Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Irã tem 20 jornalistas presos…

VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS

A situação de jornalistas no Irã continua desalentadora. A ONG Repórteres Sem Fronteiras [28/8/03] afirmou que a condição dos profissionais está piorando com sucessivas prisões, intimações policiais e ameaças, enquanto os governantes linha-duras continuam obstruindo as investigações acerca da morte da fotojornalista Zahra Kazemi, de cidadania canadense e iraniana, em julho deste ano.

Segundo a RSF, vinte jornalistas foram presos e dúzias intimados nos últimos dias, a mando da repartição de "ofensas éticas" da polícia de Teerã, controlada pelo procurador e juiz Said Mortazavi.

Amirrezza Noorisadeh, dos jornais Mosigi Magam e Cinamye Jahan, foi forçado a relatar à polícia como passou todos os dias da semana retrasada. Mostafa Kovakabian, editor do diário reformista Mardomsalari ("Democracia"), foi intimado em 17/8 e está sob investigação. Mais de 50 jornalistas foram intimados entre meados de julho e meados de agosto, de acordo com a RSF.

Atualmente, a situação que melhor mostrou o risco que correm os jornalistas iranianos foi o seqüestro de Hassan Raghifar, o editor mais velho do semanário Asan, que foi torturado pelos quatro seqüestradores que o interrogaram sobre seu trabalho e ameaçaram matá-lo por seus textos.

Ainda não há notícias sobre Iraji Jamshidi ou Ismaeli Jamshidi ? editor do jornal suspenso Gardon ? presos em 6 e 7/7. Mas Amir Ezati, do Mahnameh Film, foi libertado em 10/6 após 123 dias de prisão.

A RSF afirma que o Irã é a maior prisão de jornalistas no Oriente Médio, com 20 atualmente presos.

Em agosto de 1998, o jornalista iraniano Pirouz Davani, editor do jornal Pirouz, desapareceu de sua casa e nunca mais foi visto. Seu corpo jamais foi encontrado e, hoje, após exatos cinco anos, a ONG Repórteres Sem Fronteiras [29/8] faz mais um apelo para que as autoridades investiguem seu desaparecimento.

Davani pertencia ao partido comunista pró-soviético Tudeh nos anos 80, o que ocasionou sua prisão de 1982 a 1989. Segundo a RSF, as autoridades nunca demonstraram interesse em desvendar seu desaparecimento e os responsáveis gozam de plena impunidade. Aparentemente, o editor foi assassinado. Em dezembro de 2002, a família de Davani registrou queixa na Comissão de Direitos Humanos da ONU.

O final de 1998 foi um período marcado por uma onda de violência intensa contra jornalistas. Diversos intelectuais e dissidentes foram assassinados em novembro e dezembro, inclusive Daryush e Parvaneh Foruhar (liberais proeminentes), Majid Sharif, colunista da revista Iran-é-Farda, e os jornalistas Mohamad Mokhtari e Mohamad Jafar Pouyandeh. Os assassinatos horrorizaram a imprensa reformista.