Tuesday, 16 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1283

Marcos Linhares


DIÁRIOS ASSOCIADOS

“DA: Noblat consegue suspensão de decisão”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 25/06/03

“O Condomínio dos Diários Associados iniciou um processo interno para expulsar o jornalista Ricardo Noblat, alegando que ele teria partidarizado o Correio Braziliense, que ele não teria discutido os magnos problemas nacionais no jornal, entre outros motivos. De acordo com as regras do condomínio, porém, a expulsão de um condômino tem de obedecer a um processo, no qual o acusado deve ter oportunidade de se defender, produzir provas, entre outros motivos. Isso é também o que determina a Constituição Federal para qualquer processo que possa acarretar a perda de direitos.

?A ação judicial que propusemos, então, tinha e tem um único objetivo: assegurar que o Condomínio cumpra o procedimento previsto em suas próprias regras internas, pois, na verdade, nem isso ele pretendia obedecer. Nessa linha, foi proferida uma primeira decisão judicial, em abril, garantindo a Noblat o prazo de 30 dias para apresentar sua defesa perante o Condomínio?, explica uma das advogadas de Noblat, Ana Paula de Barcellos.

Na defesa, Noblat solicitou a produção de algumas provas para demonstrar a inverdade das acusações que lhe foram dirigidas, providência que as próprias regras do Condomínio prevêem. ?Havia a suspeita, no entanto, de que o Condomínio planejava indeferir todas as provas solicitadas pelo Noblat e expulsá-lo na mesma reunião, sem que ele pudesse recorrer da decisão acerca das provas para o órgão máximo da estrutura deliberativa do Condomínio, que é o Conselho Consultivo. A reunião que deveria apreciar as provas estava marcada para o dia 29/05?, conta a advogada.

?Para evitar essa manobra, solicitamos ao juiz que proibisse o Condomínio de deliberar sobre a expulsão ou não do Noblat na mesma reunião em que o requerimento de provas seria analisado. O juiz (na verdade nesse momento uma juíza) concordou conosco e proferiu exatamente essa decisão, ou seja, proibiu o Condomínio de deliberar sobre a expulsão do Noblat na reunião do dia 29/05. O Condomínio recorreu mas não conseguiu reverter a decisão e desistiu do recurso. Incrivelmente (na verdade, chocantemente), o Condomínio decidiu descumprir a decisão e, na mesma reunião, indeferiu todas as provas e expulsou o Noblat. Vale notar que o descumprimento de decisão judicial configura o crime de desobediência. Diante desse fato, fizemos uma petição solicitando: a suspensão dos efeitos da deliberação do Condomínio; a aplicação de multa de R$ 100 mil por dia de descumprimento da decisão judicial; a fixação de multa de R$ 100 mil por dia caso eles viessem a descumprir a decisão determinando a suspensão da decisão que expulsou o Noblat; e a extração e remessa de cópias do processo ao Ministério Público para que este possa apurar a ocorrência dos crimes de desobediência e de quadrilha no caso?, disse Ana Paula.

O juiz entendeu que não seria o mais indicado para conhecer do processo (ele entendeu que a competência para esse tipo de discussão seria das Varas Empresariais). Os advogados de Noblat então recorreram ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para que este suspendesse a decisão proferida pelo Condomínio na reunião do dia 29/05 até que se defina quem é o juiz competente afinal.

?Atendendo nosso pedido, o Tribunal suspendeu a decisão do Condomínio na terça-feira (24/06), para que ela não produza efeito algum, até que se defina o juízo competente. Caberá a esse juízo então decidir os outros pedidos formulados (os pedidos de multa e a remessa de peças ao Ministério Público?, finaliza Ana Paula.

Comunique-se entrou em contato com o presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa, mas até o fechamento desta matéria não conseguiu resposta.”

 

O TAQUAYRENSE

“Jornal mantém a tecnologia de Gutemberg”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 27/06/03

“Os 100 anos, completados em 01/04 passado, não são limite para Plínio Saraiva. Com uma saúde invejável, ele dirige e edita O Taquaryense, semanário que circula no Vale do Taquari, primeira cidade gaúcha de povoamento planejado pelo governo português, localizada a 96 km de Porto Alegre (RS). A paixão pelo jornal é tanta que ele promete só deixar de trabalhar quando morrer, como fez o pai de Plínio, Albertino Saraiva, que criou O Taquaryense há nada mais nada menos que 115 anos – o semanário completa 116 anos de existência no próximo dia 31/07.

O Taquaryense se mantém fiel à tecnologia de Gutemberg: ele é montado tipo por tipo, numa Marinoni, comprada em 1910 e que pertenceu ao Correio do Povo. O semanário tem uma tiragem de 450 exemplares. Seus mais de 400 assinantes o recebem aos sábados. As suas quatro páginas são voltadas para a cultura local. ?Nosso jornal é apartidário. Não admito qualquer conotação política?, enfatiza Plínio.

Como qualquer outro jornal, ele sobrevive de anúncios, que nem sempre pagam todas as despesas. Muitas vezes, Plínio, que é funcionário público aposentado, tem que cobrir o caixa.

Entre os seus colaboradores estão os jornalistas Vasco Pinto de Azevedo e Percival Puggina e o cronista social Danilo Lux.

Plínio Saravia, que costuma dizer que não é jornalista, mas ?jornaleiro?, por não ter o diploma, ganhou um presente e tanto em agosto de 2002. A Univates – Centro Universitário Lajeado (RS) – propôs a ele uma parceria, envolvendo recuperação e manutenção do acervo do semanário. ?Queremos criar o Instituto Plínio Saraiva, que terá regimento próprio e um conselho, formado tanto por professores da universidade quanto por familiares de Plínio?, explica Elizete de Azevedo Kreutz, professora de Comunicação da Univates e idealizadora do projeto. Ela está à frente desse processo, junto com o professor Leonel José de Oliveira.

Os arquivos, que eram coletados de dois em dois anos e encadernados, servem como rico material de pesquisa para estudantes de jornalismo. Freqüentemente, a sede do jornal recebe alunos, interessados em saber como é montado um jornal tipo por tipo. Muitos deles fazem do Taquaryense o tema de suas monografias de final de curso. ?Esse acervo vai nos proporcionar uma série de estudos, um deles, por exemplo, é o resgate histórico da publicidade do Vale do Taquari?, comenta Elizete.

Se não fosse essa parceria, quem assumiria O Taquaryense seria Flávia Saraiva, filha de Plínio Saraiva. ?Acho que quem vai cuidar do jornal será mesmo o conselho, do qual eu devo fazer parte. Meu pai faz questão que eu esteja por perto. Torço para que ele possa ver essa parceria se concretizando, assim ele vai poder partir tranqüilo?, declara Flávia.

Elizete conta que nada no jornal será modificado. ?Vamos manter o estilo e a forma como é impresso?, enfatiza.

A herdeira costuma dizer que este é um jornal familiar. ?Eu e meu filho José Harry temos tanto amor pelo Taquaryense que procuramos dar nossa parcela de contribuição?. Toda sexta-feira, eles ajudam Plínio a editar o jornal.

O semanário acompanhou fatos marcantes da história do país. Em 1888, por exemplo, Albertino Saraiva batalhou, através do Taquaryense, pela construção da história de ferro entre Taquari, então vila, e Estrela. Ele também lutou pela Abolição e pela República.

A comemoração pelos 100 anos de Plínio foi marcada por um almoço, oferecido pela comunidade do Vale do Taquari. Já os 116 anos do semanário serão comemorados no dia 02/08, também durante um almoço, em que será festejada a implantação do Instituto Plínio Saraiva.”

 

MERCADO DE TRABALHO

“Boas notícias internacionais”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 26/06/03

“Vêm de instâncias internacionais algumas boas notícias na área do jornalismo. Uma delas é a promoção de Cristina Aby-Azar no poderoso grupo Dow Jones. Cristina foi por mais de uma década editora, no Brasil, da Gazeta Mercantil, até ser convidada, em 1997, pela Dow Jones para lançar e dirigir, nos Estados Unidos, a edição em português do The Wall Street Journal Américas, publicação especial do diário econômico que circula em toda a América Latina, atingindo atualmente 18 jornais (quase 2 milhões de exemplares) em 16 países.

Cristina, foi, viu e venceu. E acaba de assumir o comando de todo o Journal Américas – e não mais apenas da edição em português. O título do cargo que assume é pomposo: managing editor. E vai suceder Edward Schumacher, que está deixando o grupo Dow Jones, controlador do The Wall Street Journal, para ser CEO e diretor editorial da Meximerica Media, uma nova empresa que tem planos de publicar jornais diários em língua espanhola no Texas e em outras regiões. O The Wall Street Journal Americas é um suplemento internacional produzido pela Dow Jones & Cia para parceiros editoriais (jornais) de toda a América Latina, com foco em negócios. Cris foi escolhida para o cargo não só pela experiência em jornalismo econômico, mas pelo trabalho que vem desenvolvendo na empresa. Tanto que mereceu de William E. Casey Jr., vice-presidente de Edições Especiais do The Wall Street Journal, a declaração oficial de que era ?a melhor e mais preparada candidata para assumir o rumo editorial do Journal Americas?.

Cristina, aliás, acompanhou muito de perto o atentado de triste lembrança, de 11 de setembro, pois a sede do jornal ficava muito próxima às Torres Gêmeas. Tiveram, à época, que improvisar redações e locais de trabalho para que o jornal não deixasse de sair um dia sequer.

O The Wall Street Journal produz também edições especiais para outros continentes: são 14 idiomas, 35 jornais, 32 países e uma tiragem total de 6,4 milhões de exemplares.

Outra boa notícia envolve a BBC Brasil e a nossa Radiobrás, hoje presidida por Eugênio Bucci. As duas instituições acabam de fechar parceria para a retransmissão diária de boletins de cinco minutos produzidos pelo serviço brasileiro da rede britânica. Pelo acordo, a programação da BBC Brasil também poderá ser retransmitida pelas 200 emissoras afiliadas da Radiobrás, incluindo a Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A parceria prevê ainda um intercâmbio contínuo e o treinamento de profissionais da Radiobrás na redação da BBC Brasil em Londres.

Américo Martins, diretor da BBC Brasil, que está no País para o acerto do contrato, diz que há chances de novos negócios, incluindo a produção de programas exclusivos para a Radiobrás e a ampliação da parceria para a Internet?, Além de Martins, também veio ao Brasil Lúcio Mesquita, Diretor para as Américas do Serviço Mundial da BBC.

?O acordo de cooperação na área de rádio é o primeiro marco institucional de uma parceria, que desejamos que seja longa e frutífera, entre a Radiobrás e a BBC, referência mundial na área da informação pública. Tudo para melhor servir o cidadão brasileiro, que tem direito à informação da melhor qualidade. Esperamos,no futuro, poder colaborar nos setores de tecnologia e tevê?, afirma Eugênio Bucci, presidente da Radiobrás.

Interessante, nessa história toda, é que tanto Américo quanto Lúcio têm origem na imprensa brasileira. Lúcio, por exemplo, nasceu em Belo Horizonte e formou-se em Jornalismo pela Fundação Cásper Líbero, em São Paulo. Trabalha na BBC desde 1991, tendo sido produtor e editor dos programas da BBC Brasil e da redação em inglês do Serviço Mundial da BBC. Também trabalhou como repórter bilíngüe pela empresa em São Paulo em 1998. Antes de ingressar na rede, no entanto, trabalhou no jornal O Estado de S. Paulo, na revista IstoÉ e na Rádio Jovem Pan de São Paulo. Ele é o primeiro brasileiro a ocupar um posto tão alto na rede britânica de comunicação, responsável por todas as operações de planejamento estratégico e condução editorial da empresa para o rádio e internet nos mercados do continente americano.

Atualmente na direção da BBC Brasil, Américo Martins iniciou sua trajetória no jornalismo na Folha de S.Paulo, onde foi repórter e editor-assistente de Política. Depois, no Jornal do Brasil, foi coordenador de Política, em Brasília. Em Londres, colaborou com várias publicações, entre elas O Estado de S.Paulo, O Dia, Istoé e a revista Primeira Leitura. É pós-graduado em Economia pelo Birkbeck College e mestre em Jornalismo Internacional pela City University, de Londres.

Algumas curiosidades sobre a BBC e sua presença no Brasil. A primeira transmissão de rádio da rede britânica para o Brasil aconteceu no dia 14 de março de 1938. A BBC Brasil faz parte do Serviço Mundial da BBC, que transmite programas de rádio e oferece sites na internet em 43 idiomas. Com cerca de 150 milhões de ouvintes, conta com a maior audiência radiofônica do mundo.

Os programas do Serviço Mundial da BBC podem ser ouvidos em ondas curtas em mais de 1.200 emissoras AM e FM, além de já se configurar um dos mais populares serviços de noticiário em áudio do mundo, pela Internet.”

 

FOLHA PREMIADA

“Série da Folha ganha prêmio internacional”, copyright Folha de S. Paulo, 28/06/03

“A FNPI (Fundación Nuevo Periodismo Internacional) anunciou ontem que concedeu um prêmio para a série de reportagens ?Controle Público?, publicada em 2002 pela Folha.

A fundação, que tem sede na Colômbia e foi criada em 1994 pelo escritor e jornalista Gabriel García Márquez, premiou os ?melhores trabalhos de jornalistas da América Latina em internet, rádio e TV em 2001 e 2002?.

A série consistiu em coletar declarações de bens de políticos que se candidataram em 1998, 2000 e 2002. Pela primeira vez, foi possível saber o valor dos bens declarados pela elite política brasileira. O jornalista Fernando Rodrigues, da Sucursal de Brasília, é o autor das reportagens e o coordenador do processamento dos dados.

A íntegra das reportagens e os dados para consulta, pelo nome dos políticos, estão abertos ao público na internet, no site www.controlepublico.com.br.

Esse é o quarto prêmio recebido pela série ?Controle Público?.

A FNPI recebeu 397 reportagens de 21 países. Foram 30 trabalhos brasileiros inscritos.

Apesar de não ter sido propriamente uma reportagem produzida para a internet, a série ganhou a premiação nessa categoria por se tratar de ?uma extraordinária investigação jornalística? na qual ?o meio internet foi utilizado para oferecer ao público um acesso de maneira dinâmica e individual como nunca se havia visto antes?.

Os prêmios serão entregues em setembro, por Gabriel García Márquez, no México.”