Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Hackers bem-humorados

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O sítio da Associação da Indústria Fonográfica da América (RIAA, sigla em inglês) foi atacado por hackers no final de agosto e teve de sair do ar temporariamente. Foi o segundo ataque em um mês, informa Chris Marlowe [The Hollywood Reporter, 29/8/02]. No primeiro, foi usada técnica de sobrecarregar o servidor, mas no segundo o conteúdo foi trocado por material ironizando a guerra da instituição contra serviços de troca de arquivos da internet como Kazaa e Morpheus.

Logo na página de abertura, o sítio hackeado dizia "RIAA contra troca de arquivos? Não mais!", explicando que a associação teria deixado de combater a pirataria online por entender que isso prejudica as vendas e os artistas. Havia também um pedido de desculpa pelo recente fechamento do sítio chinês Listen4ever.com, que oferecia milhares de músicas de graça, e links para músicas do novo CD do grupo Linkin Park "como amostra de boa vontade". Conexão para baixar o Kazaa foi disponibilizada para o caso de que "o que você quisesse não estivesse na lista". Na página principal, foram colocadas remissões a textos como Pirataria pode ser benéfica à indústria fonográfica.

A RIAA acaba de divulgar informação de que as vendas de CDs caíram 7% no primeiro semestre com relação ao mesmo período do ano passado. Junto, cita estudo da Peter D. Hart Research Associates que aponta que internautas que dizem que estão baixando mais músicas da rede estão comprando menos discos. Essa informação conflita com pesquisa da Forrester Research que não verificou queda na compra de CDs entre consumidores freqüentes de tecnologias digitais, indicando que a condição econômica geral e a competição de outros tipos de mídia são fatores importantes nesse mercado. "Eu não diria que os downloads e cópias são os únicos fatores influenciando" a baixa na venda de CDs, respondeu diretor da Hart, Geoff Garin. "Mas temos evidências de que eles não têm efeito favorável nas vendas de discos".

Segundo a Reuters [27/8/02], uma solução que as gravadoras estão tentando implementar é a venda de músicas na rede, mas, por enquanto, esse serviço não conseguiu se impor diante da facilidade de se obter tudo sem pagar. Garin acredita que será difícil torná-los competitivos. Jonathan Potter, diretor executivo da Digital Media Association, grupo que representa sítios de música paga, discorda. "Gostaria de apresentar a indústria fonográfica a algo chamado água engarrafada", ironizou, referindo-se a algo que é sucesso de venda apesar de haver similar disponível de graça. Ele acredita que se houvesse um produto a preço razoável e acessível de múltiplas formas, conseguiria derrotar a distribuição gratuita.