Tuesday, 23 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Marcelo Coelho

LULA PRESIDENTE

“A vitória de Lula e uma nova onda cultural”, copyright Folha de S. Paulo, 30/10/02

“Comecei a sentir sinais de mudança em nosso país há coisa de uns 20 dias, quando fui comprar pó de café numa padaria -devo dizer que não das mais elegantes- aqui do bairro, e ouvi duas balconistas combinando uma ida ao cinema. Queriam ver ?Cidade de Deus?; tinham ouvido falar que era ótimo.

Avesso a TV, música popular e futebol, vivo num mundo cultural com pouquíssimos pontos de contato com o da maioria da população. No táxi ou no barbeiro, minha única expectativa sempre foi a de não ouvir extravagâncias, ilogicidades e malufismos além do que posso suportar.

Minha estratégia sempre foi a de responder com monossílabos aos discursos em favor da pena de morte, do Ratinho ou dos militares. Em São Paulo, pelo menos, o conservadorismo do eleitorado sempre foi enorme. Levei um susto quando o barbeiro disse que ia votar em Mercadante, e não em Romeu Tuma.

Mas voltando a ?Cidade de Deus?. Talvez o sucesso do filme de Fernando Meirelles esteja marcando uma nova ?onda cultural?. Não digo ?onda vermelha?, porque o filme não se propõe a ser obra de militância partidária. Mas essa ?onda cultural? de certo modo prenunciou a ascensão de Lula à Presidência.

Claro que esses prenúncios só se revelam ?prenúncios? depois de tudo já ter acontecido. Eu, que duvidava da vitória do PT até as últimas pesquisas de opinião, dificilmente seria capaz de ligar os fatos, atribuí-los a um mesmo fenômeno.

Dos Racionais MCs ao romance de Paulo Lins, do livro ?Capão Pecado?, de Ferréz, ao espetáculo de Ivaldo Bertazzo com os adolescentes da favela da Maré, de Fernando Bonassi aos autores da coletânea ?Literatura Marginal? editada pela revista ?Caros Amigos?, a realidade da periferia, dos excluídos, do ?andar de baixo?, como diz Elio Gaspari, afirma-se hoje, no plano cultural, com o mesmo destaque e ar de novidade que cercavam o sindicalismo do ABC e o PT no finalzinho da década de 70.

É verdade que o rap dos ?Racionais? é feito por moradores da própria periferia, ao passo que ?Cidade de Deus?, por exemplo, é um filme feito por um publicitário bem-sucedido profissionalmente. Mas não é só no assunto, no tema, que essas diferentes manifestações culturais convergem.

Não se trata de engajamento político rigoroso, nem mesmo, creio, de pura denúncia social. Pode-se fazer denúncia social mostrando a população como vítima, tratando-a ?na terceira pessoa?: olha, eles vivem assim etc. Um teatro político de excelente qualidade, como o da Companhia do Latão, é muito mais ?de esquerda? do que um livro como ?Estação Carandiru?, de Dráuzio Varella.

Mas, ainda que ?Estação Carandiru? tenha sido escrito por um médico, e não por um detento, os personagens ali retratados falam com sua própria voz, ou, pelo menos, estão a ponto de apropriar-se da narração. É também o que vemos em ?Cidade de Deus?. O filme é contado ?de dentro para fora?, por assim dizer. O foco da obra está na ?primeira pessoa?; e não apenas porque Buscapé, o narrador, toma a palavra para explicar os fatos ao espectador.

Valeria comparar ?Cidade de Deus?, de 2002, com o filme que marca o início da retomada do cinema nacional. ?Carlota Joaquina?, de Carla Camurati, é de 1994. Foi o ano em que Fernando Henrique se elegeu presidente da República.

Nada mais sintomático, a meu ver, do que o fato de ?Carlota Joaquina? iniciar-se numa paisagem escocesa, sendo narrado em inglês. O olhar estrangeiro é invocado, ?in extremis?, para traçar o quadro de um país fadado a não dar certo desde o início.

Daqui de dentro, de nossa herança católica e portuguesa, nada havia a esperar. O julgamento não é incorreto em tese, mas surgia bastante desfocado, à medida que o escárnio às ?nossas elites atrasadas? se afirmava num período de deslumbramento com o investimento externo e a globalização.

As esperanças cardosianas na modernização ?exógena?, na importação de tecnologia, na farra do real supervalorizado já iam meio mal das pernas, acho, quando ?Central do Brasil?, filme de Walter Salles Jr., encenou com muita sensibilidade e não muito realismo um daqueles movimentos de procura do ?verdadeiro Brasil?, de ?caminho para o Oeste? que são tentados periodicamente no país, como uma espécie de escapada para dentro.

?Carlota Joaquina? fazia o movimento da Europa para o Brasil, encontrando aqui absurdo, desgosto e fracasso; Marieta Severo fazia o papel da mãe desbocada que renega o filho, entregando-o à própria sorte. ?Central do Brasil? traçava o percurso do litoral para o interior, encontrando ali uma utopia algo açucarada do associativismo econômico, do pequeno artesanato, de uma fraternidade que servia como refúgio para o pequeno personagem em busca do pai.

Com suas crianças que já são adultas, em ?Cidade de Deus? a realidade da periferia não é tratada como o ponto de chegada de algum percurso narrativo. A periferia vive isolada, autônoma, reduzindo-se ao mínimo (vendedores de armas, consumidores de drogas, polícia, repórteres) seus contatos com o mundo exterior. Observe-se, entre parênteses, o contraste entre esse filme e o vaivém espacial de ?O Invasor?, de Beto Brant, no qual a periferia é fonte de ameaça, contaminação e fascínio.

A periferia, em ?Cidade de Deus?, não é ?objeto? de um olhar externo, seja atemorizado, esperançoso ou sarcástico. Exagerando um pouco, diríamos que nesse filme a periferia é ?sujeito?, e não ?objeto?, de um olhar. Talvez seja isso o que está em pauta no momento.”

“Globo viveu perigosamente”, copyright Folha de S. Paulo, 30/10/02

“A Globo desceu ao purgatório na tentativa de queimar dos seus arquivos, em uma espécie de incêndio cívico proposital, um passado cuja traquinagem mais emblemática dos seus prestidigitadores foi a edição do debate entre Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, em 89.

Na campanha eleitoral, foi atacada não mais pelo PT do presidente eleito -nos comitês do partido sobraram perdão e elogios-, mas por um choroso PFL, inconformado com o incansável replay da dinheirama da Lunus, caso fatal para a pré-candidatura de Roseana Sarney, a ?número 1?.

Nesse momento, os aliados de Roseana insinuaram que a Globo estava a serviço da sua velha vocação governista, desta feita na companhia de José Serra. Sabatinado, mais tarde, pelo casal William Bonner e Fátima Bernardes, no ?Jornal Nacional?, o tucano foi acossado por perguntas nunca dantes feitas a candidatos oficiais.

Na rotina do ?JN?, uma agenda fria, com tempos iguais para Lula, Serra, Ciro e Garotinho. As falas, quase sempre, ao sabor do chuchu que predominava nas entrevistas coletivas. A não ser que o candidato insistisse mesmo em boutades à quente, como Ciro.

O congelador do noticiário, no qual não cabiam gafes ou democráticos ataques aos adversários, foi uma linha auxiliar dos marqueteiros ? ?o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde?. Parabólica para todos.

Estava embutido aí, uma vez que a pessoa jurídica em questão também tem inconsciente, a síndrome de 89. Em um ano delicado para as Organizações Globo: a família Marinho havia recorrido a empréstimos no balcão governista do BNDES. Operação que contou com o silêncio petista.

Mais adiante, na semana da eleição em primeiro turno, outro lance complicado, quando o lobby global triunfou com a edição de uma medida provisória, obra de FHC, que regulamentou a participação do capital estrangeiro nas empresas de comunicação. O coro dos contrários calou. O resto é indecifrável. A Globo foi isenta, como louva um anúncio, ou adaptou, em transição avexada e autoprotetora, o seu código de bom-tom ao novo possível poder?

O maior enigma, no entanto, foi soprado pelo empresário Antonio Ermírio de Moraes, à Folha: ?A saída do ex-presidente da Petrobrás Philippe Reichstul da Globo é um mau sintoma para Serra. Desmontou a máquina. Entendi que estava montado um esquema de apoio a ele?. Pelo bem ou pelo mal, códigos do purgatório, este ano a Globo viveu um ano e tanto.”

“?Amar é?, versão 2002”, copyright Jornal do Brasil, 30/10/02

“Lular, a versão ?amar é? do Brasil-2002, é fazer barba, cabelo e bigode nas urnas, mas deixar cavanhaque e costeleta como um trunfo para uma próxima visita ao barbeiro do FMI. É reinventar o look, como o Zé Dirceu – e deixar sempre no ar a suspeita de que, embrenhado nas matas do Paraná, ele poderia ter trocado de personalidade com o Zé Bonitinho, tão incríveis são os processos políticos desta vida. É deixar o Brasil em suspense com a âncora cambial e mais ainda com a possibilidade da clonagem de galãs ser revelada na primeira reunião do ministério. De resto, é jogar às claras o repartir dos ovos.

É sair do armário com uma roupa toda vermelha e caminhar por nossas ruas cinzentas, sem que os humoristas riam dessa ou qualquer outra pt-cena, deixando o país em novo suspense – como ficará o humor se todos os chargistas e cronistas são a favor?

É trazer de volta a poesia, como já fez o presidente domingo com um livro do Carlos Drummond de Andrade embaixo do braço. Devolver a sociologia para a USP e fechar no armário com naftalinas que conservem por lá as baratas e os homens sisudos. Lular, já que os humoristas não avacalham mais o poderoso do dia, é abrir o discurso de posse com um sorriso maroto. Dizer que ?declina de toda responsabilidade na marcha do mundo capitalista? e prometer ajudar, ?com palavras, intuições, símbolos e outras armas a destruí-lo como uma pedreira, uma floresta, um verme? – e, diante do pasmo dos banqueiros que nunca leram a Rosa do Povo, do CDA, piscar brincalhão para a mulher, Marisa, a Gata Mansa da bossa-nova que ora se faz. Lular é saber que a poesia muda. Mas jamais será vencida.

Lular é prender a língua e soltar a imaginação. Deixar de lado essas bobagens da concordância gramatical e ir, o mais rápido possível, nem aí para as brigas que possam surgir do sujeito com o verbo, ao objeto direto do que importa – o povo oprimido nas ruas, vilas, favelas. Se FHC falava todas as línguas e fez o que fez, agora – vide Lula – é trocar a bula. É escrever errado desde que pelas linhas certas, nem aí para as liturgias do cargo porque o Sarney é quem vai cuidar disso no governo. Lular é camiseta sob o jaquetão.

É mudar o cerimonial do palácio, introduzir o bigorrilho como a dança da corte e levar à mesa das recepções diplomáticas as delícias até então estigmatizadas do nosso bode guisado – tudo sustentado por um ensaio de contextualização histórica feito pelo Frei Betto. Lular é dar sentido ao que, por vergonhas neoliberais, era curtido no escondido. É perder a pose, não ficar cheio de dedos, tomar uma cana, beijar a patroa na testa e chamá-la baixinho de ?minha galega? em ininterruptos 28 anos. Lular é fidelizar as emoções.

Lular é a versão em vermelho da família canarinho do Scolari, o remix em jingle do deixa a vida me levar. É passar por quase tudo nessa vida, mas em matéria de guarida esperar a própria vez. Ter paciência, cash flow suficiente de futuros, pós futuros e do pretérito, mesmo sem saber conjugá-los. E aguardar. Ouvir os zecas, os pagodinhos e sonhar um ministério com o mesmo perfil dos ronaldinhos do Scolari: origem pobre, coração nobre, assim que Deus fez. É escrever na faixa presidencial o penúltimo verso da canção: ?aos trancos e barrancos lá vou eu?. Deixar o último para o segundo mandato. Em seguida sair sambando, como quem não quer mais nada dessa vida, e dizer para os repórteres, como fez no discurso de segunda-feira: ?Não preciso ser tão sério assim.?

Lular é esculachar com a cara do impossível e acabar com a fome em quatro anos. Se algum crítico achar que é tarefa pouca, prometer acabar também com a falta de lazer distribuindo palitos que possam ser usados não só como hastes higiênicas mas também como peças de um animado jogo de porrinha após a refeição. Ao fundo, Zezé di Camargo canta a música tema de Esperança e encerra a novela de 13 anos em busca do poder. Lulalá é aqui. Em 1989 ele era apenas um líder querendo cada vez mais pompas e tropeçando cada vez mais nas circunstâncias, como queria Millôr Fernandes. Em 2002, Lular é tomar das pompas os Romanées-Contis que quiser e, com 55 milhões de votos, só temer das circunstâncias o excesso de sons sibilantes que lhe atravanquem a língua e a imagem de um estadista em progresso. O medo não veio. Parece que choveu em São Paulo. Ficou preso no engarrafamento. Lular é ausência de engarrafamento – pelo menos é o que está anunciando o Repórter Aéreo nos primeiros quilômetros dessa estrada.

Lular é acreditar que, no final, essa estrada vai dar no mar e do mar vão sair de volta tatuís, vedetes de corpo violão, pés de caju, trovas do J.G. de Araújo Jorge, cálices do reconstituinte Silva Araújo, peças do CPC, o angu do Gomes, aquele jagunço do Glauber gritando ?mais forte são os poderes do povo? – todas essas peças sagradas que nos faziam especiais, puros e sinceros, mas que fomos obrigados a passar nos cobres, junto com a Giselle Bündchen, para pagar os juros malvados da dívida externa. Lular é ir ao FMI, mas passar antes no Bip-Bip – e pendurar a conta nos dois. Apagar o botox da Marta e fazer como a Benedita – para ver como fica a cara da gente na fita. De resto, é torcer para que os deuses do pagode estejam certos. Deixa a vida nos lular.”

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“Caiu a ficha”, copyright No Mínimo (www.nominimo.com.br), 2/11/02

“Xuxa lulou. Do jeito dela, mas lulou. Deixou aquele neoliberal-way de só fazer o que resultasse em consumo de bonecas e estojos de maquiagem. Saiu do shopping center, meteu o pé no barro. Virou criança brasileira. Das antigas. Um dia após a eleição do petista, ela parecia dizer a mesma coisa: o capital não é tudo. Estreou ?No Mundo da Imaginação? nas manhãs da Globo e, pelo menos na primeira semana, não vendeu nenhum produto. Merchandising zero. O desfile de traquitanas eletrônicas cheias de grifes sumiu.

Para brincar, diz a nova Xuxa, basta uma maçã na cabeça, um balde d?água no lugar da dança das cadeiras, abrir uma roda – essas coisas simples que todo mundo tinha feito na infância e que justo ela tinha desmoralizado. Ela agora só quer saber de cantar músicas folclóricas, tipo a do marcha soldado e do sapo chulé. As historinhas voltaram a ser as de reis, princesas e fantasmas. Xuxa, que passou duas décadas formatando crianças para os corredores dos centros comerciais, recuou. O motivo é simples: ela agora tem uma criança em casa vendo televisão. Nada de sensualidade precoce. Nada de reverência absoluta às conjugações do santo verbo ?Comprar?, primeiro e único rei a explicar o sentido da vida. Sasha, seis anos, também deve estar achando muito fofa essa chuva de estrelinha no sapo barbudo velhinho.

É uma mudança radical dessa fadinha (com cacófato, por favor). Arquivaram-se as Paquitas. Arquivaram-se todas as sugestões de malícia erótica que pudessem haver nas coxas, nos umbigos ou em que mais a apresentadora deixasse de fora. Todo o corpo foi coberto com panos típicos de teatrinho infantil. Muita fantasia de bruxa, de princesa. Não só porque o mote do programa é o mundo da imaginação, mas porque alguma ficha caiu e cerebraram a rainha dos baixinhos: era um crime a estimulação sensual que ela provocava nos pequenos súditos. A infância, dizia seus antigos programas, era algo que devia ser acelerado, como um soco de um super-herói japonês de animação. Xuxa recuou.

Saíram de cena todas as brincadeiras que passavam por algum tipo de associação com videogames violentos e a diversão agora chega com a abertura de um livro. Xuxa senta, abre um volume e conta uma história das antigas, daquelas que ela deve ter ouvido de seus pais e avós. Está redesenhando, como se fosse a Gladys e seus bichinhos dos anos 50, a sua própria história. Ficou melhor assim, politicamente corretíssima. Pela primeira vez sem a direção de Marlene Mattos, com quem brigou publicamente, dá a impressão de que a diretora, como nessas cenas urbanas das grandes cidades brasileiras, é quem a obrigava, menor desamparada, a ir para o sinal e ficar vendendo porcaria aos passantes.

Definitivamente, a nave espacial do Xou da Xuxa não pousa ?No Mundo da Imaginação?. Incendiou de vez. Busca-se agora um certo tom de coisa feita em casa. Xuxa utiliza toda a tecnologia de efeitos da Globo mas não para ficar com luzes piscando, cortes alucinados e uma velocidade catatônica de informações vazias. O clima é leve, humano, para desacelerar o speed da garotada. A própria Xuxa não tem mais nada a ver com aquela histérica que ficava mandando soltar a franga e dava o tom rebolando o buzanfan. Fez 40 anos. Sossegou o facho. Parece uma professora moderna, sem caretice, mas também desinteressada em se mostrar tão gaiata como os moleques. Começou a ficar nostálgica da infância no interior do Rio Grande e encheu o programa de atrações como Chico Cesar cantando a folclórica Alecrim Dourado. No primeiro dia narrou a brincadeira do ?cadê o queijo que estava aqui?. A globalização perdeu o gás.

Você consegue imaginar um artesanato da Feira de Caruaru feito por Hans Donner? É por aí. Vídeos caseiros mostram petizes fazendo gracinhas no quintal, aviõezinhos animados em computador passam com a carinha da aniversariante do dia, Catarina, de Pirinópolis.

Se lá fora a esperança venceu o medo, a Globo tenta fazer o mesmo em sua grade. Xuxa abre a programação infantil às 9h30, acompanhada pelo ótimo Sítio do Pica-Pau Amarelo e a TV Globinho. Trata-se de uma sessão de desenhos animados em que a grande atração é a dupla Bolinha e Luluzinha. Stress zero. Os japoneses, os ultra-man, os he-man, todos os super-heróis movidos a pancadaria foram para o lixo. Ninguém mata mais ninguém na frente das crianças nas manhãs da Globo – e isso é uma grande notícia. A imaginação está de volta ao poder. E, espera-se, ao ibope.”