Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Manoel Martins dos Santos

INTERNET

“Na internet, cena de assalto. Do Uruguai, o aviso”, copyright O Estado de S. Paulo, 12/4/03

“A internet ajudou a polícia a evitar um assalto e prender dois homens armados que invadiram, na madrugada de ontem, a casa de uma família de uruguaios residentes em Araçatuba. Uma das vítimas, a professora Verônica Patrícia Eguia Pereira Soares, de 25 anos, conversava com um amigo de Montevidéu, numa sala de bate-papo na internet, quando os ladrões chegaram.

Pela webcam, câmera que permite que as pessoas se vejam enquanto conversam, o amigo de Verônica, identificado por ela apenas como Maurício, viu os dois homens se aproximarem da professora empunhando revólveres e com os rostos cobertos por capuzes. De Montevidéu, Maurício telefonou para um tio residente em São Paulo, que comunicou o fato ao centro de operações da Polícia Militar na capital. A PM de Araçatuba foi avisada em seguida e cercou a casa, prendendo os ladrões após três horas e meia de negociação.

O delegado seccional de polícia de Araçatuba, Ely Vieira de Faria, disse que esta é a primeira vez na região, e possivelmente no Brasil, que a prática de um crime é frustrada com a ajuda da internet. Segundo Faria, as imagens da webcam e o testemunho do amigo da professora não serão necessários como provas, porque os acusados foram presos em flagrante.

De acordo com o analista de sistemas Dante de Conti Neto, é possível que as últimas imagens feitas pela webcam, mostrando os assaltantes dominando a professora, tenham ficado registradas no computador de Verônica, no do amigo ou em ambos. ?Para sabermos com certeza, seria preciso verificar o tipo de programa de sala de bate-papo e fazer uma varredura nas duas máquinas.?

Durante a tentativa de roubo, que começou à 1 hora, o pai de Verônica, o economista Juan Manuel Eguia Monteiro, de 58 anos, foi agredido com uma coronhada na cabeça e teve um princípio de enfarte.

Além de Verônica e de seu pai, a mãe dela, a também professora Isabel Maria Pereira Soares Valdomiro, de 57, e um sobrinho, Daniel Eguia Capucci, de 14, foram amarrados e amordaçados.

Com a chegada da polícia, os acusados Claudinei Ferro de Souza, de 19 anos, e Milton Roberto Santos, de 25, exigiram a presença da imprensa e de um advogado para negociar. Inicialmente, eles pretendiam fugir levando Verônica e Isabel. Mas acabaram se entregando ao notar que a casa estava cercada. Nos momentos de maior tensão, os acusados encostavam as armas nas vítimas e nas próprias cabeças. Após a rendição, eles disseram que estão desempregados e pretendiam roubar objetos de valor da casa para conseguir dinheiro.”

“Sites querem recuperar memória da rede”, copyright Folha de S. Paulo, 9/4/03

Todos os dias, os sites de notícias despejam milhares de informações na rede. Um exército de jornalistas, webdesigners e programadores cria páginas na maior velocidade possível. Talvez com a mesma velocidade, outras tantas desaparecem na teia de informações da internet. Mas não foram apagadas. Estão, lá, em algum ponto. Na prática, porém, viraram lixo, como costuma acontecer com o que é guardado, mas não pode ser recuperado.

Isso porque os próprios sites de origem das notícias não costumam deixar acessíveis os links para as informações passadas.

Quando é um caso de grande repercussão, como os atentados de 11 de setembro de 2001, por exemplo, os sites criam páginas especiais e incluem ali links para tudo ou quase tudo que divulgaram. Mas, em geral, simplesmente empilham, e as mais novas vão tomando o lugar das antigas. O tempo de vida da informação varia, em geral, de três a cinco dias, dependendo do fluxo de notícias.

As quantidades de notícias produzidas e escondidas são enormes. Para dar uma idéia, basta dizer que, em 1999, institutos de pesquisa calculavam que a internet tinha 800 milhões de páginas.

Um ano depois, essa cifra saltou para 1 bilhão. O buscador Google (www.google.com) afirma hoje que indexa 3 bilhões de URLs (endereços). Teoricamente, pela quantidade de páginas indexadas, mecanismos como o Google e o Yahoo! (www.yahoo.com) deveriam ser capazes de encontrar tudo. Não é o que acontece. Em 1999, dois cientistas revelaram em estudo publicado na ?Nature? que os endereços de pesquisa da época não abrangiam mais do que 16% do total de sites existentes na rede mundial.

Mesmo assim, os mecanismos de busca são ainda a melhor ferramenta para quem procura esses dados. Mas o interessado precisa garimpar bastante para obter uma resposta precisa. Os internautas acabam ficando com os primeiros resultados, segundo apontam institutos de pesquisa.

A questão vem preocupando diversos sites de notícias, que estão procurando reorganizar a forma que apresentam a informação para garantir a preservação dos dados e o acesso a eles.

Afinal, isso também pode se transformar em fonte de renda, como acontece no site do jornal ?The New York Times?, que mantém arquivos de tudo que é publicado no site. Quem quiser textos antigos pode usar o sistema de busca do site. Recebe uma lista com o primeiro parágrafo da notícia. Se precisar mais, terá de pagar pelo restante.”

***

“Portais padronizam indexação das páginas”, copyright Folha de S. Paulo, 9/4/03

“Os principais sites de informação acordaram para a necessidade de oferecer sua produção ao internauta. Hoje em dia, é quase impossível recuperar notícias veiculadas há mais de uma semana.

A notícia somente está acessível se o internauta tiver gravado o link em seu índice de Favoritos do seu programa de navegação ou enviado esse mesmo link por e-mail. Ou seja, para fazer um levantamento histórico de eventos ocorridos ao longo de 2000, por exemplo, o internauta terá de se aventurar em busca da internet perdida.

Isso não significa que a história esteja sendo deletada. Cada empresa está criando políticas específicas para deixar as informações acessíveis. Na próxima semana, em comemoração aos três anos de Folha Online (www.folha.com.br), o site vai oferecer ao internauta um site completamente redesenhado.

?Não havia padronização para indexar as páginas. Hoje mais de 80% do material obedece a um padrão?, diz Ana Lucia Busch, diretora-executiva do site.

Com a padronização dos endereços, o internauta terá a seu favor um sistema de buscas melhorado, que lhe permitirá encontrar notícias veiculadas on-line. A navegação será indexada por diretórios.? Desde 2000, a Folha Online já criou 1 milhão de páginas de notícias. Por essa razão, ?o gerenciamento é necessário para recuperar a memória e tornar todo esse material disponível ao longo de um ano?.

Vitor Ribeiro, diretor de tecnologia e conteúdo do UOL, afirma que o sistema de buscas Radar UOL vai passar por melhorias para permitir que o usuário consiga encontrar informações mais precisas. ?Até o final deste mês, vai ficar mais fácil buscar informações nas seções do portal?, diz.

O portal Terra (noticias.terra. com.br) guarda 95% do material noticioso. Segundo o diretor de conteúdo, Antonio Prada, o Terra Lycos está instalando nos portais dos países onde está presente um sistema que permita encontrar informações localizadas nos sites dos servidores Terra. ?Trata-se de um projeto global. A busca é um projeto prioritário, que deverá estar acessível ao internauta a partir do segundo semestre deste ano.?

O jornal on-line ?Último Segundo? (ultimosegundo.ig.com.br) tem 1,6 milhão de páginas de notícias. Há um ano, afirma Leão Serva, diretor de jornalismo do iG, houve uma mudança de projeto para padronizar os endereços. ?Todo o histórico do Último Segundo, que ocupa 8 Gbytes, está armazenado. Estamos escrevendo a história e estamos preocupados com o pesquisador. Tudo é armazenado e gravado? Por ora, os leitores que manifestarem interesse podem solicitar por e-mail os links de páginas veiculadas.

O instituto de pesquisas Ibope já tem uma ferramenta de buscas que permite encontrar notícias publicadas no site (www.ibope.com.br). Segundo Fabio Montenegro, secretário-executivo do Instituto Paulo Montenegro, entidade sem fins lucrativos vinculada ao instituto, o primeiro plano consiste em reunir todas as informações e unificá-las.

Ainda sem data definida, o projeto tem como meta colocar no site pesquisas de opinião pública. Um dos empecilhos, por ora, é transformar pesquisas que estão armazenadas como imagens.

O Yahoo!, que já foi líder em buscas, acaba de anunciar novidades para tentar tirar o Google do primeiro lugar. Vai remodelar o site e incluir mapas e meteorologia em seus resultados de busca.

O Acervo On Line do Banco de dados (bd.folha.com.br) oferece a partir de agora cerca de mil textos jornalísticos, publicados entre 1921 a 1999, editados pelo Grupo Folha. Divididos por décadas, é possível pesquisar nas editorias Brasil, Mundo, Esporte e Ilustrada. Outras editorias deverão ser incluídas. Há um link de especiais, com textos da Semana de Arte Moderna de 22.”

“Mudanças no comitê gestor da Internet no Brasil”, copyright Revista do Terceiro Setor (http://rets.rits.org.br/), 9/4/03

“A gestão da Internet no Brasil está passando por mudanças. A Portaria Interministerial n? 739, publicada em 3 de abril no Diário Oficial, definiu as novas atribuições e composição do Comitê Gestor da Internet. O Ministério de Ciência e Tecnologia coordenará o comitê, que terá mandatos de três anos para os sete representantes do governo e de dois para os representantes da iniciativa privada e do meio científico e cultural. A Portaria 739 definiu também que ?a primeira designação do Comitê Gestor (…) será para um mandato que se expira em 25 de maio de 2003?.

Já a Portaria Interministerial n? 740, também publicada no Diário Oficial em 3 de abril, traz os nomes da primeira designação do novo comitê gestor – justamente os representantes que terão mandato até o dia 25 de maio. O grupo terá a missão de estudar e propor novo modelo de governança da Internet no Brasil, até aquela data. A coordenação será do secretário-adjunto da Secretaria de Política Tecnológica Empresarial (SPTE), Arthur Pereira Nunes. O diretor de tecnologia da RITS, Carlos Afonso, foi escolhido como representante do Terceiro Setor no comitê.”