Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Maluf e ACM

Não leio todos os jornais, todos os dias. Mas leio muitos jornais, sete dias por semana. Acredito que sejam os principais jornais do país: JB, O Globo, Estadão, Folha, Gazeta Mercantil, JT e Diário Popular. Todos eles vêm cobrindo as farfalhices e traquinadas da dupla Maluf/ACM, e nenhum deles fez, até aqui, nenhuma referência mais explícita ao passado desta dupla.

Como por exemplo o que ocorreu na época do Colégio Eleitoral, quando Maluf, tentando reeditar o que fizera com Natel, atropelou o ungido pelo regime, o tocador de obras Andreazza. Só que deu com os burros n’água: ACM e sua trupe correram pro palanque de Tancredo, e o então “Toninho Malvadeza” ganhou o patético apelido de “Toninho Ternura”. Na época, o referido “Toninho” tascou a pecha de “ladrão” no Sr. Maluf (ver abaixo remissão ao texto “Jornalismo de Tiroteio”), e hoje ambos posam de vestais e amigos desde criança…

Ninguém contou com o devido destaque, coisa que a Gazeta Mercantil fez quando o pirotécnico Requião começou a aparecer nas ondas da CPI dos precatórios (ver abaixo remissão ao primeiro texto de Alberto Dines descrevendo neste OBSERVATÓRIO a trajetória de Requião).

Os precatórios passaram, e o Sr. Requião é candidato. Coisas da política tupiniquim, mas a Gazeta cumpriu o dever de informar, e fez uma pequena, concisa e reveladora biografia do senador. Por que ninguém faz o mesmo com a dupla Maluf/ACM? Será que fizeram, e não li? Duvido…

Recordar é viver

Duas leituras obrigatórias: a primeira é o livro escrito por jornalistas (Dimenstein, Noblat e outros) com o sugestivo título de O complô que elegeu Tancredo. À página 184 estampa foto de um sorridente ACM segurando uma camiseta de campanha, onde se lê: “Maluf Não”. Já na página 231 é transcrita uma carta do mesmo ACM, na qual, bem a seu estilo, desanca o então Ministro da Aeronáutica do governo Figueiredo, Délio Jardim de Mattos, e onde se pode ler:

“Trair a revolução de 1964 e a memória de Castello Branco e Eduardo Gomes é apoiar Maluf para Presidente. Trair os propósitos de seriedade e dignidade da vida pública é fazer o jogo de um corrupto, e os arquivos dos órgãos militares estão com as provas da corrupção e da improbidade.”

Já o livro de Thomas Skidmore De Castelo a Sarney relembra, à página 477: “O ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, por exemplo, declarou em agosto de 1984 que Maluf era o homem mais odiado do Brasil e que não podia andar um quarteirão sem arriscar sua vida”. E relembra que, imediatamente após esta declaração, os advogados de Maluf entraram com um processo por injúria contra ACM…

ACM o chamou de corrupto, citou arquivos da ditadura que comprovavam suas afirmações. Maluf o processou por injúria.

Etc., etc., etc., etc.

Por que ninguém fala nada?