Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Folha vs O.I.

Edição de Marinilda Carvalho

Amigos, o destaque deste Caderno do Leitor é o episódio Folha vs OBSERVATÓRIO. Alguns leitores manifestam contrariedade pelo espaço que estamos dando ao assunto. Devo perguntar a estes leitores: se publicamos todas as cartas que recebemos sobre todos os temas, até os mais irrelevantes, por que deveríamos jogar fora as que tratam deste caso??? Respostas para esta seção. :-)))

A carta do nosso Observador José Rosa Filho ? o “profissão leitor” ? é especialíssima: cita livro de Bernardo Kucinski, no qual são expostas as vísceras da Folha de S.Paulo.

Outra carta que chama a atenção é a de Everton Constant, editor-chefe do 60 Minutos, da Cultura. Ele mostra justo inconformismo com a ostensiva indiferença de que seu bem cuidado noticiário é alvo entre os críticos de TV.

Boa leitura!

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Clique sobre o trecho sublinhado para ler a íntegra da mensagem

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Parece oportuno, para que se possa melhor entender o jornalismo da Folha dos nossos dias e de seu diretor de Redação, tomar conhecimento de algumas passagens do livro de Bernardo Kucinski A síndrome da antena parabólica ? Ética no jornalismo brasileiro. O pobre e inocente leitor não sabe que, enquanto dorme sonhando com seu jornal de cada dia, existe um gênio do mal manipulando sua consciência. José Rosa Filho

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Nos meus 60 anos, adquiri o direito de usufruir do que me faz feliz, e os jornais não estão cumprindo esse propósito. Nilza Amaral

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Estou torcendo para que o Cony, o Janio de Freitas, o Luís Nassif, o José Simão e o Angeli saiam da FSP o mais rapidamente possível, pois, assim que isso acontecer, jamais lerei uma manchete sequer desse pasquim com mania de grandeza. Marcelo Carota

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Até “ontem”, a Folha S.Paulo era um jornal que me passava a imagem de uma imprensa feita com imparcialidade, com jornalismo investigativo etc. Porém, quando o Grupo Folha consorciou-se a uma famosa e encrencada empreiteira para participar de processos de privatização, despertei para o fato de que passaria a dirigir reportagens-denúncias a alvos que não lhe fossem inconvenientes.

Pergunto: o que ler neste país? A desconfiança sobre jornais e revistas de grande circulação é generalizada. O que será do nosso país com formadores de opinião tão venais? Acho que só nos resta o nosso Observatório da Imprensa. Ainda bem.

Jânio Alcântara, Fortaleza

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Prezada editora da seção de cartas, estou escrevendo para que, quem sabe, me esclareça algumas dúvidas: 1) Todas as cartas que vocês receberam apoiaram Alberto Dines? Nem um só fã, funcionário, amigo, vizinho, parente ou mero defensor das posições de Otavio Frias Filho se manifestou? É só curiosidade, não desconfiança quanto a essa unanimidade.

2) No artigo que, segundo o OBSERVATÓRIO, teria servido de pretexto para a demissão de Alberto Dines da FSP, o colunista não afirma que Notícias Populares e Folha da Tarde iriam se juntar ao Agora? Bem, não foi isso que pude perceber ao chegar às bancas. Tem lá o Agora e, se você correr bem de manhãzinha, ainda encontra algum NP. O Notícias Populares é vendido rapidinho, o que talvez coloque em dúvida a afirmação de um missivista de que os jornais populares da Folha são um fracasso. Não se pode colocar todos na mesma “panela”, com o perdão do trocadilho referente à campanha infeliz de copa e cozinha do Agora.

Sinceramente, não estou aqui para defender Otavio e a Folha, pois acho que eles já têm aporte suficiente para se defenderem sozinhos. Igualmente Dines, grande jornalista que é e foi. Isso é guerra de gigantes que, certamente, podem travar tal batalha. Eu ainda estou batalhando pelo pão de amanhã. Como milhões de brasileiros.

Mas devo discordar, com humildade, da afirmação do colunista de que um bom jornal não deva tomar posições ou defender técnicas (no caso da centralização do câmbio). É melhor o jornal esclarecer ao leitor o que pensa, logo na primeira página e na forma de editorial, do que passar o tempo destilando suas opiniões dentro das matérias. Se a posição é defensável? Essa é uma outra história. Mas também não é Dines que sempre toma posições, nos ensinando a pagar por elas, seja qual for o preço?

De qualquer forma é saudável o debate, quando não beira agressões verbais, como temos notado. Um abraço,

Tatiana Farah

Alberto Dines responde: Tatiana, um de nossos compromissos é a publicação de todas as manifestações que nos chegam, desde que tratem da imprensa e não contenham injúrias. Abrimos exceção para Otavio Frias Filho para mostrar que este OBSERVATÓRIO, ao contrário da Folha, nada tem a esconder. Concordamos com você que o clima de agressões pessoais desvia o debate das questões fulcrais. Sugiro apenas que verifique quem o começou. A.D.

Nota do O.I.: Prezada Tatiana, você fez bem em não desconfiar! Todas as cartas que recebemos sobre o assunto foram publicadas ? e não nos culpe por serem todas de apoio. Aliás, todas não: havia uma condenando o destaque que o O.I. vem dando ao assunto, do leitor Rogério Tucherman. Nesta edição, entretanto, você vai ficar feliz: parece que os críticos acordaram! Um abraço, M.C.

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Quando entram em campo vaidade pessoal & interesses econômicos, a razão sai de cena. Neste episódio está claro: 1?) a Folha é um jornal-empresa (expressão do Hélio Fernandes, da Tribuna da Imprensa) como os outros. Existe em função do dinheiro e não da verdade e da caridade. Aliás, estas também são relativas. A empresa Folha tem pagar o papel que usa, para não falar dos recursos humanos. Que história é essa de que só jornalista não pode ser demitido? É só perguntar aos quase dez milhões de desempregados, por esse Brasil afora, qual foi o motivo dado para terem sido postos no olho da rua.

2?) Alberto Dines, como a unanimidade de Nelson Rodrigues, também está defendendo seus interesses: a vaidade de poder ser chamado de Amigo do Rei. Toda verdade é dita pelo Dines, desde que não desvenda a verdadeira face do Imperador FHC, a quem parece estar a soldo. Assim, como a Folha, Dines também tem seus interesses. Sempre existiu cooptação da intelligenzia e sempre existirá. Sem esta relação promíscua, possivelmente não teríamos Capela Sistina, nem Galeria degli Uffizi. E viva a Batalha de Itararé!

Gilmar Antonio Crestani

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Gente, que baixaria! Será que seria necessário este vexame entre um dos melhores jornalistas e “metajornalistas” do país e o “dono” do maior jornal, a Folha? Que feio! Pareceu briga de vizinhas magoadas. Para o Sr. Alberto Dines, que há poucas edições disse estar em crise o jornalismo, devido em boa parte aos jovens que compõem as redações, este foi um bom exemplo de que a crise é geral e pessoal. Aonde chegou o sr. Otavio? E o sr. Dines, que se dispôs a replicá-lo? Só o que falta é a abertura de uma CPI, ou melhor, uma CJI, para descobrir quem é o culpado, quem está certo. Mas depois de tudo isto, será que nos interessa? Pois já sabemos com quem estamos tratando e quem está tratando o nosso jornalismo. Sinto muito,

Israel de Castro

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Como jornalista e ex-aluno de Alberto Dines, não me surpreendeu o episódio da Folha de S.Paulo. Nunca tive opinião otimista frente à nossa realidade. Não me seduz o brilho e a lantejoula de nossa mídia ? embora o trabalho do jornalista seja fundamental para a democracia. Mas, como trabalhar de cabeça erguida com esses salários pífios, pelos quais nos matamos para manter? Nelson Niero

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Quem leu o Novo Manual da Redação (a minha é a edição de 1992) espantou-se com o ocorrido com mestre Alberto Dines. Mas quem se deu ao trabalho de uma leitura mais atenta, na página 13 encontra a essência do pensamento Folha, que de resto é a essência do pensamento de toda a Imprensa-Empresa. No quarto parágrafo, está escrito: “A Folha considera notícias e idéias como mercadorias a serem tratadas com rigor técnico.”

Luiz Nova

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A Folha é isto mesmo que o O.I. descreve. Tomem o exemplo de duas reportagens: a primeira informando sobre os 11 parentes de ACM no governo baiano, o que não é novidade para os baianos; a segunda, para se redimir ou por pressão dos poderosos que a Folha tanto condena, mas afaga nos bastidores, uma entrevista com o neto de ACM, o ACM Neto. É brincadeira.

Marcos Grisi, 25 anos, advogado em Salvador

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Esperei até domingo, dia 11, por algum comentário da ombudsman da Folha sobre a demissão do Dines, mas nada encontrei. Só não cancelo minha assinatura da FSP porque acho que ler um só jornal é pior que não ler nenhum. Tenho acompanhado o OBSERVATÓRIO, inclusive pela TV, e concordo plenamente com os artigos sobre os colunistas “chatos da Folha“. Estão de amargar!!! E percebemos claramente com quem cada um deles tem o rabo preso.

Regina Sartori

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Volto a apresentar minha solidariedade ao Dines. Acho que o imbroglio com a Folha já está tão agressivamente pessoal que deveria ir logo para os tribunais. Parece-me que o suco de debate deste assunto já foi todo espremido. As cartas que acompanham a última edição do OBSERVATÓRIO na Internet não deixam muita dúvida quanto a quem ganhou e quem perdeu com o episódio, ao menos do ponto de vista dos leitores.

Andreas Adriano, repórter da revista América Economia

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Analisando os fatos que vêm sendo trazidos a público nas últimas semanas, fica evidente a falta de senso demonstrada neste veículo. É incompreensível que dois respeitados jornalistas tragam à tona acusações cuja veracidade jamais nós, simples mortais, poderemos realmente avaliar. Refiro-me à rusga recente entre Otavio Frias Filho e Alberto Dines.

Qual o motivo para tamanha virulência se tornar tão notória? Haja vista que os motivos reais são desconhecidos pela maioria, torna-se maçante e embaraçoso ler tantas agressões (e tão contundentes), de maneira aparentemente gratuita (quase transformando o respeitado Observatório da Imprensa em um Observatório do Ratinho).

Sei que tenho livre arbítrio para ler ou não, porém tamanho descalabro não deixa de ser quase uma ofensa ao leitor mais desavisado.

Everton Cazzo

Nota do O.I.: Caro Everton, a carta do Otavio Frias Filho foi publicada porque nos foi enviada. Publicamos todas as cartas. E, como editor do OBSERVATÓRIO, Dines tem o direito de responder às acusações do Frias. Ou você acha que ele não tem esse direito? Você acredita nele se quiser, mas contestar o direito que ele tem de se defender no espaço que ele edita é um pouco demais, você não concorda? Um abraço, M. C.

A famosa expressão “humaritarian tragedy”, utilizada pelos jornalistas americanos e, como vocês disseram, empregada erroneamente pelos correspondentes brasileiros no exterior como “tragédia humanitária”, é um verdadeiro primor de ignorância. Tragédia existe, mas humanitária? Nunca ouvi/vi tamanha bobagem!! Estão mesmo matando a língua portuguesa!! Estes trocadilhos usados pelos jornalistas brasileiros não são de hoje. Tanto usam expressões estrangeiras e adaptam-nas à nossa língua sem nenhum critério como também fazem uso de palavras da própria língua, impróprias para o uso que querem dar a elas.

Um exemplo? Que negócio é esse de trocar o “por causa disso ou daquilo” por “por conta”? Quem está pagando a conta de quem? “Por conta do acidente, o jogador ficou impossibilitado…” Por conta da chuva, o jogo ficou paralisado…”

Que conta da chuva? Desde quando a chuva paga conta? Os jornalistas devem fazer cursos de reciclagem em português. Inclusive o Sindicato dos Jornalistas, para aqueles que são filiados, costuma promover vários. Vamos estudar mais, colegas!!

Abraços a todos vocês que fazem com que nós, jornalistas, sejamos um pouco mais críticos em nossa leitura diária.

Eliana de Souza Lima, Campinas, SP

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Acredito que o jornalista Alberto Dines tenha cometido um pequeno equívoco ao criticar o uso da expressão “tragédia humanitária” durante as transmissões da guerra que acontece em Kosovo. Uma vez que os americanos tratam a participação de suas Forças Armadas no conflito como uma espécie de “missão humanitária”, é perfeitamente compreensível que alguns redatores decidissem utilizar a expressão de forma a aproveitar exatamente o paradoxo que ela evoca: uma tragédia provocada por uma ação que se pretendia “humanitária”.

Parabéns pelo sucesso do site, que está cada vez melhor!

Fábio Borges de Abreu, Niterói, estudante de Jornalismo/Uerj

Merece uma análise do Dines: o mundo testemunha um intenso conflito militar na Europa, com sérias ramificações diplomáticas e políticas, enquanto um dos mais importantes jornais do país ? O Globo ? oferece aos leitores três colunistas de culinária e nenhum que trate regularmente de temas internacionais. Que prioridade é essa?

Zelia Pimentel, Rio

Alberto Dines responde: A publicação da coluna do Sílio Boccanera em O Globo foi interrompida. Ele tem cerca de 20 anos de experiência internacional. Foi por isso que nós o entrevistamos no programa de 13/4. E ele disse coisas atrozes. Apareça sempre. A.D.

Acho extremamente interessante o canal que a Internet abre para a informação circular, sem censura. No caso da guerra de Kosovo, criou-se uma “imprensa alternativa”, fruto coletivo de informações que circulam por e-mail e via web, direto da fonte. São “notícias” que complementam e às vezes se contrapõem à cobertura da imprensa “oficial”. Fascinante, revolucionário. Isso é jornalismo? Não? O que é, então?

Alguns sites para consulta, divulgados por Lázaro Freire, engenheiro de software (webmaster@merchant.com.br):

www.inet.co.yu/ (notícias atualizadas constantemente);

209.68.17.217/nato/tornik/index.html (fotos do ataque a um centro esportivo isolado nas montanhas, bem longe de Kosovo e de alvos militares ou governamentais; imagens no final da HP);

209.68.17.217/nato/alexinac.htm (fotos do ataque a um conjunto civil residencial em vila de mineiros e trabalhadores humildes, bem longe de Kosovo e de qualquer alvo militar);

www.aim.ac.yu/pictures/prik_pic.asp?id=3 (fotos do antes-e-depois de duas das três pontes de Novi Sad, pacata e próspera cidade estudantil no extremo oeste da Iugoslávia, às margens do Danúbio, muito, muito, muito longe de Kosovo e mesmo de Belgrado, e que a CNN apresentou ao mundo como “a segunda maior cidade de Kosovo”; confiram no mapa o absurdo geográfico!);

www.nis.org.yu/ (entrem no contador de dias da agressão para ver as notícias do dia);

www.aim.ac.yu/ (boas fotos neste link, e notícias atualizadas);

members.xoom.com/Planeta_Luz/guerra.htm (depoimentos em português).

Fernando Villela

Depois de assistir ao filme Mera coincidência (Wag the dog, em inglês), fica-se na dúvida sobre as reais causas de uma guerra e se ela existe mesmo. É claro que nesta guerra existem algumas circunstâncias diversas das do filme, está mesmo ocorrendo a guerra (?), mas ela só existe para encobrir outros fatos. Ou então para dar fôlego às empresas bélicas, que tanto precisam de guerras. Kennedy morreu porque não foi ao Vietnã. Bill Clinton é festa para os militares. Este é o preço da conta do impeachment. É tudo um conluio de fazer inveja a qualquer político brasileiro.

Marcos Grisi, 25 anos, advogado em Salvador

 

A tentativa de impor um controle externo ao Poder Judiciário é um problema gravíssimo do qual toda a imprensa parece não tomar conhecimento. Nas democracias, o funcionamento autônomo dos três Poderes é fundamental, e esta é a questão que está sendo suprimida pelos meios de comunicação.

A Comissão de Controle Externo que o senador Antônio Carlos Magalhães prega é uma afronta à democracia, pois estabelece controle imediato sobre as ações do Poder Judiciário, podendo alterar sentenças a qualquer tempo e acabando com a autonomia deste poder. Executivo e Legislativo têm “controle” apenas nas eleições, isto é, um “controle” que se reflete sobre os atos praticados pelos candidatos durante todo o período pré-eleições, seja este período um mandato ou toda uma vida pública.

Fábio Marvulle Bueno

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No seu mais recente número, a revista CartaCapital traz matéria de capa sobre processo em tramitação na Polícia Federal em que é pedida a quebra do sigilo bancário do senador Antônio Carlos Magalhães. Imaginei que tal assunto seria repercutido pelos demais veículos de comunicação mas, salvo engano, não mereceu atenção de outros órgãos de imprensa. Fica-me a dúvida: a matéria não trazia nada de interessante, o senador é intocável ou os demais órgãos de imprensa não repercutem furos da concorrência? Abraços,

Luiz Denis Graça Soares

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Como advogado militante, creio que todos ? todos ? os meus pares conhecem alguma falcatrua “perpetrada” por algum juiz, seja por ação (ou inépcia?), seja por omissão (processos parados anos a fio, sem explicação plausível, a não ser a omissão dolosa). Assim, é necessário apurar todos esses desmandos, que tanto mal têm causado à população brasileira.

Outra coisa a ser tratada, de igual importância (até superior, ao meu ver), é a necessidade de o Poder Legislativo acompanhar o processo dinâmico da vida, do dia-a-dia. É certo que toda regra tem exceção, razão bastante para excluir um bocado de juízes preparados para o exercício da função. Mas uma batata podre pode apodrecer todo o saco. Ainda que o Sr. ACM não tenha nenhuma credibilidade quando posa de “bonzinho”, desta vez, constrangido, acho que ele está certo. Quem leu seu discurso sabe que algo deve ser feito pela moralidade do Poder Judiciário, ainda que esta também falte aos dois outros Poderes.

Douglas José Motta Camargo

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Assisti ao programa sobre o Judiciário e gostei muito. As opiniões ali expostas são absolutamente importantes, e cito particularmente, sem desmerecer o quanto mais dito, as de Mario Vitor Santos, impecáveis. Pena que a duração foi curta, mas espero que tenhamos novas oportunidades de falar dessa relação “complicada”.

Carlos Eduardo Oliveira Dias, juiz do Trabalho da 1? JCJ de Sorocaba, SP

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Não tenho o menor escrúpulo em dizer: nossos juízes, principalmente os de Primeira Instância, ainda estão livres de qualquer suspeita, o que não se pode dizer dos demais poderes da República. É apenas uma opinião pessoal. José Aguinaldo Ivo Salinas

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No Jornal Nacional de 12/4/99, na reportagem sobre pegas em Brasília, o jornalista Alexandre Garcia diz que apesar de um dos rapazes presos responder a inquéritos policiais há quatro anos, a Justiça ainda não fez nada.

Vamos lá: inquérito policial, e ele deve saber, é um procedimento administrativo em que o órgão da Polícia Civil investiga, com prazo de um mês, um determinado caso. Depois, havendo indício de materialidade do crime e da autoria, a delegacia o envia a um promotor, que oferecerá ou não a denúncia a um juiz, iniciando-se, neste momento, a ação penal.

Parece que o jornalista quis faturar em cima da crença de que o brasileiro não tem fé na Justiça, especialmente no momento vivido pelo Judiciário. A matéria não foi grande coisa, a não ser pelas declarações dos dois imbecis presos, mas teve o nítido propósito de não esclarecer. É incrível como jornalistas manipulam uma matéria para sair do jeito que o patrão quer.

Marcos Grisi

Como se pode comentar sobre a televisão sem assisti-la? Há algumas semanas, a colunista de TV do Caderno 2 (Leila Reis) criticou a falta de notícias, nos telejornais, de temas relacionados à cidadania. E apresentava o novo SPTV, do apresentador Chico Pinheiro, como inovador, por dar, justamente, espaço a estas questões. No texto, a colunista não fazia menção ao jornalismo da Cultura. Por e-mail “lembrei” a ela o trabalho que a Rede Cultura vem desenvolvendo há anos na cobertura, exatamente, de questões ligadas ao cidadão (segue cópia do correio eletrônico).

Não obtive resposta e, para minha surpresa, na coluna do fim de semana 10-11/4 a repetição do erro. Desta vez, Leila Reis abordava a péssima qualidade da cobertura, na televisão, sobre a guerra na Iugoslávia. A colunista dizia não ter visto na televisão reportagens aprofundando o assunto e explicando em detalhes ao telespectador as razões do conflito. Não viu? Só se não assistiu, mais uma vez, aos telejornais da Cultura. Um ao meio-dia, de uma hora de duração, chamado 60 minutos (e que está na ar há oito anos). O outro é o Jornal da Cultura, que vai ao ar sempre as 10h da noite. Os dois entram em rede em mais de 10 estados da União e, por parabólica e cabo, em todo o território nacional.

Como então generalizar o comentário sem assistir a nenhum dos noticiosos da Rede Cultura? O pior é que a observação se repetiu na coluna do jornalista Marcel Plasse, na edição deste domingo do caderno Telejornal, também do Estadão, dedicado, exclusivamente, aos assuntos ligados à televisão brasileira.

Espantoso. O fato é que na discussão atual sobre a ética e a qualidade da televisão brasileira, o jornal O Estado de S.Paulo não pode ignorar o que é feito na TV Cultura. A população, por exemplo, não ignora. Na recente crise pela qual passou a emissora, os paulistanos se mobilizaram, espontaneamente, em defesa do que eles (em pesquisas de opinião ? apresentadas pelo próprio Estadão) consideram a melhor televisão do país.

Consideram porque assistem.

Everton Constant, editor-chefe do 60 Minutos

Nota do O.I.: Procurada, Leila Reis não respondeu à nossa mensagem.

Clique aqui para ler o texto do e-mail enviado por Everton Constant à colunista Leila Reis.

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Acompanho a programação da Cultura em Brasília graças à TV por assinatura. Sei que a Cultura está tentando criar uma fonte de renda abrindo espaços comerciais, para não ficar apenas na dependência do governo. Até aí, tudo bem. Li nos jornais há pouco tempo as regras para essa abertura ao mercado, que me pareciam muito bem intencionadas. A mudança de formato do programa Vitrine foi uma decepção para mim, parece que estão tentando imitar a MTV. Estão correndo atrás de um público imbecilizado? Tentando conquistar audiência? A Cultura construiu seu nome e conquistou prêmios respeitando a inteligência do telespectador, que não se rende à estupidez generalizada, por que isso agora?

Mas o pior de tudo foi uma extensa reportagem sobre a TV Record. É óbvio que não vi, desliguei a TV antes disso. Para mim, é evidente, óbvio e cristalino que o programa foi financiado com verbas do bispo Edir Macedo, dono da TV Record. É inédito na TV brasileira, uma emissora fazendo reportagem sobre a programação de outra. Isso não aconteceu à toa.

Gostaria que Alberto Dines abordasse essa questão… ou será que a TV Cultura se tornaria uma nova Folha de S.Paulo na vida dele?

Marcelo Tas, apresentador e diretor do Vitrine, responde: Prezados, estranhamos o conteúdo das críticas ao programa Vitrine feitas pelo telespectador Alexandre Marino, de Brasília. O Vitrine está no ar há mais de dez anos pela TV Cultura de São Paulo. É precursor dessa tendência que se espalha na TV brasileira hoje de análise e cobertura das várias mídias.

Nestes 10 anos de vida, o Vitrine cobriu e analisou literalmente todos os canais abertor das redes de TV brasileiras. E vários dos novos canais a cabo. Portanto, o argumento dele de que “é inédito na TV brasileira uma emissora fazendo reportagem sobre a programação de outra” cai por terra. Só para refrescar a memória do Alexandre, na reestréia de nosso programa, em 3 de março, o tema da matéria central era a TV Manchete. E nem por isso fomos acusados de receber qualquer soma. Até mesmo porque aquela emissora até hoje não paga nem mesmos os seus próprios funcionários.

Além disso, também nos soou estranho o fato de o Alexandre duvidar da isenção de nossa apuração jornalística se, segundo ele próprio, “preferiu desligar a TV (…) é óbvio que não vi”. Como se pode fazer uma crítica séria a algo que não se analisou em sua totalidade? Isso sim é parcialidade…

Só para finalizar os motivos do nosso estranhamento, é lamentável que nosso telespectador confunda a iniciativa da TV Cultura de buscar apoios e patrocínios com falta de ética jornalística. Se houvesse lógica neste raciocínio, o nosso Alexandre deve pensar que o Observatório da Imprensa é patrocinado pelo Sr. Roberto Marinho, já que com alguma freqüência traz reportagens e entrevistas com profissionais da Rede Globo. Certo? Como sabemos que isso não é verdade, mais uma vez temos de desconsiderar a lógica do nosso estimado telespectador.

Agradecemos o espaço do esclarecimento e a audiência crítica do Alexandre. M. T.

Toda a imprensa sempre soube da existência destas máfias de fiscais, apenas não interessava noticiar, pois alguém de fora dos esquemas poderia ganhar as eleições. Este tipo de investigação só é possível quando os corruptos brigam entre si, e um acusa o outro. Gente honesta normalmente não possui meios e provas que os corruptos, por conluio, têm. Infelizmente, este é o país que herdamos de nossos pais, que pouco fizeram para melhorá-lo. E, ainda infelizmente, é esta sujeira que só aumenta que deixaremos aos nossos filhos.

Orlando Fogaça Filho

Beth Klock responde: Este não é o país que herdei de meus pais coisíssima nenhuma! O Sr. diz também que “gente honesta normalmente não possui os meios e as provas que os corruptos, por conluio, têm”. Engano seu, Sr. Orlando. Gente honesta ? e na maioria das vezes humilde ? é que dispõe de provas que os corruptos, muito espertos, acreditam manipular. B. K.

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Na época da divulgação do esquema de corrupção de camelôs feita pela Folha da Tarde, já havia indícios suficientes para iniciar uma investigação por parte da polícia, do Ministério Público ou da própria Câmara. O que hoje é apresentado de forma contundente pelo Jornal Nacional e pelo SPTV já era de domínio público há pelo menos 6 anos. Mas um detalhe na minha opinião foi crucial para dar início a estas investigações, além das que já foram citadas no artigo: a crise da Prefeitura. José Roberto

Por que a imprensa paga salários astronômicos à minoria conhecida do grande público e apenas o soldo básico aos “sem-nome”? Arnaldo de Sousa

Já está mais do que na hora de o Observatório da Imprensa analisar a postura da RBS/Zero Hora em relação à política no Rio Grande do Sul. Depois de a empresa ter adotado uma postura quase escancarada de apoio ao PMDB na campanha passada (governo Britto) ? só quem mora aqui sabe o que aconteceu ? (tanto que Zero Hora teve jornais apreendidos pela Justiça Eleitoral na véspera do segundo turno), com pouco mais de três meses do governo petista, os veículos do grupo destinam ataques sistemáticos às decisões do governo gaúcho. Esses ataques se dão principalmente pelos comentários tendenciosos de jornalistas chapa-branca da emissora, com um passado já tradicional de serviço à direita e a quem ocupa o poder.

O jornalismo da RBS morreu, e também pode ser lembrado o suplemento estadual da Gazeta Mercantil (que tem como principal articulista um ex-vereador do PMDB Políbio Braga). O que existe agora é uma tentativa de colocar o governo do RS contra a parede… e o motivo é risível: a questão do empréstimo de pai pra filho do governo gaúcho às duas maiores montadoras do mundo (GM e Ford). São mais de 450 milhões no caso da Ford, valor a ser despendido dos cofres de um estado falido. A postura do governo, evidentemente, deve ser avaliada. Mas o discurso da RBS e de outros é o mesmo da oposição (PMDB, PPB, PFL): não dar dinheiro às montadoras é o fim do mundo.

Será? Que tipo de jornalismo é este, em que o espaço do contraditório é mínimo? Acho que o OBSERVATÓRIO precisa abrir esse debate, sob pena de ficar restrito à discussão de temas que afetam só jornais e veículos de comunicação do eixo Rio-São Paulo. Um abraço,

Fritz Rivail F. Nunes, jornalista, Santa Maria, RS

Excelente artigo sobre o jornal estatal de Cuba. Solicito mais informações sobre a imprensa cubana.

Adriano Oliveira

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Confesso que nunca li um tão disparatado conjunto de eufemismos e tergiversações como os que a professora Beatriz Wey conseguiu juntar numa enfiada só em seu texto “Imprensa cubana e imaginário nacional”, na última edição deste site. Ela diz que os diretores do Granma, diário oficial do partido comunista e do governo cubano, “procuram há 34 anos construir um imaginário nacional por intermédio de suas páginas”.

Depois diz que “a possibilidade de avaliar os mecanismos utilizados pela imprensa escrita na construção inalterável de uma ideologia nacional ou oficial é por demais instigante, não apenas por elaborar um processo muito particular de nação, mas por sustentá-lo exaustivamente”. Depois diz que “não raro o leitor não-cubano pergunta-se se está mesmo diante de um produto jornalístico ou de algum outro gênero literário na área de ciências sociais”. Depois diz que “O Granma coloca como proposta formar um tipo de leitor ímpar, que não busca essencialmente o novo, mas o constante refazer do velho”.

Instigante mesmo é o gênero literário da professora Wey: que diabo ela está querendo dizer com esse palavrório inócuo? Que o Granma está criando um novo tipo de jornalismo? Que diabo de leitor de jornal é esse que não procura o novo mas o “refazer do velho”? Que diabo de jornal é esse que em vez de informar, que deveria ser a sua obrigação, passa 34 anos tentando “construir um imaginário nacional”?

Estou desconfiado de que por trás desse gosmento linguajar academicista-cantinflesco a professora está querendo achar uma justificativa para a mais óbvia e vergonhosa das verdades: Cuba, como toda boa ditadura de partido único, tem também um jornal único que é um panfleto ideológico e um lixo informativo.

Instigante é que esse embuste ideológico venha ornamentado pelos títulos acadêmicos da professora Wey, tentando dar a essa panfletada a respeitabilidade de um “estudo” e que tal coisa seja publicada num site que pretende falar de jornalismo. Abraços,

Sandro Vaia

No programa do Ratinho do dia 15/4/99, uma reportagem mostrava um caso de estupro, violência sexual, agressão física e atentado ao pudor, ocorrido em uma cadeia pública, contra um homem que assassinou uma criança. Tal reportagem sensacionalista passaria despercebida, não fossem os elogios, incentivos e solidariedade prestados pelo senhor Ratinho aos criminosos. Em apologia ao crime, o roedor esbravejava afirmando que aquilo deve ser feito sempre com assassinos de crianças. Uma verdadeira demonstração de insanidade mental, moral e analfabetismo em direitos humanos. Abominável estupidez de um roedor, é como denomino tal prática.

O camundongo usa a desgraça do povo para subir no ibope. Para esse pseudo-apresentador não há respeito à honra, à família, à educação, nem tampouco aos telespectadores. Todos os dias ele invade os lares de brasileiros para divulgar uma mensagem mesclada de sangue e dor, de humilhação e vergonha. Travestido de bom samaritano, ao distribuir dinheiro e fingir-se de juiz de pequenas causas, o algoz explora pessoas inocentes pela exposição de suas particularidades.

Distante de nós a intenção de defender assassinos de crianças ou de desviar a atenção da opinião pública. Acima de tudo, é preciso que a as leis sejam cumpridas, todas elas. Mas, desde que com o rigor devido. Não podemos nem devemos aceitar que práticas criminosas sejam concebidas como penas alternativas para corrigir outros crimes. Nem mesmo a sua apologia. Considero o programa do Ratinho abusivo e imoral. E aproveito a oportunidade para pedir aos nossos políticos que ? em nome de todo o povo brasileiro ? tomem uma providência.

Perceval Carvalho

Enviei esta carta à revista Caros Amigos. “Caros Amigos, primeiramente gostaria de parabenizá-los por dois anos de bom trabalho. Parece-me que se instalou um clima de antipatia recíproca [entre o O.I. e Caros Amigos]. OBSERVATÓRIO e Caros Amigos partilham ideais comuns, e a distância entre os dois não pode ser maior que a existente entre ambos e a grande imprensa.” Abraços,

Douglas Duarte

Alberto Dines responde: Caro Douglas, não temos condições de responder em nome de outros. Nosso compromisso é com nossos leitores: publicar escrupulosamente tudo o que nos enviam. Se desejamos instalar um debate amplo e sério não se pode discriminar os debatedores. Saudações. A. D.

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Passou despercebido aos meus olhos ou o Observatório da Imprensa não comentou o episódio da reportagem da Carta Capital, sobre Chelotti, o ex-PF? O trabalho de Bob Fernandes, se não foi conclusivo sobre o fato, no mínimo é um forte indício de que há algo de podre no “Reino da Sorbonne”. O artigo do Mino Carta, no Instituto Gutenberg de 14/3/99, está na intensidade correta? Creio que sim. Gostaria de um informação sobre o episódio e a posição do Observatório da Imprensa. Desde já, muito obrigado.

Luiz Nova

Nota do O.I.: Caro amigo, em www2.uol.com.br/aspas/ent200399.htm, o O.I. publicou editorial de Mino Carta sobre o assunto.

O professor Orlando Tambosi tem somado, no processo divulgar o método e a ciência. E este trabalho sobre a Evolução engrandece mais ainda a principal característica do ser humano, que é a capacidade de evoluir inclusive intelectualmente. Numa época de misticismo desenfreado, é bom saber que ainda existe racionalidade.

Jorge Cardoso

Em primeiro lugar, gostaria de parabeniza-los pelo trabalho! O OBSERVATÓRIO é indispensável para todos aqueles que querem ser menos alienados.

Marcos Gonçalves Teles de Farias

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Excelente o site de vocês! Se de alguma forma eu puder colaborar com artigos, fiquem à vontade para publicá-los.

Mário Persona

Nota do O.I.: Caro leitor, sua colaboração será bem-vinda.

 

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Continuação do Caderno do Leitor

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