Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1280

Lá também tem cartel

MONITOR DA IMPRENSA

MÍDIA CANADENSE

Diz-se que a liberdade de expressão é verdadeiramente aproveitada apenas pelos donos da mídia. São eles que determinam o que você lerá no seu jornal e o que nunca saberá. Eles raramente pisam nas redações, não espiam sobre os ombros dos repórteres e editores para escolher o que será publicado. Mais práticos, contratam as pessoas certas – de acordo com artigo de Don MacPherson [The Montreal Gazette, 15/2/01].

Em Quebec, duas cadeias de jornal controlam todos os veículos, à exceção de um dos 10 diários de língua inglesa vendidos na província. Juntos, têm 97% dos jornais de língua francesa em circulação. O único independente é Le Devoir, o menor dos diários de Montreal.

E a concentração cresce. No ano passado, uma terceira cadeia, a Hollinger Inc., de Conrad Black, saiu do negócio vendendo seus três jornais à Gesca Ltd., subsidiária da Power Corp. Expandindo-se para os lados, a concentração também atinge outras mídias. No ano passado, a Quebecor Inc. adquiriu a emissora TVA, obtendo o controle das duas estações privadas de língua francesa, além de dois grandes jornais diários e 51 semanários – principal fonte de informações local.

Jornalistas estão preocupados com a cartelização. Quanto mais concentradas são as propriedades da mídia, menos vozes serão ouvidas. Haverá menos competição por reportagens que mantêm a mídia honesta – e menos disputa pelo serviço de jornalistas, assim como menos emprego para a profissão. A democracia será mordomia, e jornais e jornalistas, os mordomos.

E caso alguém questione a situação da mídia canadense de língua inglesa, o fato de a CanWest Global Communications ser dona das duas emissoras privadas de TV da província, bem como de seu mais importante diário, o Gazette, o caso não parece o conselho que, diz a lenda, tem o dever de controlar o monopólio.

TV TCHECA

A crise na TV pública tcheca terminou depois de longa greve de jornalistas e dos maiores protestos de rua desde a queda do comunismo. A greve foi encerrada com a assinatura de um acordo entre a equipe da estação e seu novo líder, Jiri Balvin. Agora, as emissoras voltaram ao normal, segundo a BBC (10/2/01), com o logo "greve" removido dos cantos da tela.

O protesto começou antes do Natal, com a indicação de um novo diretor-geral, Jiri Hodac, considerado pau-mandado de políticos [veja remissões abaixo]. Ele se demitiu devido à pressão dos protestos de rua em janeiro. Balvin, indicado pelo parlamento em 9 de fevereiro, disse que o acordo é o primeiro passo em direção ao retorno aos padrões profissionais da TV Tcheca. E garantiu que a emissora manterá independência política.

Entre outros, Balvin demitiu Vera Valterova, gerente da estação, e Jana Bobosikova, diretora de notícias, contratadas por Hodac.

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