Wednesday, 17 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Gilberto Dimenstein

CARNAVAL / TV

“Até o Carnaval virou ?Big Brother?”, copyright Folha de S. Paulo, 2/03/03

“Depois que, no sábado passado, torcidas organizadas se engalfinharam durante as apresentações de blocos carnavalescos em São Paulo -uma delas, a agressora, curiosamente carregava um banner em que pedia paz-, os responsáveis pelo desfile deste fim de semana montaram uma operação de guerra para evitar violência no sambódromo. Além do reforço policial, contrataram, às pressas, um sistema interligado de dezenas de câmaras para detectar, já no início, conflitos ou perceber movimentos suspeitos. Logo surgiu o apelido de ?Carnaval Big Brother?.

No Rio de Janeiro, a resposta foi ainda mais dura. Diante dos ataques dos traficantes ocorridos ao longo da semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou tirar os militares dos quartéis e deu a entender que, se for necessário, repetirá mais vezes esse tipo de operação.

É uma decisão que beira o desespero: militares não são treinados para o enfrentamento com marginais. Se são chamados para as ruas, é porque o governo imagina que a polícia, corrupta e incompetente, perdeu o controle diante do crime organizado.

O primeiro Carnaval de Lula na Presidência é também o Carnaval mais rodeado de temores de que se tem notícia. É uma alegoria de que, fora do Brasil dos palanques e dos camarotes, não há fantasia.

Inundar sambódromos de câmaras, montar cercos policiais ou tirar militares dos quartéis são soluções tão permanentes quanto o tempo de uma escola de samba na pista.

Fez-se alarde com a transferência, saudada como uma vitória contra o crime organizado, de Fernandinho Beira-Mar para São Paulo. De certa forma, é mesmo uma vitória.

Mas combater traficantes sem a diminuição do consumo de drogas faz parte dessas soluções úteis para quem tem satisfações de curto prazo a dar à opinião pública.

Já sabemos que investir apenas na polícia é inútil se não houver evolução social; assim como sabemos que, mesmo com investimentos sociais, sem polícia eficaz, bem armada e bem treinada, a insegurança permanece. Não existe no Brasil, neste momento, nem um significativo aparelhamento dos policiais nem, menos ainda, diminuição da marginalidade nos grandes centros.

Divulgaram-se na semana passada mais números que já fazem parte do cotidiano socioeconômico brasileiro: prossegue a queda de renda do trabalhador e aumenta o desemprego. Taxas de juros altas, inflação que demora a baixar e instabilidade internacional por causa do conflito com o Iraque permitem dizer que o Brasil pode até crescer neste ano, porém, de novo, será um crescimento medíocre.

A necessidade de economizar dinheiro -traduzida pelo pomposo termo ?superávit primário?- limita a implantação de programas contra a exclusão. O ministro da Educação, Cristovam Buarque, queixava-se, na semana passada, de que tinha conseguido recursos de seu próprio ministério para aumentar o valor da bolsa-escola, mas trombou com a equipe econômica.

A ofensiva que melhor ajudaria a reduzir a tentação de jovens para a criminalidade seria o programa Primeiro Emprego, apontado como prioridade por Lula. Não se sabe quando será lançado e quanto dinheiro estará disponível. A meta, no tempo das eleições, era ousada: dar ocupação a 500 mil jovens.

Anunciou-se um programa piloto para a Cidade de Deus, hoje mundialmente conhecida por causa do filme. Em conjunto com as ações educativas, os jovens devem receber uma bolsa de R$ 50, que talvez até ajude a evitar que alguém entre no crime, mas é improvável que tire alguém do tráfico, em que um iniciante, sem realizar tarefas arriscadas, leva R$ 600 por mês.

Sem um investimento maciço e continuado nos guetos, especialmente nos jovens, a delinquência não diminui. Basta ver as estatísticas de assassinatos em alguns distritos da cidade de São Paulo, comparando os que têm programas sociais com os que não os têm. Nos distritos em que há distribuição de bolsas para jovens e suas famílias, com oferta de capacidade educacional e profissional, a taxa de homicídios diminuiu.

O Carnaval neste ano só está lembrando mais uma vez o que já se sabe: a violência é o maior desafio brasileiro, muito mais complexo do que o desemprego e ainda mais complexo do que a fome.

Se para a fome existe pelo menos uma ofensiva -sofrível administrativamente, mas existe-, não existe, em âmbito federal, contra a violência, exceto planos ainda no papel.

PS – Completam-se dois meses de governo Lula com expectativas invertidas. O presidente tem sido de um notável profissionalismo na área econômica, com a coragem de assumir decisões impopulares, apostando num crescimento sustentável. Difícil saber, porém, até quando vai dar continuidade ao que já era feito por FHC e se tentará um atalho. Se está ruim assim, sem essas medidas haveria um clima de salve-se-quem-puder. Na área social, onde o PT desenvolveu exemplares experiências municipais, o que se vê, por enquanto, é o amadorismo e a improvisação. O óbvio, admitido reservadamente mesmo entre alguns assessores de Lula: se tivessem simplesmente duplicado o valor da bolsa-escola, a desnutrição já teria sido atacada imediatamente, dando resultados de curto prazo. Estudos oficiais mostram que 70% do dinheiro que é recebido com essa bolsa é gasto com comida.”

“Globo grava Carnaval com ?olhar gringo?”, copyright Folha de S. Paulo, 1/03/03

“Primeira co-produção jornalística da Globo para o mercado internacional, o documentário sobre o Carnaval do Rio, que a emissora termina de captar na semana que vem, terá um ?olhar americano? e omitirá a relação entre jogo do bicho e escolas de samba.

O ?olhar americano? será o do diretor do documentário, Terry Jastrow, co-produtor. Nas duas últimas semanas, foram colhidos depoimentos de personalidades envolvidas com o evento. Entre elas, não há nenhum bicheiro nem qualquer fala sobre o assunto. Deram entrevistas para o programa o prefeito do Rio, César Maia, Luiza Brunet, a socialite Linda Conde, o carnavalesco Max Lopes (Mangueira) e uma garota de 12 anos que é rainha da bateria da Beija-Flor, entre outros.

A equipe de brasileiros liderada por Jastrow volta a entrevistar esses personagens amanhã e segunda, durante os desfiles. As imagens captadas pela Globo para sua transmissão no Brasil também serão usadas no documentário.

O programa, com duas horas de duração, será exibido no próximo dia 14 nos Estados Unidos e no Canadá pelo canal pago Discovery. A atriz Anne Archer (de ?Atração Fatal?) e a apresentadora da BBC Dani Behr farão dublagens. Se a parceria da agência de notícias da divisão internacional da Globo com Terry Jastrow der certo, no ano que vem serão feitos documentários sobre o Carnaval de outros Estados brasileiros.

OUTRO CANAL

Moeda

A Record quer dar o troco na Bandeirantes, que já levou José Luiz Datena, ex-apresentador do ?Cidade Alerta?, e negocia com Adriane Galisteu (?É Show?). Está assediando Gilberto Barros, o Leão, atual maior audiência da Band.

Teste

O ex-árbitro Oscar Roberto Godoy apresenta o ?Cidade Alerta? de hoje. Se for bem, poderá continuar ancorando o telejornal na semana que vem, mas, por enquanto, apenas interinamente.

Sina

Sem Datena, o ?Cidade Alerta? está sofrendo no Ibope. Sua audiência caiu nesta semana. Anteontem, o telejornal chegou a perder a vice-liderança para o SBT (?Os Simpsons?/?Primeiro Amor?), entre 18h39 e 19h30, por 9 pontos a 8. Na média geral (a partir das 17h45), no entanto, o telejornal foi o segundo no Ibope, com 7 pontos a 6 do SBT.

Bomba

O canal pago GNT (Net, Sky) apresenta na próxima quarta, às 22h30, a entrevista com Saddam Hussein exibida na última terça- feira pela rede norte-americana CBS. Na entrevista, feita por Dan Rather, o líder iraquiano desafiou o presidente dos EUA, George W. Bush, a fazer um debate sobre a necessidade da guerra.

Cuca

Com o nome de ?Pirlimpimpim?, o infantil ?Sítio do Pica-Pau Amarelo? começa a fazer carreira internacional. Depois de Portugal, o programa será exibido, a partir de maio, no Equador e Costa Rica.”

 

SKY

“Sky muda e lança novos pacotes de canais”, copyright Folha de S. Paulo, 28/02/03

“Em uma estratégia de marketing para conquistar novos assinantes e agradar aos atuais, a Sky, operadora de TV paga via satélite, lança amanhã cinco novos pacotes de canais. Até hoje, a operadora só oferece dois, o Master (R$ 69,90) e o Advanced (R$ 99,90).

Os novos pacotes passam a agregar a marca Sky em seus nomes, são segmentados por gêneros e oferecem composições mais baratas do que as atuais.

O pacote básico, o Sky Família, será vendido por R$ 59,90. Oferece 32 canais de vídeo, entre eles Fox, Warner, Sony, Multishow, GNT, Discovery, TNT, USA, Canal Brasil, Globo News e Cartoon.

Em seguida, vem o pacote Sky Esportes, por R$ 79,90, que inclui todos os canais do Sky Família mais ESPN Brasil e International e SporTV. Os canais Telecine (hoje só disponíveis no Advanced) entram no Sky Filmes, que não inclui os esportivos e será vendido por R$ 87,90. O Sky Total (R$ 99,90) engloba os canais dos pacotes básico, esportivo e de filmes mais CNN International, Discovery Kids, Bloomberg, Animal Planet e Boomerang. O quinto pacote é o Mundo Sky, que inclui o Eurochannel e os chamados étnicos (como RAI, BBC World).

Os atuais assinantes, segundo a Sky, continuarão recebendo os pacotes Master ou Advanced, mas poderão migrar para os novos.

Outra mudança é na razão social da Sky, que passa a ser Sky do Brasil (antes era Netsat).”

 

MULHERES APAIXONADAS

“Globo põe notícia do dia em novela das 8”, copyright Folha de S. Paulo, 27/02/03

“A Globo está experimentando em ?Mulheres Apaixonadas? um feito inédito: gravar no dia da exibição do capítulo da novela cenas em que personagens comentam fatos reais ocorridos horas antes.

Assim, segundo o autor, Manoel Carlos, a novela das oito irá tratar ?quase em tempo real?, por exemplo, da morte de personalidades e notícias nacionais e internacionais, como o possível início da guerra contra o Iraque.

A primeira experiência ocorreu anteontem: os personagens de Suzana Vieira e Julia Almeida comentaram que quatro ônibus haviam sido incendiados naquele dia e que o secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, afirmara que iria pedir ajuda ao Exército para combater a violência. Isso, de fato, ocorreu na terça.

A cena foi gravada às 18h, menos de três horas antes de entrar no ar. Não existia no texto original e foi passada por telefone pelo autor, como uma inserção de última hora. Foi elaborada a partir dos cenários e atores disponíveis naquele momento nos estúdios.

?Esta novela, mais do que as outras, foi pensada com esse objetivo, de reproduzir acontecimentos do dia, de repercussão nacional, em cima do lance. Ela é mais ?realista? do que as outras porque hoje existem mais recursos técnicos, mais agilidade em produção e edição?, diz Manoel Carlos.

Diferentemente do que ocorreu em ?Esperança?, as gravações de ?Mulheres? não estão atrasadas.”