Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Interatividade convida a ousar

Geraldo Iglesias (*)

 

A

interatividade está atravessando um período de grande confusão, com muitos teóricos de comunicação emitindo opiniões, pensando e repensando durante todo o tempo, com medo, inclusive, de estarem propondo fórmulas que não levem a lugar nenhum.

Fico imaginando se não estamos com medo de experimentar, de fazer experiências ainda que pareçam, num primeiro momento, inúteis.

Vamos tentar ordenar o que já temos e o que poderemos fazer.
Temos a forma presencial, o telefone, o fax, o e.mail, a webcan.

Hoje, mais de 90% das pessoas que interagem num programa de televisão o fazem pelo telefone, simplesmente. Poucas pessoas têm fax e menos ainda computadores conectados à Internet. Câmeras em casa, então, é um percentual pífio, irrelevante.

Partindo do exposto, manteríamos a interatividade via telefone e estaríamos com tudo resolvido.

Ocorre (e aqui precisamos ter um espírito aventureiro) que a velocidade nas mudanças, na implantação das novas tecnologias, é muito rápida e essa velocidade aumentará de forma assustadora. O custo desses equipamentos ficará acessível muito rapidamente e, principalmente, todas as comunicações vão se concretizar através dos computadores.

Partindo daí, penso que precisamos pensar essa televisão interativa, essa televisão com seus programas em tempo real, conectados à Internet, sim, porque a Internet estará associada à vida das pessoas, à forma das pessoas se relacionarem.

Hoje mesmo, no Brasil (!), as pessoas medianamente cultivadas, mais ou menos informadas, não conseguem mais exercer seus trabalhos sem o computador e, na maioria dos casos, da Internet.

A televisão, por sua vez, é incontestavelmente o mais popular meio de informação e, ainda, de transmissão da cultura. A TV conectada à Internet já é uma realidade nos Estados Unidos e o será até 99 ou 2000 no Brasil.

O mesmo pode-se falar das videoconferências, bem como cursos e universidades e, enfim, a educação a distância.

Diante disso, ficamos num impasse: parece pouco útil pesquisar novas formas de interatividade. Ao mesmo tempo, muito em breve, essas formas serão imprescindíveis e teremos que ter um lastro de experiências, testes, etc. para colocá-las em prática com segurança.

Temos que começar, então. Devemos abstrair os dados de que poucos brasileiros possuem computador e pouquíssimos estão conectados à Internet e um número ainda menor têm câmeras.

Os programas de televisão onde os participantes estão transmitindo e discutindo idéias e/ou conceitos, a princípio, deverão ter uma home page. O gerenciamento dessa home page impõe-se como um desafio suplementar.

Existe muito trabalho pela frente, muita pesquisa e, principalmente, muita necessidade de ousar ainda que sem as “metas fim” absolutamente definidas.

O futuro muito próximo vai nos cobrar essa pesquisa.

(*) Diretor do programa OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA da TV Educativa do Rio de Janeiro. URL da home page: http://www.frp.gov.br/obstv