Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Folha de S. Paulo / Painel do Leitor

COBERTURA DE GUERRA

“Antiamericanismo”, copyright Folha de S. Paulo, 16/04/03

“?Nessa onda antiamericana da mídia, Elio Gaspari e Nelson Ascher, colunistas dessa Folha, tentam mostrar um lado diferente da história, com a prudência e o equilíbrio necessários. Por isso respeitam a inteligência do leitor. Tomara que convençam os incautos.? Evandro Pelarin (Fernandópolis, SP)

?Repugnante a mensagem do senhor Ivan Rojas (?Painel do Leitor?, 15/4). A Folha tem, em muitas oportunidades, transcrito textos de articulistas de jornais como ?Washington Post? e ?The New York Times? (quase sempre a favor dos EUA), além da ótima cobertura da guerra no Iraque feita por Sérgio Dávila e Juca Varella (que não poderiam mostrar a invasão de outra forma). Acredito que o citado leitor não esteja lendo com a devida atenção o caderno diário Mundo. O senhor Ivan Rojas precisa ser informado de que houve, em virtude das ações dos americanos, a implosão moral da ONU, o que torna a guerra ilegítima. Além disso, o famoso antraz era produto dos próprios americanos em 2001, o que faz os EUA poderosos em armas químicas.? Renato Baladore (Itapeva, SP)”

“Primeiro jornal a circular em Bagdá no pós-guerra é comunista”, copyright Último Segundo / Reuters (www.ultimosegundo.com.br), 20/04/03

“Essa não seria a primeira escolha de Washington, mas foi o que aconteceu: o Partido Comunista iraquiano, proscrito durante anos, ganhou no domingo a corrida para publicar o primeiro jornal em Bagdá desde a queda de Saddam Hussein.

O jornal de oito páginas ?Caminho do Povo? foi entregue de graça e agarrado ansiosamente por transeuntes ansiosos por notícias de qualquer espécie, desde que a invasão americana erradicou a mídia estatal.

?Queda de um ditador?, dizia a manchete da primeira página, publicada debaixo do emblema do martelo e foice e seguida por um artigo criticando os abusos do ?reino terrorista e sangrento de Saddam?.

?Com a queda do ditador, todos os anseios da imensa maioria do povo iraquiano se realizaram?, disse o jornal em legenda que cerca a foto de uma criança vítima da guerra, com a cabeça enfaixada e uma lágrima escorrendo pelo rosto.

Quando as forças americanas entraram em Bagdá, 11 dias atrás, pondo fim ao governo de Saddam e derrubando uma estátua grande dele, elas criaram um vazio de informação e autoridade. A população ficou praticamente sem eletricidade, sem jornais, sem televisão e sem instâncias oficiais às quais recorrer.

Outros setores já procuram preencher esse vazio. Líderes religiosos influentes criaram serviços para a comunidade, mas o Partido Comunista foi o primeiro a publicar um jornal.

No centro de Bagdá, os iraquianos pararam para ler o jornal, espantados por ver Saddam sendo criticado por escrito. ?O jornal fala de Saddam e como ele prejudicou nosso país?, disse Khudair, de 27 anos. ?É claro que já sabíamos disso, mas nunca antes o vimos escrito num jornal?.

Não ficou claro onde o jornal foi impresso, mas ele fez vários elogios a líderes curdos do norte do Iraque, que ficou fora do controle de Saddam por uma década e onde operavam pequenas células do Partido Comunista.

Durante os 24 anos de governo de Saddam, as bancas iraquianas vendiam apenas jornais aprovados pelo Estado. O jornal de maior circulação era o Babel, pertencente a Uday, o filho mais velho de Saddam, e o Thawra era o porta-voz oficial do Partido Baath.

Esses dois jornais foram o último vestígio do governo de Saddam. A última edição do Babel, que chegou às ruas na manhã de 9 de abril, quando os tanques americanos entraram em Bagdá, trazia em sua primeira página um editorial dizendo ?o grande Iraque vai resistir com firmeza?.”