Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Humor em tempos de guerra

NEW YORKER

Após o 11 de setembro, os cartunistas da revista New Yorker, como todo mundo, se perguntaram se as coisas voltariam a ter graça novamente. A primeira edição pós-atentados tinha a capa preta e nenhuma charge engraçada.

Oito edições depois, a revista exibe uma seção só com piadas relacionadas aos ataques, que poderiam parecer de mau gosto poucas semanas atrás. Mas a situação atual fornece um material riquíssimo para o humor, diz Bob Mankoff, editor de charges da revista. O fetiche pela bandeira americana, a repentina afeição do país por Nova York e as confusões nas companhias aéreas já viraram piadas debochadas na New Yorker. Um cartum de Bruce Kaplan, por exemplo, mostra uma mulher dizendo: "É duro, mas aos poucos estou voltando a odiar todo mundo."

Na opinião de Barbara Stewart [The New York Times, 5/11/01], as charges inteligentes da New Yorker, a seção mais lida da publicação, definem bem seu estilo. "É que 98% dos leitores abrem primeiro esta seção", revela Mankoff. "Os outros 2% estão mentindo."

Ainda assim, o editor David Remnick rejeitou um cartum de Mankoff sobre homens-bomba. Piadas sobre morte, suicídio ou bombas estão proibidas no momento, afirma Remnick, lembrando que só 20 anos depois da Depressão começaram a aparecer charges sobre banqueiros pulando da janela.

CNBC

O canal americano a cabo CNBC, unidade da General Electric, está planejando mudar. Durante os anos 90, a rede construiu uma marca poderosa associada a notícias financeiras e de negócios, exibindo repórteres do Wall Street Journal nos telejornais e tornando comentaristas e âncoras famosos.

Mas, assim como os concorrentes, o canal não resistiu à economia fraca e à queda de publicidade. Além disso, os atentados de 11 de setembro parecem ter mudado o "apetite" do público por notícias: matérias internacionais e sobre bioterrorismo são o assunto do momento, um desafio para noticiários predominantemente econômicos. Robert Thompson, professor da Universidade de Syracuse, observa que "quando não havia nada a não ser matérias sobre [a estagiária desaparecida] Chandra Levy nos canais de notícias 24 horas, a CNBC era uma alternativa noticiosa. Agora, isto mudou".

Em resposta, a CNBC está enfatizando como nunca matérias sobre finanças, apostando que a nação logo voltará a prestar atenção ao tema. Em breve será lançado um novo programa de negócios no horário nobre, no lugar do talk show de Geraldo Rivera, recém-contratado pela Fox. "As pessoas continuam a se interessar por notícias financeiras e pelo impacto que têm em nossas vidas", disse o porta-voz Paul Capelli. De certa forma, analisa Jon Friedman [CBS.MarketWatch.com, 4/11/01], a rede não teve escolha. Mesmo antes dos ataques os investidores individuais, o público-alvo do canal, estavam desiludidos com a queda das ações de tecnologia.

CNN

A CNN está apostando em jovens talentos esperando formar futuros âncoras e correspondentes. Isto explica por que repórteres como a bela Paula Zahn, em seus quarenta e poucos anos, e o correspondente da Casa Branca, Kelly Wallace, ainda na casa dos trinta, têm ganhado destaque na programação.

A estratégia pode não ser tão óbvia quanto a da MSNBC, que chegou a enviar a jovem e inexperiente repórter Ashleigh Banfield para transmitir de Islamabad, no Paquistão. Mas a CNN pretende transformar seu perfil, balançada pela competição com a Fox News e a já citada MSNBC. É uma mudança e tanto para a rede que dizia acreditar que "a notícia é a estrela", observa J. Max Robins [TV Guide Online, 6/11/01].

Obviamente, isto não significa que estes jornalistas não têm méritos. Mas vale lembrar que veteranos da rede ainda reclamam – com razão – que a atriz Andrea Thompson tenha sido contratada para apresentar o canal Headline News mais por sua fama do que pelo trabalho que realizou em uma TV do Novo México. Existe um esforço consciente ao dividir o espaço da rede entre figuras já estabelecidas, como Christiane Amanpour e Wolf Blitzer, com caras novas ? e tanto melhor se estas forem bonitas.