Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Hora de recolher as trombetas?

COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Suze Smaniotto (*)

Nos últimos anos, aprendemos a investir. O intercâmbio internacional e a aposta em dias melhores alargaram os horizontes. Muitas empresas injetaram cifras em áreas tidas como menos prioritárias: marketing, comunicação e cultura.

De repente, a cena muda. O mesmo mundo globalizado que ajudou a alavancar novos negócios agora nos joga num ambiente pessimista e recessivo. Parece que todas as portas se fecharam, o clima é de deixar todos os investimentos para mais tarde. E como fica a comunicação em momentos como esse?

A primeira tentação do empresário pode ser cortar ações não consideradas fundamentais ao negócio, ou seja, manter a produção a qualquer custo e deixar de lado ou em segundo plano todo o resto.

Se o objetivo é apenas sobreviver, a tese talvez soe coerente. Mas acabamos aprendendo, por força do próprio mercado, que isso não é mais possível. Só permanece quem se destaca, tem um mix que une qualidade, preço competitivo, diferenciais e, por fim, reconhecimento disso tudo. Não basta ser bom, tem de parecer bom.

Quem se sai melhor

Em resumo, não dá para "deixar de existir" perante os diferentes públicos de interesse. Quem continua desenvolvendo, mesmo que em ritmo desacelerado, atividades como publicidade, patrocínios culturais, responsabilidade social e assessoria de imprensa apresenta-se forte em momentos difíceis e está inegavelmente se preparando para colher frutos, não só agora mas também para quando a tempestade tiver passado.

Então o empresário pode pensar: vou parar de anunciar e tentar tirar mais proveito dos recursos da assessoria de imprensa. Lógico, não? E igualmente errado. A economia (todos sabemos que os custos da publicidade são bem mais altos do que os fees de uma assessoria de imprensa) não se justifica simplesmente porque uma ação não substitui a outra.

A comunicação via imprensa vai, por exemplo, conseguir mostrar as estratégias da empresa para melhorar sua produtividade, sua opinião sobre as perspectivas para o setor, os investimentos para treinar melhor a equipe e satisfazer o cliente, os reflexos da política cambial no segmento, os novos produtos e demais acontecimentos. Não lhe caberá o papel de vender diretamente, função da publicidade, mas sim de fortalecer a imagem da empresa com suas boas idéias e iniciativas.

O que vale reafirmar veementemente é que sempre se sai melhor quem encara todos os recursos como fundamentais, mesmo (ou principalmente) nas situações mais adversas.

(*) Jornalista, diretora de contas da Accesso Assessoria de Comunicação, co-autora do livro 20 anos de boas notícias