Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Furo e dor de cabeça

IMAGENS AÉREAS

A CNN foi pioneira em transmitir, no dia 16 de setembro, imagens aéreas da devastação causada pelo desmoronamento do WTC. Assim que as cenas foram ao ar, afirma Bill Carter [The New York Times, 17/9/01], choveu crítica.

Executivos da MSNBC acusaram a CNN de usar um veículo do governo ? um helicóptero da Guarda Costeira ? para interesses próprios. A CNN disse que conseguiu pôr um câmera no helicóptero como parte de uma reportagem planejada sobre a ameaça aos canais hidrográficos do país. Atualmente, está proibido a particulares o sobrevôo na região. Quando as imagens aéreas dos destroços se mostraram impressionantes, a emissora resolveu transmitir o videoteipe imediatamente.

Jim McGranachan, porta-voz da Guarda Costeira, afirmou que não esperava que a CNN usasse as imagens como exclusivas. Procurada pelos rivais da emissora, a Guarda exigiu que a CNN compartilhasse as imagens.

Mas esse contratempo da CNN é ínfimo, se comparado a outros problemas dos jornalistas americanos. As tensões entre policiais e jornalistas que estão na cobertura dos ataques terroristas no WTC se acirraram no domingo, 16, à medida que o número de equipes de imprensa no local cresceu vertiginosamente.

Funcionários do Departamento de Polícia de Nova York disseram que credenciais de imprensa foram retiradas de muitos repórteres que "violaram as regras" ? seja entrando em áreas restritas, seja se disfarçando de voluntários do resgate. O auge do barraco armado foi atingido por um repórter da CBS, intimado judicialmente por "conduta desordeira", de acordo com David Shaw e Elizabeth Jensen [The Los Angeles Times, 17/9/01].

A polícia nova-iorquina distribuiu cerca de 1.200 credenciais a repórteres ao meio-dia de domingo. "Tudo estava tão caótico nas primeiras 24 horas que a polícia não podia vigiar todas as entradas", disse Arian Campo-Flores, da Newsweek. "Naquele momento, manter a imprensa fora da história não era prioridade."

A tensão era inevitável com a proliferação da imprensa no local e da determinação agressiva de repórteres querendo acesso ao desastre. Os que se disfarçaram de pedreiro, com capacete e botas, perderam a credencial. As dificuldades de acesso ao local dos escombros são tantas que funcionários de uma emissora de TV alemã chegaram a oferecer US$ 100 a outros repórteres para que passassem na frente e pudessem ter o cenário de fundo livre à hora da transmissão. A CNN, por exemplo, trouxe cerca de 150 pessoas de fora da cidade para trabalhar no caso, elevando a 400 o número de prodissionais em Nova York.

Tamanha confusão representou uma realidade irônica para os jornalistas: o maior problema que a imprensa enfrentou para noticiar os desdobramentos dos ataques terroristas foi causado pela própria imprensa.

    
    
                     

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