Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

JN não dá pauta!

Edição de Marinilda Carvalho

Edição de Marinilda Carvalho

 

“Cemitério do feminismo” é uma carta rara, enviada pela leitora Márcia Meireles. “A mídia sempre teve uma tremenda má vontade com o movimento feminista e nunca estabeleceu um diálogo real com o trabalho das feministas”, diz ela. “Decididamente, feminismo e mercado são conceitualmente irreconciliáveis.” Reclama também outra Márcia leitora, a Ribeiro, mas dos programas ditos femininos da TV.

Este assunto ? feminismo, mulher ? parece não dar muito ibope nem no Observatório (a não ser quando se trata de condenar maciçamente ? e isso é muito bom ? o “uso abusivo” de louraças pela televisão). Honra seja feita: a exceção aqui no O. I. é o trabalho permanente da Comissão de Cidadania e Reprodução, que regularmente publicamos em nossa seção Ofjor Ciência. Mas nas rubricas de crítica em geral (A Imprensa em Questão, Jornal de Debates) quase nunca encontramos análises do tratamento dispensado pela mídia à mulher.

Por que será? E por que a mulher ? até mais que o feminismo ? é tão maltratada na mídia? Afinal, nós, mulheres jornalistas, somos maioria nas redações… Pensando bem, é espantoso…

Um abraço, boa leitura.

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Clique sobre o trecho sublinhado para ler a íntegra da mensagem.

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Caro Alberto Dines, já é a segunda vez que vejo esta bobagem sendo repetida (a primeira vez foi pelo Augusto Nunes num programa do Observatório na TV), e não dá para passar sem resposta. NÃO é verdade que os jornais só fecham depois do Jornal Nacional, tese que vocês espalham para dizer que a imprensa tem uma pauta só e todos os assuntos são determinados pela mesmice do JN. Repito: NÃO é verdade. Basta vocês pesquisarem o horário de fechamento das redações (veja, por exemplo, o relógio da primeira página da Folha) para ver que isso é mentira.

Além do mais, raramente uma notícia do JN tem destaque na primeira página dos jornais ? o que mostra a grande mediocridade do JN, já que eles poderiam dar a manchete dos jornais de véspera. Pergunte a qualquer pessoa que esteja envolvida com o fechamento dos jornais hoje em dia se o JN tem alguma importância como referência da edição. Você e o Augusto Nunes são de uma época em que o JN tinha alguma qualidade ? talvez venha daí o equívoco em que estão incorrendo. Se achar conveniente, publique estas informações para que os seus leitores não continuem achando que os jornais são pautados pela mediocridade do JN.

Francisco Tass

Sobre a matéria de Fernando de Barros e Silva “A vitória do pré-feminismo de mercado”: o fato é que a mídia sempre teve uma tremenda má vontade com o movimento feminista e nunca estabeleceu um diálogo real com o trabalho das feministas. Não é de hoje que a TV, o rádio, a publicidade e as bancas de jornais e revistas têm se revelado o cemitério do feminismo e um terreno fértil para a afirmação do machismo. O trabalho das feministas começou com as sufragistas e em sua história vem conseguindo conquistas importantes para a sociedade brasileira. Alguns exemplos: garantia de licença-maternidade e paternidade, atendimento à saúde da mulher nas unidades básicas, delegacias da mulher e casas abrigo, ações de combate à violência doméstica e sexual, aborto legal.

Decididamente, feminismo e mercado são conceitualmente irreconciliáveis. Se existem Ana Maria Braga, Xuxa, Tiazinha reiterando o papel de submissão da mulher, também existem as eternas mesas de futebol, Ratinho, Cadeia, Leão reiterando o machismo. O que dizer do conteúdo das publicações dirigidas ao público masculino? As formas de atuação do movimento social se transformam, mas isso não significa que o feminismo morreu. As feministas continuam atuando e desenvolvendo um importante trabalho. Buscando uma sociedade em que as diferenças entre mulheres e homens não se traduzam em desigualdades, uma sociedade mais justa para homens e mulheres.

Temas e abordagens de revistas e programas de TV não têm nada a ver com o feminismo. Se fossemos medir os avanços da sociedade pelo que aparece em TV, rádio, jornais e revistas… socorro. Felizmente, a mídia espelha apenas um pedacinho da história.

Márcia Meireles

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Os meios de comunicação estão cada vez mais atualizados e avançados. Pela Internet podemos nos comunicar com o resto do mundo apenas digitando algumas teclas, com o telefone celular podemos ligar de qualquer lugar a qualquer lugar sem a “famosa” linha telefônica, e poderiam ser citados vários outros exemplos da facilidade de se comunicar hoje em dia. Mas a televisão ainda é o meio que mais constrói opiniões na sociedade.

A televisão tem a grande função de entreter as pessoas, mas às vezes tem o péssimo hábito de subestimar alguns grupos com seus programas. Como exemplo temos os programas femininos, que acabam sendo machistas: mostram que lugar de mulher é na cozinha, que ela só entende de lar, e no máximo sobre supermercado e moda.

Segundo pesquisas, as mulheres criticam tais programas, porque se sentem no direito de ter mais informações sobre assuntos variados e culturais, em vez das receitas de bolo e das aulas de enfeites, que não trarão lucro nenhum.

Também criticam o fato de tais programas serem exibidos somente no período matutino e vespertino, não considerando as mulheres que trabalham.

Felizmente as mulheres não se limitam a este tipo de comunicação. Se isso acontecesse, elas seriam como as mulheres dos anos 50, que cuidavam da casa e dos filhos. Como as mulheres estão cada vez mais ocupando cargos importantes, não dependendo dos maridos e mantendo às vezes sozinha uma família, pode ser que esse preconceito contra o “sexo frágil” mude, e os meios de comunicação dediquem mais espaço a assuntos de interesse da mulher, mas com competência.

Márcia Camila Ribeiro

Certos programas que aparentam funcionar basicamente da opinião da audiência às vezes se tornam inatingíveis pelo público. Programas como Jô Soares Onze e Meia, Turma da Cultura e Ratinho Livre pedem incansavelmente a opinião de quem os assiste, mas são muito raras as manifestações mostradas. Nota-se uma certa linha de pensamento na escolha das opiniões a serem expostas: esta linha sempre tem que concordar com idéias pré-definidas dos produtores e redatores.

Há vários exemplos de recusa. O estudante de Jornalismo Erik Akita, 19 anos, precisava manter contato com os apresentadores do programa Turma da Cultura, que, ao vivo, mantém e-mail, fax e telefone a serviço do público. É bom lembrar que este programa não tem audiência tão grande a ponto de ocasionar congestionamento de contatos. Por vários dias e meios variados, Erik tentou falar com o programa. Mas seus e-mails receberam mensagens automáticas de agradecimento, seus telefonemas nunca foram completados e não se sabe que fim tiveram seus faxes. Erik se sente enganado: “O programa passa uma imagem, e na verdade tem outra totalmente diferente.”

Outro programa que também não devolve a atenção dada é o Jô onze e meia. São várias as reclamações de e-mails não respondidos.

Estes programas deveriam parar de utilizar como enfeite os vários meios de comunicação disponíveis, e passar a usaá-los para realmente aumentar a comunicação com o telespectador. Isso acarretaria um ganho na qualidade.

Felipe Vergili

A pretexto de implementar medidas para reduzir os escandalosos juros bancários, o governo, de forma que pode ser considerada até maquiavélica, cria a “cédula de crédito bancário”, verdadeira obra-prima de subserviência aos interesses dos banqueiros. Grave, também, a meu ver, é o lamentável posicionamento da imprensa de um modo geral sobre esse caso, pois os noticiários, desde a edição das medidas, têm se preocupado quase que de forma absoluta a enfatizar um pretenso objetivo de reduzir os juros, quando, na verdade, como se vê, isso não ocorre. José Molteni Filho

A notícia de que a Cidade do Cabo cogita fazer um guia de seus bordéis, dada pelo New York Times, deve estar assanhando as lombrigas de nossos políticos. Seria uma maravilha, pois na África do Sul como no Brasil a maioria arrasadora da população não tem formação ou competência para enfrentar a globalização. É um excelente meio de se ganhar a vida, como, aliás, é rotina por aqui, inclusive para alcançar e sustentar notoriedades em alguns círculos. As televisões, também, devem estar eufóricas com a “deixa”.

Artur Lima

Matérias fundamentais dadas em veículos importantes desapareceram da imprensa como fumaça:

  • Bob Fernandes, em CartaCapital, fez matéria sobre lavagem de dinheiro sujo, principalmente no sul do país. Na época, o jornalista deu entrevista a Bóris Casoy (que me lembre, o único que pautou a matéria) no Jornal da Record e disse, entre outras coisas, que as investigações da Justiça demonstravam haver gente graúda envolvida, inclusive o Nacional e outras grandes empresas);
  • IstoÉ e, se não me engano, também a CartaCapital, deram a matéria dos processos e inquéritos abertos contra (ex)funcionários do governo, inclusive o ministro Malan, responsabilizando-os pelas gritantes irregularidades no Proer, de triste memória;
  • O Fantástico deu no ano passado, se não me engano, um carro movido a ar, desenvolvido na França, totalmente econômico e ecológico. Uma verdadeira revolução para a humanidade, se fosse verdade. Nunca mais vi nada na mídia.

Para terminar, gostaria de saber por que a grande imprensa ficou muda diante do escândalo da propina no Ministério dos Transportes (levantado pela Folha). E continua muda quando FHC disse que o escândalo será investigado internamente. Ninguém investiga, portanto, o próprio ministro. Acho que a imprensa nacional está se confundindo, mais e mais, com aquele “armazém de secos e molhados” de que falava o Millôr.

Gilberto C. Marotta

Acho que está havendo um certo tipo de estelionato, na relação provedores/companhias telefônicas/usuários. Explico: nenhum provedor, incluindo o UOL, que abriga o Observatório, adverte os usuários de que o acesso será lento, sempre lento, a despeito do poder do modem utilizado. Mauro Ribeiro

Fiquei indignado com a manipulação que o SPTV fez sobre a rebelião na Febem. No dia em que se iniciou a rebelião e o rapaz começou a ser espancado na frente da polícia, mídia e famílias, o repórter disparou: “A mãe do rapaz começou a passar mal depois que viu seu filho sendo espancado pela polícia.” É bom deixar claro que o SPTV não mostrou nenhuma imagem do espancamento, só da mãe passando mal.

Veja bem, polícia. No dia seguinte comprei o Diário Popular e vi a foto do rapaz sendo espancado pelos outros menores, e não pela polícia. Na hora, fiquei indignado. A polícia tem seus defeitos, isso todo mundo sabe. Mas daí a acusar a polícia de espancar o rapaz sendo que foram seus pares que fizeram isto é demais.

E digo isto porque no outro dia 4 rapazes morreram, e eu acredito que se o repórter tivesse agido da maneira correta, mostrando a situação real da rebelião, a população teria sido informada da gravidade, e talvez estes 4 rapazes teriam sido salvos. Pelo contrário, o repórter optou pela crítica fácil à polícia e o resultado todo mundo viu.

Vocês do Observatório podem solicitar a fita ao SPTV, porque acredito que não se trata de um erro de edição, a não ser que o repórter não tenha ido à Febem e resolveu falar de “orelhada”.

José Roberto

A Campanha Nacional de Registro de Nascimento que o governo federal está promovendo é desonesta e preconceituosa e está levando todos os jornalistas a aderir sem dupla checagem para ver as várias faces da verdade. Uma série de meias-verdades pode resultar numa enorme mentira. Célia Magalhães do Valle

Na passagem para o novo milênio, estarão sendo promovidas manifestações pela paz, ao redor do mundo, por iniciativa da URI (United Religions Initiative). A URI é uma organização que se constituiu por solicitação da ONU com o objetivo de promover diálogos pela paz nos 5 continentes. No Brasil, diversas entidades da sociedade civil se reuniram numa única proposta: promover 72 horas de não-violência na mídia na passagem para o novo milênio, de 31 de janeiro de 1999 até 2 de janeiro do ano 2000.

Entre as entidades envolvidas estão o CNP (Conselho Nacional de Propaganda), a WBA (World Business Academy)), Brahma Kumaris, Associação Palas Athena, ADVB (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil), PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), Rede Internacional de Educação para a Paz, Associação Viva e Deixe Viver, Viva Rio, ISER (Instituto de Estudos Religiosos), Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Federação Nacional dos Jornalistas, Grupo TVer, URI (United Religions Initiative), Centro de Voluntariado de São Paulo, Lama Gangchen World Peace Foundation, entre outras.

Contato: Livio Giosa ? Endereço: Rua Groenlândia, 78, Jardins, CEP 01434-000, São Paulo, SP; Telefone/Fax: (011) 887-8485 e-mail: <glm@liviogiosa.com.br>

Rosa Alegria

Em protesto contra a união FolhaGlobo, acabo de mandar um e-mail pedindo meu cancelamento da assinatura do jornal. Não quero nenhum contato com a Rede Globo.

João Evangelista Domingues, São Bernardo do Campo, SP

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Cansados de assistir aos ataques entre SBT e Globo, tínhamos também as brigas entre os dois maiores grupos editoriais do país, Globo e Folha. Suspeitava que eram brigas entre namorados, fato que agora vejo confirmado. Leonardo

Fico imensamente feliz por ver esse debate sobre a programação das TVs (inclusive desenhos animados), disseminando a violência gratuita e banal. Parabéns pela iniciativa de vocês. Fiquei aborrecida quando ouvi na TV Globo esse mesmo assunto sendo tratado apenas como uma dúvida: há livros antigos de sociologia e de psicologia social evidenciando, e algumas pesquisas comprovando, o peso que a programação das TVs têm na fomentação de comportamentos violentos. Precisamos de programas como este para alertar a população para esse processo e, principalmente, para o poder que a própria população tem de controlar os abusos. Mais uma vez, parabéns.

Cristiane Ap. da Silva, psicóloga e professora universitária


Continuação do Caderno do Leitor

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