Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Último Segundo

PRÊMIO PULITZER

“Boston Globe ganha Pulitzer por prestação de serviço”, copyright Último Segundo (www.ultimosegundo.com.br), 7/04/03

“O Boston Globe ganhou o Pulitzer por prestação de serviço na segunda-feira pela ?abrangente e corajosa cobertura? em suas revelações de abuso sexual por parte de padres da igreja católica romana.

O Los Angeles Times e o Washington Post ganharam cada um três dos prêmios mais prestigiosos.

Como revelação, a equipe do Eagle-Tribune de Lawrence, ganhou pelas histórias do afogamento acidental de quatro garotos no rio Merrimack. É o segundo Pulitzer do jornal de 60 mil exemplares; que ganhou o primeiro em 1988.

Clifford J. Levy, do New York Times, ganhou o prêmio de reportagem investigativa por uma série sobre abuso de adultos com doenças mentais em casas regulamentadas pelo estado de Nova York.

A equipe do Wall Street Jounal ganhou o prêmio de reportagem explicativa por uma série de escândalos em companhias americanas. Os juízes consideraram o trabalho ?claro, conciso e abrangente? que revelou ?as origens e o impacto significativo dos escândalos corporativos na América?.

A repórter de saúde Diana K. Sugg do Sun (de Baltinore) ganhou o prêmio de reportagem de histórias de vida por ?histórias que iluminaram os complexos assuntos médicos por meio da vida das pessoas?.”

 

JORNALISMO VALE-TUDO

“Chamem o síndico!”, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 7/04/03

“Adoro Tim Maia desde os saudosos tempos de Pavuna, no início dos anos 70, época em que eu e os amigos Ermeci, Gilberto, Zémar, Luis e Tadeu – a equipe de som Young Power (quem disse que o inglês só invadiu agora tendo como base a Barra da Tijuca?) – consumíamos doses industriais de ?soul music? (Marvin Gaye, The Temptations, Four Tops, The Chi-Lites, Jackie Wilson, The Supremes, Gladys Knight and The Pips, Jackson Five – os meus favoritos -, The Stylistics, The Dramatics, etc, etc, etc) servidas em discos de vinil, fitas K7 e programas do sumo-sacerdote Monsieur Lima (pronunciava-se Limá) na TV Tupi. Tempos em que era impossível assistir Tim ao vivo – shows muito caros para os clubes de São João, Pavuna e Anchieta -, mas que pudemos ver uma parte da história do movimento negro do Rio sendo feita em cima do palco pela Banda Black Rio, que como só foi descoberta pelos bacanas da Zona Sul uns anos mais tarde, ainda se apresentava no Pavunense ou no Anchieta de vez em quando, na minha época.

Por que estou lembrando de Tim Maia e do povo soul? É que, mais para cá no tempo, aí pelo início dos 80, com sua genialidade quase reconhecida (algo que só foi admitido mesmo na passagem para os 90), Tim fez uma música muito legal, que cantava com a Sandra Sá (não tinha ?de? naquele tempo), chamada ?Vale Tudo? (?Vale tudo!/Vale tudo!/ Vale o que vier/ Vale o que puder/ Só não vale homem com homem/ E mulher com mulher/ O resto vale!?). Pois acho que essa é a trilha sonora para a imprensa nos dias de Bush II.

Exagero? Mesmo? Então você anda esquecendo o que rolou no meio, digamos, nos último ano no meio, aqui e lá fora. Esqueceu do JB, por exemplo. O jornal de Nelson Tanure pressionou toda a redação para deixar de receber pela CLT (hoje, são raros os celetistas entre os jornalistas, se é que há algum), transformando todos em pessoas jurídicas, em firmas. Em contrapartida, o salário seria maior e recebido em dia, e as verbas rescisórias pagas em suaves prestações mensais. Pois bem, o que aconteceu? Os salários continuam atrasando mês sim, mês não (o 13? salário só pingou nas contas há pouco) e o pagamento das verbas rescisórias foi interrompido, forçando quem já saiu da empresa a procurar a Justiça a fim de tentar receber o que lhe é de direito.

Quer outro exemplo do ?vale tudo?? Gazeta Mercantil. Ou você não lembra do ?Dia do Feitiço do Tempo?, quando o jornal mandou às bancas a mesma edição do dia anterior (incluindo as cotações do mercado financeiro) na maior cara-de-pau? Esse foi o ponto mais baixo (pelo menos por enquanto), mas até chegar a ele (e depois também) o jornal deixou de circular alguns dias e freqüentemente chegou (e chega) quase no fim da manhã às bancas. Isso sem contar que não paga em dia os jornalistas (que também não conseguem receber as verbas rescisórias quando desistem e saem, ou são demitidos).

Mas não vamos ser injustos com os patrões. Eles não são os únicos a terem partido para o ?vale tudo? em termos de imprensa. Não vou nem recordar o caso de plágio escancarado que rolou aqui no Rio e já foi sobejamente comentado. Prefiro pontar a nota de um colunista de jornal carioca que vive em Brasília, publicada no sábado 29 de março.

Lanche

Lula, perplexo, lendo no jornal uma frase que não pronunciou: ?Estou comendo o pão que o diabo amassou?.

– Se pelo menos aparecesse o nome da pessoa para quem eu teria dito essa bobagem…

Ou da padaria.

Bem feito!

Governo que não dá informação estimula a invenção.

Dos próprios membros.

Lendo nas entrelinhas: se vocês, do governo, nos obrigarem a levantar destas confortáveis cadeiras e ir apurar, vamos publicar o que qualquer fofoqueiro falar. Depois vocês que se virem para desmentir.

Sejamos mais justos ainda, porém. Não só os coleguinhas daqui apelam para conseguir o máximo de efeito com o mínimo de esforço, como mostra o caso do fotógrafo Brian Walski, do Los Angeles Times. O rapaz, para dar mais força a uma foto, fundiu duas outras, de maneira a fazer com que um soldado das forças de ocupação anglo-americanas pareça estar dando, de maneira rude, uma ordem de parada para um iraquiano que carregava uma criança de colo. O cara, é claro, foi demitido depois de descoberta a fraude, mas o problema é que ele tentou, certo?

Também com os exemplos que este pessoal recebe…Veja aqui e aqui exemplos das violências contra a liberdade de expressão e opinião e de imprensa cometidas nos Estados Unidos, país que, em outros tempos, sempre se orgulhou da – e foi admirado pela – defesa intransigente desses dois pilares da democracia.

Pois é, com esses exemplos vindos da matriz, o que podemos esperar das filiais ideológicas daqui, né? Parece que só nos resta não um tango argentino, mas Tim, Sandra e a gravação de ?Vale Tudo!?

Lei – Para quem ficou interessado na relação entre lei e Internet, duas dicas tiradas do blog de minha guru Cora Rónai: Cyber Law e Copyfight.

TV Digital – Por falar em gurus, torço para que a Cristina De Luca, Carlos Eduardo Zanatta e outros bambas analisem as diretrizes publicadas semana passada pelo Ministério das Comunicações sobre a TV Digital no Brasil. Ou muito me engano, a ênfase na interatividade do ponto de vista do cidadão e da inclusão social é revolucionária e muda completamente o eixo da discussão sobre o tema, que vinha se pautando apenas pelo interesse empresarial, deixando lá para quinto ou sexto plano as necessidades da sociedade.”