Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Jornais econômicos desprezam manchetes

BARÔMETRO

Na última sexta-feira (10/5), os principais jornais brasileiros destacaram em suas manchetes a queda do indíce Bovespa e a disparada do dólar. Os dois movimentos teriam ocorrido em função de boatos sobre a queda do candidato oficial, o senador José Serra (PSDB), em uma suposta pesquisa de intenção de votos.

O Jornal do Brasil e a Folha de S. Paulo levaram o assunto para as suas manchetes: "Boato eleitoral abala mercado" foi a interpretativa chamada do JB. Mas factual, a Folha, preferiu reportar números em sua manchete: "Dólar vai a R$ 2,47; bolsa cai 4,08%". O Estado de S. Paulo também deu grande destaque ao assunto, mas não a manchete: "Pesquisa eleitoral que ainda nem foi feita derruba mercado" era a terceira chamada, ainda acima da dobra, do jornal naquele dia.

Curiosamente, os diários especializados não deram muita bola para o confuso e volátil cenário dos mercados naquele dia. O desdém teve seu ápice no Valor Econômico, que nem sequer destacou o assunto em sua primeira página. A notícia ficou confinada do caderno de Finanças, com título "neutro" (Dólar crava maior cotação do ano). Se o leitor de Valor não leu o texto da primeira matéria, só ficou sabendo que o movimento do mercado tem alguma relação com a boataria sobre a queda de Serra nas pesquisas se viu o título da sub-retranca (Tensão eleitoral derruba bônus brasileiro).

A rigor, entre os jornais econômicos foi a Gazeta Mercantil quem deu melhor trato ao assunto naquela sexta-feira. O DCI saiu com discreta chamada na primeira página, relacionando a oscilação dos mercados com as pesquisas sobre as eleições de outubro. A matéria interna, porém, não foi sequer abre de página. Já a Gazeta dedicou ao assunto o que pode ser considerada a sua segunda chamada de primeira página, também relacionando o movimento do dólar e da bolsa com os boatos eleitorais. No caderno de Finanças, a mais elucidadora manchete entre os jornais econômicos: Boatos de novas pesquisas eleitorais assustam o mercado. (LAM)