafio?, ?conflito? e ?virtual?, escolhidas para aproximar o conteúdo religioso da publicação do vocabulário jovem.

De olho na audiência, além da íntegra do texto do Novo Testamento, a cada página ?Revolve? traz mimos próprios das revistas de adolescentes, em balões coloridos, ao lado de fotos produzidas e de ilustrações pop.

Há dicas de ?como atingir sua formidável beleza interior?, testes para a leitora confirmar se ?é uma boa filha? ou se ?está namorando um garoto devoto?, e calendários mensais nos quais as datas de aniversário de personalidades jovens -como o cantor Justin Timberlake (ex-namorado de Britney Spears)- vêm acompanhadas da sugestão de que se faça uma oração em homenagem à celebridade que apaga velinhas naquele dia.

?É uma publicação que acompanha o cotidiano das jovens norte-americanas, que vivem nos shoppings, nos fast foods e nas lojas de jogos eletrônicos. Essas adolescentes não vão a livrarias nem a igrejas, e ?Revolve? reconhece isso. É um instrumento que adiciona valores às experiências e às crenças das jovens?, avalia o reitor.

Em uma reportagem sobre a revista, publicada no ?Detroit Free Press?, uma adolescente revelou que, com ?Revolve?, pode ?ler a Bíblia até mesmo no recreio da escola sem parecer ridícula aos olhos do resto da turma?, o que certamente aconteceria se andasse por aí segurando uma versão antiquada, de capa de couro preta. Outros adolescentes, no entanto, podem encarar ?Revolve? com certa desconfiança.

Entre várias observações favoráveis à publicação, muitos leitores criticam o conteúdo de ?Revolve? em comentários deixados no site ?Amazon.com?.

?Pobres fundamentalistas?, escreveu um deles, ?sempre 20 anos atrasados em relação à cultura de seu tempo e, mesmo assim, sempre trabalhando duro para parecerem atuais?.

Outra leitora diz achar ?triste que pessoas gastem dinheiro com ótimas técnicas de lavagem cerebral como esta, cujo editorial equivale ao início de um culto religioso?. ?Existe algo mais vil do que isso??, questiona.

Moral cristã

?Revolve? é hábil ao transpor passagens da Bíblia para exemplos da vida prática, estimulando atitudes de compaixão, de honestidade, de gentileza, de respeito e de sobriedade, além de aconselhar hábitos modestos e saudáveis. Muitas dicas, no entanto, maquiam conservadorismo com leveza, inocência e recursos gráficos.

Apesar do invólucro modernóide, a revista, como era de esperar, está repleta de moralismos, especialmente quando trata de sexo, namoro e homossexualidade -apontado como um comportamento ?claramente pecador?.

Obediência aos pais e proibição do sexo antes do casamento são encaradas como atitudes positivas e apresentadas de forma dogmática. Outras sugestões enfáticas dizem respeito ao modo como as garotas devem se vestir -que, segundo a revista, deve ser modesto- e a seus relacionamentos com os meninos. ?Deus fez os garotos para serem líderes. Isso significa que eles devem liderar os namoros. São eles que devem dizer que gostam de vocês primeiro, e não o contrário?, aponta uma passagem.

Para Hodgson, apresentar valores mais conservadores em relação à mulher para as adolescentes do mundo pós-feminismo é positivo.

?As garotas menos conservadoras vão tratar essas mensagens como representativas de um sistema de valores que seus pais e avós honraram, e isso pode ser usado de maneira criativa e construtiva na abertura de um espaço de diálogo entre gerações. Já as garotas que cresceram com esses valores e que os adotam no seu cotidiano vão se sentir mais confortáveis com seu estilo de vida.?

Se ?Revolve? realmente levar as adolescentes americanas a seguir suas dicas e sugestões à risca, uma das mais célebres frases da escritora e atriz Mae West pode tornar-se tão atual como nunca: ?Garotas boas vão para o céu; as outras vão a todos os lugares?.”

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“Publicação segue a trilha do conservadorismo de Bush”, copyright Folha de S. Paulo, 12/10/03

“O sucesso da revista ?Revolve? é um sinal do alcance da bandeira do ?conservadorismo com compaixão? do governo de George W. Bush, segundo alguns críticos.

A sintonia entre as campanhas de Bush e o conteúdo de ?Revolve? não param por aí. Além do Novo Testamento, a publicação contém dicas baseadas em princípios bíblicos. Algumas delas, no entanto, encontram forte amparo nos discursos do presidente dos EUA, como no caso da campanha do governo pelo celibato da juventude contra a Aids.

Leia, a seguir, trechos da entrevista concedida à Folha por Laurie Whaley, 28, uma das editoras de ?Revolve?.

Folha – Como surgiu a idéia de fazer uma Bíblia nos moldes de uma revista de moda?

Laurie Whaley – A editora Thomas Nelson tem feito Bíblias por mais de dois séculos. Há dois anos, iniciamos uma pesquisa sobre adolescentes. Perguntamos a garotas com que frequência liam a Bíblia, e a resposta que obtivemos foi que elas não a lêem. Na opinião delas, a Bíblia é ?muito grande?, ?intimidadora? e ?não faz sentido?. Algumas garotas a classificaram até mesmo como ?esquisita e bizarra?. Quando perguntamos a elas o que efetivamente liam, a reposta foi ?revistas?. Foi aí que surgiu a idéia: por que não levar a mensagem da Bíblia, seu texto original, para o formato de uma revista?

Folha – Então o texto que está em ?Revolve? não é adaptado?

Whaley – Não. É o mesmo texto das Bíblias de capa de couro preto. É o Novo Testamento.

Folha – Além do texto bíblico, ?Revolve? traz uma série de dicas para questões da adolescência. Como a publicação lida com temas como sexo e namoro?

Whaley – Nós encorajamos as garotas a esperar até seu casamento para fazer sexo, o que é um princípio bíblico e é também uma tendência bastante em voga hoje entre adolescentes americanas. Sobre namoro, somos bastante neutros. Encorajamos as meninas a não levarem seus namoros tão a sério porque provavelmente aquela relação não durará para sempre. Nós recomendamos a elas que deixem que os garotos tomem as iniciativas.

Folha – Então vocês acham que garotas não devem tomar iniciativa em relação a algo que querem?

Whaley – Para ser sincera, a razão para isso é que avaliamos que a maioria de nossas leitoras tenham entre 12 e 15 anos. Elas são muito jovens, ainda estão em formação. Queremos recomendar a elas que desenvolvam hábitos que não afetem sua reputação. Não queremos que elas sejam apontadas como assanhadas ou atiradas. É uma maneira de protegê-las.

Folha – ?Revolve? também prega que as garotas se vistam com modéstia, mas traz fotos de meninas que não estão vestidas exatamente desta maneira. Por quê?

Whaley – Acho que esse conceito de modéstia é muito subjetivo e variável. Mas eu posso dizer que há um bom número de imagens que foram trocadas na segunda edição de ?Revolve? para combater as críticas nessa área. Não estamos pedindo a elas que se vistam como freiras, mas que respeitem a si mesmas. Todas as dicas giram em torno de obediência aos pais, que é um princípio bíblico, e de busca da beleza interior.

Folha – Você julga apropriado o formato de uma revista de moda para o Novo Testamento?

Whaley – Nós pegamos a mensagem da Bíblia e a colocamos numa mídia à qual as adolescentes estão mais acostumadas. O Novo Testamento fala da vida de Jesus, que foi alguém que procurou diferentes grupos, que foi aos lugares onde os homens de diferentes culturas estavam e que fez todo o esforço possível para se comunicar com eles. E isso não coloca limites às formas como comunicamos sua mensagem hoje.

Folha – Não é um paradoxo imprimir a mensagem de Jesus, que prega o desapego e o antimaterialismo, em um formato que propõe justamente o contrário?

Whaley – Acho que não. Entendo que as pessoas possam achar isso, mas isso é devido a uma falha no conhecimento da história da Bíblia. Para começar, nem sempre a Bíblia teve o formato de um livro de capa de couro preto com letras minúsculas. A Palavra original era falada. Depois ela foi transposta para manuscritos. E, na passagem do século 14 para o século 15, a Bíblia passou a ser efetivamente impressa. Se ?Revolve? representa uma revolução na forma como a Bíblia é apresentada, é natural que ela seja controversa.

Folha – Quais publicações você considera como concorrentes?

Whaley – Todas as que capturam a atenção de uma adolescente podem ser consideradas como concorrente: a MTV, as revistas, os livros ou mesmo outras Bíblias.

Folha – Haverá uma versão de ?Revolve? para garotos?

Whaley – Sim. Ela está programada para meados de 2004.”

 

FRANÇA

“Contra a propaganda”, copyright Aol Notícias (www.aol.com.br), 7/10/03

“A Assembléia Nacional da França irá decidir, nesta semana, se autoriza ou não os órgãos de imprensa, as editoras de livros e as cadeias de lojas e supermercado a fazerem propaganda na televisão. Atualmente, essas empresas são proibidas de usarem a TV para fazer publicidade, pois, como só os grandes grupos econômicos têm capital suficiente para bancar a propaganda, os pequenos são prejudicados.

O governo francês enviará nesta semana à Assembléia Nacional um decreto autorizando que os órgãos de imprensa, as editoras de livros e as cadeias de lojas e supermercado façam propaganda na televisão. Se a mudança for mesmo feita, haverá uma pequena revolução. Uma revolução regressiva.

A França é o único país europeu em que a imprensa, as editoras, as lojas e os supermercados são proibidos de fazer publicidade na televisão. Desde a criação da máquina de fazer doido (apud Sergio Porto, o Stanislau Ponte Preta), nos anos cinqüenta, tanto os governos de direita como de esquerda sempre entenderam que a publicidade em grande escala prejudica os pequenos jornais, revistas, editoras e comerciantes.

Para nós, brasileiros, a proibição soa esquisita. Mas o seu fundamento é cartesiano. Como só os grandes grupos econômicos tem capital o suficiente para bancar a propaganda de seus produtos na televisão, as pequenas empresas são prejudicadas, sejam ela da imprensa, da edição ou do comércio.

Com a publicidade televisiva, a tendência dos grandes grupos é venderem cada vez mais, tornando-se ainda maiores. A interdição, pois, visa proteger e estimular a pluralidade do comércio, da imprensa e da edição.

Há um outro raciocínio embutido na proibição, no que diz respeito a jornais, revistas e editoras de livros. A abertura da publicidade na televisão levaria as empresas a destinarem uma parte de suas verbas à propaganda. Verbas que, em tese, poderiam ser usadas na melhoria das publicações. O dinheiro destinado, por exemplo, à contratação de repórteres e editores, acabaria consumido em campanhas de publicidade.

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No caso do comércio, há um aspecto social poderoso. Uma das graças de Paris é a variedade e a individualidade do varejo. Há padarias, quitandas, açougues, livrarias, armarinhos, papelarias, mercados, lojas de chocolate e doces, de sapatos e roupas, de vinhos e perfumes. Todas são pequenas e, no mais das vezes, familiares. Muitas delas oferecem só mercadorias regionais, de pequenos produtores.

Os consumidores, por sua vez, elegem as lojas de sua preferência e as freqüentam sempre. Conhecem os donos, conversam, trocam impressões. Nada disso costuma acontecer na fila da um grande supermercado, onde a impessoalidade é a regra.

É toda uma trama social que se forma em torno das pequenas lojas, que sustentam famílias e fortalecem os laços entre os moradores nos bairros, além de darem colorido à paisagem parisiense. Em Paris, sempre com o intuito de preservar o pequeno comércio, é proibida a instalação de supermercados. As cadeias de lojas também sofrem restrições. Elas são particularmente rigorosas no caso das locadoras de vídeos e DVDs. A intenção adicional é incentivar a ida dos parisienses ao cinema.

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Desde 2002, contudo, a Comissão Econômica Européia pressiona a França a mudar a legislação, para que ela se alinhe com os outros países da União. A alegação é que a proibição da propaganda de cadeias de varejo, órgãos de imprensa e editoras restringe o livre comércio.

Segundo o decreto do governo, a partir de primeiro de janeiro do próximo ano os órgãos de imprensa poderão anunciar nas cadeias de televisão. Já as editoras só poderão fazer propaganda nas estações de TV a cabo ou satélite. E apenas em 2007 as cadeias de lojas e supermercado terão acesso à TV, e tão-somente nos canais por assinatura.

Mas continuará a vigorar a proibição de anúncios de filmes na televisão. O impedimento, nesse caso, tem uma preocupação cultural, além da econômica. Como só as companhias americanas têm condições de anunciar a rodo na televisão, fazendo publicidade incessante do lixo hollywoodiano, elas tenderiam a monopolizar as bilheterias.

Não é certo que o decreto vá adiante. A oposição já começou. Órgãos da grande imprensa, como a revista ?Nouvel Observateur? e o jornal ?Le Monde?, escreveram uma carta ao primeiro ministro Jean-Pierre Raffarin protestando contra a abertura da televisão.

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Não é só. Há grupos que se mobilizam e atacam a publicidade onde é possível. Eles agem nas ruas e estações de metrô. São grupos variados. Uns, feministas, se dedicam exclusivamente a pichar os cartazes que mostram mulheres nuas ou em poses lascivas. E há outros que simplesmente não querem publicidade e pregam a sua proibição total. Estranho, não? Mas simpatizo com eles.”