Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Folha de S. Paulo

FALSOS JORNALISTAS

“Grupo usa jaquetas de jornalistas para atirar em militares dos EUA”, copyright Folha de S. Paulo, 03/01/04

“Cinco iraquianos com jaquetas que traziam a inscrição ?press? (imprensa, em inglês) dispararam ontem contra um grupo de soldados norte-americanos que montava guarda em torno dos destroços de um helicóptero militar derrubado pouco antes.

É a primeira vez que membros da resistência à ocupação norte-americana no Iraque se disfarçam de jornalistas para melhor se aproximar de seus alvos, disse o general Mark Kimmitt, do comando militar dos Estados Unidos na região.

O helicóptero, modelo OH-58 Kiowa Warrior, foi abatido por um míssil. O piloto morreu. O segundo tripulante ficou ferido.

O incidente ocorreu nas imediações de Falluja, cidade sunita a oeste de Bagdá. Pára-quedistas foram mobilizados para socorrer o ferido e proteger os destroços que seriam analisados em inquérito.

Foi quando os resistentes com jaquetas de jornalistas se aproximaram dentro de um Mercedes azul escuro. Desceram rapidamente do carro e passaram a metralhar os pára-quedistas.

Nenhum deles foi ferido. Minutos depois, o Mercedes era localizado numa aldeia das imediações, o que provocou a prisão de quatro iraquianos suspeitos de apoio logístico à operação.

Segundo a Reuters, o OH-58 foi o sétimo helicóptero americano derrubado no Iraque desde que, em maio, o presidente George W. Bush anunciou o fim dos combates naquele país. No mais grave incidente do gênero, a 2 de novembro, a derrubada de um aparelho Chinook matou 16 americanos e feriu 21.

Em outros incidentes, o comando norte-americano disse ter ontem encontrado explosivos e armas num depósito camuflado dentro de uma mesquita de Bagdá. Cerca de 30 suspeitos foram presos na operação, entre eles estrangeiros de nacionalidade que os EUA não chegaram a revelar.

A mesquita, chamada Ibn Taymiyyah, foi invadida de madrugada. A violação do local provocou ontem manifestações de protesto.

Nas imediações de Kirkuk, um árabe foi morto por um curdo em meio a tensões étnicas que aumentam na região. Um ex-dirigente do Baath, partido do ex-ditador Saddam Hussein, foi assassinado na cidade.”

 

JORNALISTAS MORTOS

“Jornalistas mortos em 2003 foram 36”, copyright Folha de S. Paulo, 03/01/04

“O Comitê de Proteção aos Jornalistas, com sede em Nova York, informou ontem que 36 jornalistas morreram como resultado direto de seu trabalho em 2003. Em 2002, haviam sido 19 as vítimas.

Dos casos do ano passado, 13 ocorreram na Guerra do Iraque -não contam os seis que morreram de doenças ou em acidentes de trânsito. O total é o maior em um único país desde que 24 jornalistas foram mortos durante confronto civil na Argélia em 1995.”

“O Óbito: Morreu Eduardo Guerra Carneiro”, copyright Público (www.publico.pt), 03/01/04

“O jornalista e poeta Eduardo Guerra Carneiro suicidou-se na madrugada de ontem em Lisboa. Nascido em 1942, Guerra Carneiro trabalhou em diversas publicações, caso dos jornais ?O Primeiro de Janeiro?, ?República?, ?O Século?, ?Diário Popular?, ?Europeu? e ?TV Guia?. Foi autor de dois livros de crónicas ? ?O revólver do repórter? e ?Outras fitas?. No poesia começou por editar ?O perfil da estátua?, em 1961, tendo publicado cerca de uma dezena de títulos. O último, ?A noiva das Astúrias?, saiu em 2001.

O título de uma das suas obras mais marcantes, ?Isto anda tudo ligado?, de 1970, tornou-se expressão comum, usada nos mais distintos contextos. Foi aí que escreveu: […] Entrego-me receptivo à espera das notícias. Rápidas e maduras escorregam-me das mãos e às tantas, com medo que se quebrem, os meus joelhos unem-se e as amparo. Grávido pareço. Presunção? Talvez não. De água benta nem sei. Apenas águas das cheias em telex. Ah, prosa, prosa! Danada me saíste por essas linhas fora. Não sei que te fazer para sacudir de ti tanto lirismo que em ganga se move entre os linguados […]”

 

FICHAMENTO DE AMERICANOS

“Medida repercute no exterior”, copyright Folha de S. Paulo, 02/01/04

“A decisão de fotografar e tirar impressões digitais de turistas norte-americanos no momento de entrada no Brasil já repercute na imprensa internacional.

A agência de notícias Reuters colocou ontem em destaque a figura do juiz Julier Sebastião da Silva, que teria ficado ?furioso com o plano norte-americano de fotografar e tirar as impressões digitais de milhões de visitantes?. Segundo a agência, o juiz teria comparado a medida norte-americana aos ?horrores nazistas?.

A versão online do jornal britânico ?Financial Times? trouxe a decisão do juiz como uma das principais manchetes de ontem.

Na reportagem, o jornal afirma que a retaliação do Brasil à medida norte-americana ?põe em evidência a relação cada vez mais tensa? entre os dois países desde que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a Presidência. ?O presidente Lula tem irritado Washington com visitas controversas a países como Cuba, Líbia e Síria?, analisa o ?Financial Times?.

A agência de notícias Associated Press (AP), dos EUA, deu destaque ao fato de a Polícia Federal ter sido ?pega de surpresa? pela medida.

Segundo a AP, no aeroporto Antônio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro, um agente disse que o sistema não estava preparado para tirar as impressões digitais de todos os cidadãos americanos que entrassem na cidade.

De acordo com a agência, no aeroporto de Cumbica, os americanos ficaram a princípio irritados com os procedimentos, mas se acalmaram ao saber que, nos EUA, os brasileiros recebem o mesmo tratamento.

A AP afirmou também que, embora as decisões de juízes federais no Brasil tenham força nacional, elas ?geralmente são anuladas?.

A CNN e a BBC (redes de TV americana e britânica) e o site do jornal ?Washington Post?, dos EUA, também abordaram o assunto durante todo o dia.”