Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Keila Jimenez e Renata Gallo

TV & INFÂNCIA

"A indústria da fama infantil", copyright O Estado de S. Paulo, 10/08/03

"Simony tinha dentes de leite quando estourou na TV e nas rádios no comando do grupo Balão Mágico; Narjara Tureta ainda era uma menina quando emocionou o público como filha de Regina Duarte no seriado Malu Mulher.

Ambas fizeram grande sucesso. De uma hora para outra, desapareceram.

As duas são exemplos de que o sucesso infantil não é certeza de fama no futuro. No mundo efêmero da TV, não são poucos os casos de crianças que surgem e somem da telinha como num passe de mágica, crianças que enfrentam ?nãos? na carreira que assustam até gente grande, que no auge dos seus 12 anos de idade já estão ?velhas? demais para a TV, ?perderam a graça?, como dizem muitos produtores.

Mesmo assim, a busca das mães por cinco minutos de fama para seus pequenos não pára. São maratonas de testes, filas, disputas acirradas em concursos, gastos com fotos, vídeos, cursos… Vale tudo para lançar os pimpolhos aos ?leões? do estrelato. Há toda uma indústria que sobrevive e cresce dessa ânsia.

A agência Talentos Brilhantes é um exemplo. Com apenas quatro anos no mercado e com uma propaganda maciça na TV, a empresa já tem 20 unidades espalhadas pelo Brasil e cerca de 20 mil rostinhos em seu banco de dados.

O diferencial da agência, segundo Benito Alvarez Rizzi, um dos sócios, é que a Talentos Brilhantes cria demanda, ou seja, produz programas para serem veiculados na TV como se fosse uma vitrine para seus produtos: as crianças.

Nesses programetes, que podem ter até formato de novela ou minissérie, os pequenos aparecem exibindo seus dotes: cantam, dançam, desfilam ou atuam. E olha que a logística da empresa é sofisticada. ?Temos algumas janelas nos programas para mostrar a criança local em sua região?, explica Rizzi. Assim, segundo ele, fica mais fácil para os produtores dos diferentes Estados do País escolherem a carinha que se encaixa melhor ao seu produto.

E não é só. A mãe que leva seu filho para se cadastrar na Talentos Brilhantes tem outras ?vantagens?: descontos em lojas e lanchonetes e até uma loja de roupas – cujo chão simula uma passarela, com direito a câmera de vídeo para a criança ver se a roupa lhe caiu bem – são algumas delas. Mas todo esse ?conforto? não cai do céu. Apesar de Rizzi afirmar que, de acordo com os ?Mandamentos da Talentos Brilhantes? – sim, existe um -, para se inscrever na agência não é preciso gastar dinheiro com books e apenas pagar uma taxa de R$ 60 (que pode ser parcelada em duas vezes), é difícil encontrar um ?filiado? que não tenha gasto menos de R$ 300 em todo o ?tour?.

Ivaneide de Souza Silva, de 30 anos, dividiu com sua cunhada seis parcelas de R$ 100 para agenciar sua filha e sua sobrinha. Por esse preço, Juliana, sua filha de 8 anos, teve direito a fotos, teste de vídeo e curso de passarela. Sua cunhada, Márcia de Oliveira, de 26 anos, conta que sua filha Andressa, de 7 anos, se tornou mais ?solta e independente? depois que passou a freqüentar a Talentos Brilhantes. ?É sacrifício pagar, mas eu quis dar para a minha filha uma oportunidade que eu não tive?, explica.

Frustração e culpa – Para o psicanalista Jacob Pinheiro Goldberg, essa ânsia das mães em transformar os filhos em artistas é muito prejudicial às crianças e uma forma de manipulá-los. ?Os pais transformam os filhos em instrumento de seu desejo, e, depois, quase que inconscientemente, passam boa parte do tempo convencendo a família e a sociedade que seu filho é que queria ser ator, ou cantor, que ele nasceu para aquilo. Querem se livrar do peso na consciência?, fala o especialista.

Em contrapartida, segundo Goldberg, com o tempo, a criança percebe essa instrumentalização e se torna cada vez mais vulnerável. ?Quando ela recebe um ?não?, é reprovada em um teste, deixa de fazer sucesso, então sente que está em dívida com os pais. Sente culpa. Isso costuma causar danos graves à formação de uma pessoa.?

O que não quer dizer que não existam crianças talentosas, diz Goldberg. Para ele, não existe uma idade certa para os pais investirem no desenvolvimento de um talento do filho, o que deve existir é o bom senso dos adultos em fazer isso paulatinamente. ?Crianças podem querer ser ator, podem cantar bem. A vontade da criança tem de ser respeitada. O que não pode é, ao menor sinal de que seu filho gosta de interpretar, jogá-lo em um teste de TV. Uma coisa é incentivar sua criança a fazer parte do grupo de teatro na escola, outra é entregá-la à voracidade dos veículos de comunicação. O timing é outro?, diz.

A empresária Vera Gomes confessa que teve de fazer terapia para parar de projetar a sua vontade em seu filho. Quando o primogênito, Bruno, tinha 4 anos, Vera o levou para o primeiro teste. Embora a faixa etária procurada para o papel fosse maior, 9 anos, Bruno acabou aprovado e lançou uma grande campanha de sapatos. Depois do primeiro comercial, seguiram filmes, apresentações em programas, participações em novelas. Tudo para a alegria da mãe coruja. ?Eu tive o desejo que meu filho se tornasse um artista e dava minha vida por isso?, diz.

A preocupação de que nada desse errado era tamanha que, na semana de teste ou gravação, Vera vigiava o filho de perto. ?Tinha medo de ele cair, se machucar e colocar o meu sonho a perder.?

Com o passar dos anos, Bruno se desinteressou e escolheu ficar atrás das câmeras. Quer ser diretor de cinema, para frustração de Vera. ?Para mim era a glória quando o Bruno dizia que queria ser famoso. Achava que ele ia ser como o Edson Celulari, o Reynaldo Gianecchini, distribuir autógrafos. Mas decidiu ser diretor, que não aparece?, diz, contrariada.

O ?trauma? de Vera, no entanto, gerou um fruto: a Dois Tons, agência especializada no público infantil que tem um dos maiores índices de aprovação entre as produtoras. Com cautela de quem já provou da fonte, Vera comanda a empresa, hoje com 15 anos, que tem mais de 20 mil propagandas no currículo e lançou nomes como Cecília Dassi, Caio Blat e Suzana Alves.

Ao contrário da Talentos Brilhantes, na Dois Tons, as crian&ccediccedil;as passam por uma triagem. ?Tem agências que prometem tudo e deslumbram os clientes, mas nós fazemos um teste para ver se vale a pena a mãe investir dinheiro com fotos e cursos. Sei como a vaidade pode levar os pais ao sacrifício?, diz.

Segundo Vera, além da fantasia de ver seu filho como artista, outro fator que leva os pais a agenciarem seus filhos são os preços dos cachês. Em algumas horas de trabalho, a criança pode ganhar de R$ 500 a R$ 800 – preço médio pago pelas produtoras.

E o valor, para grande parte dos candidatos à fama, faz diferença no orçamento. Edna Pereira da Silva, de 36 anos, há um mês viaja de Volta Redonda a São Paulo para levar a filha Geisilaine, de 8 anos, para cantar no Programa Raul Gil, da Record.

De família de músicos e artistas de circo, Geisilaine já faz shows em sua cidade, mas é a primeira vez que tem a chance de ganhar uma bolada: R$ 2,5 mil. No programa de Raul Gil, os candidatos a calouros têm de arriscar o prêmio, que se acumula a cada semana, até conseguir se classificar. ?É o sonho dela, mas é claro que o dinheiro seria importante para a gente?, diz Edna, entre lágrimas.

De toda forma, a aparição na TV fez o cachê do show de Geisilaine subir de R$ 15 para R$ 50 em sua cidade.

Miniatura de Gugu – O garoto Marcos Felippe Nunes, conhecido como Dani Boy, já conheceu os dois lados da moeda da fama.

Aos 10 anos de idade, experimentou a sensação de ser dispensado de seu papel. Dani Boy – que ganhou o apelido por gostar de cantar músicas do cantor Daniel – trabalhava até o ano passado no Domingo Legal, como assistente mirim de Gugu. É ?artista? desde os 2 anos de idade, quando dançava vestido de palhacinho na porta de lojas de departamento em Jacareí, no interior paulista, onde mora.

Foi contratado pelo SBT aos 6 anos, de tanto sua mãe, a dona de casa Marília Nunes, insistir com a produção que ele era talentoso. Usava terno e microfone como Gugu, cantava, dançava, carregava fichas do programa. E a mãe até tingiu de loiro os cabelos do garoto para que ele ficasse mais parecido com o apresentador. Ganhava cerca de R$ 326 por mês.

No ano passado, o garoto foi dispensado da emissora, sob a alegação de que a Vara da Infância e da Juventude não queria mais crianças trabalhando no Domingo Legal. ?Ele ficou muito triste, chorou por vários dias, afinal, começou no programa muito pequeno, se apegou às pessoas?, conta Marília.

?Conversei muito com ele e até levei na psicóloga, mas tudo já está bem.? E Marília não desiste da luta: ?Acabou sendo bom porque agora ele pode participar de programas em todas as emissoras. Antes, tinha de ser exclusivo do SBT.?

Marília conta que, apesar de ficar chateado, Dani Boy insiste na carreira e continua cantando, animando festinhas e indo a eventos. ?Já tentei tirar da cabeça dele, mas ele não quer desistir de ser cantor?, fala. Em seguida, emenda: ?Agora teremos um outro artista na família. É o irmãozinho do Dani Boy, o Walace Angel. Ele tem 1 ano e meio e já está cantando. Logo estará na TV.?

Rei e plebeu – Para o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa, as crianças não possuem as mesmas ambições que os adultos. Elas não querem ser famosas, ricas, poderosas. ?Elas somente querem ser amadas e, se fazer sucesso faz com que os pais as amem, elas querem fazer sucesso?, diz o psicanalista. ?O que acontece é que muitas dessas crianças acabam enfrentando a mesma crise vivida pelos jogadores de futebol com mais de 25 anos e as modelos com mais de 30: a do rei que volta a ser plebeu quando o sucesso acaba. Se isso é difícil para um adulto, imagine para um ser ainda em formação.?

Gaiarsa, assim como Goldberg, concorda com o fato de que há crianças que nascem com talento, mas o processo de desenvolvimento deve ser cauteloso.

?Crianças nascem com talento sim, Mozart (compositor) é um caso real disso.

O problema é que os pais estimulam esses talentos de forma errada. Acabam com o que a criança tem de melhor, a espontaneidade?, fala Gaiarsa. ?É comum vermos na TV crianças cantando músicas sobre um amor, traição, sentimentos que elas nem conhecem. Elas são transformadas em miniadultos, são reinventadas. Além de ridículo, é perturbador. Os pais deveriam protegê-las, não expô-las.?

Legislação – No Brasil não são muitas as leis que protegem as crianças da exposição nos veículos de comunicação. Uma delas é o artigo 149 da Lei n.? 8.069/90 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que determina que a participação de crianças em programas de TV impõe prévia autorização judicial, alvará, mesmo que os pais e responsáveis estejam acompanhando o menor. Esses alvarás servem para especificar à Justiça em que condições o menor trabalhará na TV, levando em conta as instalações, a adequação do ambiente e a natureza do espetáculo.

Na Câmara dos Deputados pairam projetos que querem regulamentar a participação de crianças em filmes publicitários, mas nenhum ainda foi adiante. Na Europa, o controle é rígido. Em Portugal, por exemplo, crianças não podem participar de propagandas de produtos voltados para adultos. Na Suécia, os anúncios dirigidos a menores de 12 anos foram banidos da TV.

 

"Mãe de pretendente a astro sofre", copyright O Estado de S. Paulo, 10/08/03

"Você conhece a mãe de Miss, a mãe da Sandy. Essa última está plugada 24 horas por dias na filha famosa, até porque, à função de mãe coruja, soma a de empresária dedicada. Mas Sandy e sua mãe são exceções.

Afinal, trata-se de um produto vitorioso. A mãe de Miss talvez entre melhor no perfil dessa matéria. Só uma vai para o pódio e as mães das outras têm de secar as lágrimas das que perderam. Mãe de Miss sofre. Mãe de pretendente a estrela, também. Há um clássico do cinema italiano que trata justamente do assunto.

Belíssima foi realizado por Luchino Visconti em 1951. É um filme de transição na carreira do grande artista. Visconti antecipou o neo-realismo com Obsessão, em 1942, e deu ao movimento que floresceu no cinema italiano, após a 2.? Guerra Mundial, uma de suas obras-primas com A Terra Treme, em 1948. Em 1954, com Sedução da Carne, estava na linha de frente das mudanças que iriam substituir o neo-realismo. Dizia que era um realista sem o neo. Já era em Belíssima.

Esse foi o tributo de Visconti à diva Anna Magnani. Ela é uma figura ímpar do cinema italiano. Aparece no filme-manifesto do neo-realismo – Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini, de 1946 -, embora a sua simples presença já represente uma contradição, em termos. O neo-realismo, por princípio, celebrava o homem comum e, para expressá-lo na tela, diretores como Vittorio De Sica gostavam de recorrer a atores não profissionais.

Rossellini cedeu de cara ao divismo da Magnani. Substituiu-a por Ingrid Bergman nos filmes seguintes. Suas mulheres comuns eram, na verdade, estrelas.

Anna vai para a frente do espelho numa cena famosa de Belíssima. Pergunta o que é representar e diz que, sinceramente, não conseguiria fazê-lo. Dar vida a outra pessoa não é coisa para ela. É uma ironia de Visconti com a atriz que sempre foi considerada a representação da alma italiana. Tem mais a ver com a filha da mulher que Anna representa em Belíssima. O filme conta a história de uma mulher saturada da mediocridade de sua vida. Ao saber que um um famoso diretor de cinema – Alessandro Blasetti, fazendo o próprio papel – procura uma atriz mirim para seu próximo filme, ela tenta empurrar a filha, usando a menina para compensar sua insatisfação.

A menina é uma peste. Feia, sem graça, é um desastre na hora do teste, o que arranca lágrimas da mãe, quando ela ouve o comentário desabonador de um dos integrantes da equipe do filme, ironizando a falta de jeito da menina. E é aí que o espectador percebe o que Visconti realmente quis dizer com Belíssima. As lágrimas da mãe não são só as de alguém que viu solapado seu sonho de grandeza. Ela queria ganhar fama e dinheiro por meio da filha, mas a decepção é mais funda, na medida em que Belíssima é um filme sobre o eterno e muitas vezes cego amor materno, para o qual o filho é sempre belo, talentoso e destinado a grandes coisas. A descoberta de que isto não é verdade pode ser dolorosa."

 

DE FRENTE COM GABI

"Gabi amplia o território da conversa séria", copyright O Estado de S. Paulo, 10/08/03

"Neste universo videoclipado da TV, as emissoras abertas resistem a abrir horário na programação para atrações mais ?paradas?. Desta forma, os programas de entrevistas, populares nos primórdios da TV brasileira, são descartados. Quando muito, são repaginados como talk shows. Ou seja, parte-se do princípio de que conversa pura espanta o telespectador e fidelizá-lo só é possível com a agregação do show papo sério.

Jô Soares é o que melhor representa o talk show brasileiro e inspirou a aparição de simulacros como É Show (Record), Superpop (Rede TV!), Boa Noite Brasil (Bandeirantes), etc. Poucos sobreviventes sobraram para carregar a bandeira da conversa pelo conteúdo na rede aberta. Roda Viva (Cultura), Canal Livre (Band) e Passando a Limpo (Record). Por isso, a volta de Marília Gabriela para reforçar esse minguado time é, por princípio, bem vista pela parte da audiência que não foge do canal quando nota a falta das abobrinhas.

Mas não foi uma tarefa fácil para Marília voltar ao SBT e fazer algo diferente do que marcou sua última passagem pela emissora de SS, quando teve de lotear o horário de seu De Frente com Gabi para acomodar o pensamento de popstars como Carla Perez, Luciano Camargo e outros, na mesma edição.

Marília só emplacou seu cara a cara porque fez o programa fora do SBT (com a independente Sardinha Produções) e topou um horário (meia-noite do domingo) pouco concorrido e por isso menos valorizado.

O novo De Frente com Gabi estreou bem. Seu encontro com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, registrou 5 pontos de média no Ibope (na Grande São Paulo).

O programa volta com novidades. A conversa é sustentada também por uma pesquisa histórica que apresenta o entrevistado ao público. Imagens da trajetória da personalidade, incluindo fotografias de familiares e flagrantes com companheiros (no caso do ministro) contextualizam a entrevista.

Marília é uma boa entrevistadora, talvez a melhor da TV brasileira, mas ela não é auto-suficiente. Não adianta caprichar no trabalho de garimpagem de boas histórias e reflexões se o entrevistado não tem o que entregar. Tem que render para manter a atenção do público.

A primeira entrevista foi boa também porque José Dirceu tem consistência e possibilitou à jornalista exercer bem seu ofício de garimpeira. Ao contrário dos talkshowzistas, Gabi coloca o entrevistado em primeiríssimo plano, sem cair na tentação de usá-lo como escada para brilhar. Bonita de cabelos crespos e costume de executiva, ela contrasta com o cenário austero (de madeira escura). Na verdade, o cenário é pesado demais até para as revelações de figuras do primeiro escalão do governo. Talvez o ambiente (similar a uma biblioteca centenária) seja intencional, porque a loirice de Marília realmente se destaca.

Por causa do entusiasmo da estréia ou mesmo por ansiedade, Marília abusou do superlativo na abertura do programa: ?interessantíssima? e ?belíssimo?, etc.

Antes, porém, ela justificou a intimidade no tratamento informal do ministro. Além de se conhecerem há muito tempo, José Dirceu ameaçou chamá-la de ?senhora? caso ela insistisse no ?senhor?. Claro que ela cedeu sem hesitar."

 

SBT / FUTEBOL

"Justiça favorece SBT por futebol paulista", copyright Folha de S. Paulo, 11/08/03

"O SBT terá o direito de preferência na disputa com a Globo pelos direitos de transmissão do Campeonato Paulista de 2004. Assim, poderá cobrir as ofertas financeiras da rival, que tinha esse privilégio até o ano passado.

O SBT conquistou o direito de preferência após o juiz Manoel Justino Bezerra Filho, da 29? Vara Cível de São Paulo, extinguir, há um mês, a ação em que a Globo exigia o direito de assinar contrato com a Federação Paulista de Futebol (FPF) pelo Paulista-03.

O juiz decidiu que ?não há qualquer razão para a formalização de instrumento contratual? por um ?campeonato já encerrado? (em março) e rejeitou argumento da Globo de que o precesso deveria ter andamento para discutir a preferência pelo torneio de 2004.

Assim, como a Globo não teve contrato com a FPF em 2003, passa a valer o do SBT, que lhe dá preferência sobre o de 2004.

No início deste ano, Globo e SBT travaram uma ?guerra de liminares? pelo Paulista-03, que acabou sendo exibido pelas duas. Em novembro, a FPF assinou contrato com o SBT. A Globo tinha até 27 de dezembro para manifestar a preferência, mas a FPF argumenta ela só o fez depois.

Na última sexta, o SBT iniciou as negociações pelo Paulista-04. O superintendente Guilherme Stoliar almoçou com Eduardo José Farah, ex-presidente da FPF. Nesta semana, deve se reunir com a diretoria da entidade.

OUTRO CANAL

Na contramão 1 Sem alarde, o canal de TV na internet AllTV (www.alltv.com.br) exibiu na quinta e na sexta trechos do documentário ?Beyond Citizen Kane? (?Muito Além de Cidadão Kane?), produzido há dez anos por Simon Hartog para a TV britânica Channel Four, e que mostra a relação do jornalista Roberto Marinho (e da Globo) com o regime militar.

Na contramão 2 Desde 1993, o documentário está proibido pela Justiça de ser exibido no Brasil. Mesmo assim, a AllTV promete hoje, às 18h, um compacto de 40 minutos, abordando o caso Proconsult, a cobertura das Diretas Já e a edição do debate entre Lula e Collor, em 1989. O vídeo proibido também está no site ?Telejornalismo em Close? (http://caid.sites.uol.com.br/index_citizenkane.htm).

Coroa 1 A família real brasileira, quem diria, vai parar no ?Linha Direta?, programa policial da Globo. O próximo especial ?Justiça?, irá tratar do caso ?Fera de Macabu?, sobre um rico fazendeiro condenado à morte, para muitos injustamente, pela chacina de oito pessoas de uma mesma família, em meados do século 19.

Coroa 2 No programa, que vai ao ar no final deste mês, dom Pedro Bourbon de Orleans e Bragança, tetraneto de dom Pedro 2?, fala sobre o arrependimento do imperador por não ter evitado o enforcamento _que levou à abolição da pena de morte no país."