Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Marinho denuncia ação predatória na mídia

FÓRUM DE MÍDIA ELETRÔNICA

O vice-presidente das Organizações Globo, José Roberto Marinho, em discurso para donos de empresas de comunicação e representantes de governos presentes ao Fórum Mundial de Mídia Eletrônica em Genebra, na Suíça, acusou as organizações globais de mídia de estarem agindo de forma predatória ao distribuírem conteúdo para as pequenas emissoras locais e nacionais de países em desenvolvimento. Ele afirmou que não há liberdade de comunicação em muitos países pobres em que a população é obrigada a assistir a programas estrangeiros.

Segundo Marinho, o controle sobre a distribuição de programas por parte das grandes corporações transnacionais impede ainda que produções locais sejam colocadas no mercado global, o que é importante para que os países divulguem sua identidade. Ele ressaltou a necessidade de se criar mecanismos que protejam as identidades culturais das nações e permitam que elas tenham inserção mundial. Quando um país não é globalmente reconhecido, "ele se torna invisível e seus produtos se desvalorizam", disse.

O executivo citou o Brasil como exemplo vitorioso na luta para manter uma autonomia no mercado internacional de mídia, apontando que 80% dos programas exibidos no país são nacionais. "Exportamos nosso conteúdo brasileiro a mais de 100 países" acrescentou. "Sobrevivemos à competição global de grandes companhias de mídia mantendo nosso próprio conteúdo e linguagem, mas não há muitos que podem fazer isso nos países em desenvolvimento".

O Fórum Mundial de Mídia Eletrônica foi organizada pela ONU, paralelamente à Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, criada para discutir o futuro da internet. Representantes de emissoras de rádio e de TV reclamaram que o evento sobre a rede mundial de computadores deixou de lado a importância desses tradicionais meios eletrônicos. No Fórum, a internet estava representada, por exemplo, com oficinas de estudo de como ela influenciou o rádio e a televisão. Na Cúpula, a maior discussão foi sobre se a ONU deve ter maior controle sobre a rede e quem vai financiar o acesso dos países pobres às novas tecnologias de comunicação. Atualmente, as principais decisões sobre internet são tomadas por uma organização sediada nos EUA, a ICANN. Com informações da Highway Africa News Agency [10/12/03] e da AP [8/12/03].