Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Maurício Santoro

RADIOJORNALISMO

"Manual de Radiojornalismo – produção, ética e internet", copyright Jornalistas da Web, 13/11/01

"A criação da internet provocou grandes transformações no rádio, comparadas somente àquelas que ocorreram com a invenção da TV. Partindo deste ponto de vista, Heródoto Bardeiro e Paulo de Lima – gerente de jornalismo e editor da CBN – escreveram um manual de radiojornalismo que tenta dar conta dessas mudanças.

Os autores destacam a necessidade de refletir sobre a ética no rádio, devido à perigosa situação desse meio de comunicação no Brasil – as 4 mil emissoras existentes em nosso país são utilizadas freqüentemente como itens de barganha política entre o governo federal (responsável pelas concessões) e chefes regionais, em especial no interior.

Sendo assim, a ética é um dos temas principais do livro. Barbeiro e Lima identificam os pontos principais que devem guiar a conduta do jornalista: interesse público, isenção, busca da verdade, respeito aos direitos humanos e o repúdio à manipulação e aos preconceitos. Os capítulos sobre ética estão entre os melhores do livro, e interessam a todos os jornalistas, independentemente da mídia em que operemos.

No que diz respeito à internet, os autores afirmam que ela transformou o rádio aumentando a interatividade e a exigência do público. Os recursos multimídia geram a necessidade de produzir não apenas sons, como no rádio tradicional, mas também textos e imagens. Os ouvintes cobram mais informação, e não se contentam com a rapidez das notícias.

Barbeiro e Lima dedicam vários capítulos às técnicas básicas do jornalismo, tratando de temas como reportagem e entrevista. Na primeira, destacam as virtudes da narrativa baseada na observação. Na segunda, alertam para a necessidade do rádio em conciliar emoção com objetividade, evitando que a entrevista descambe num bate-boca entre repórter e entrevistado.

Os talentos exigidos pelo rádio são tratados em detalhes, em seções que abordam a apresentação/locução de programas, as dificuldades de pronúncia, a edição de sonoras e, claro, a redação para rádio – onde a oralidade e a agilidade são o mais importante.

O manual conta ainda com glossários de termos econômicos, jurídicos, políticos etc, além de textos sobre os direitos e deveres dos jornalistas, numa sociedade em que a qualidade da informação é cada vez mais importante."

 

iG BATE UOL

"Provedor iG ultrapassa UOL em número de visitantes de sites", copyright Folha de S. Paulo, 14/11/01

"A concentração de audiência na internet brasileira diminuiu, e o UOL (Universo Online) perdeu a liderança em alguns dos quesitos utilizados para medir o número de visitantes dos sites. É o que revela o ranking de audiência de outubro elaborado pela Jupiter Media Metrix.

O iG assumiu a liderança no quesito domínio global, que mede quantos internautas visitaram as páginas hospedadas pela empresa. Enquanto 3,9 milhões de internautas acessaram as páginas do iG em outubro, 3,6 milhões visitaram as páginas do UOL.

O UOL manteve a liderança no ranking de propriedades, que mede a audiência de todos os sites que pertencem a um mesmo grupo econômico. As páginas dos sites do UOL Inc foram visitadas por 4,5 milhões de internautas.

A pesquisa também mostra que a audiência na rede brasileira está menos concentrada. Em setembro de 2000, as páginas do UOL Inc eram visitadas por 82% dos internautas. Esse alcance caiu para 76% no mês passado.

?Essa concentração era única no mundo e é natural que diminua?, diz Angela Marsiaj, diretora da Jupiter Media Metrix no Brasil. Ela afirma que o ranking reflete a audiência de parte do mercado brasileiro, já que a medição é feita em dez regiões: Grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte, Brasília, Grande Curitiba, Grande Porto Alegre, Grande Fortaleza, Grande Salvador, Grande Recife e interior de São Paulo.

Para Angela, a mudança do ranking aumentará a concorrência e trará benefícios para os usuários."

 

WEBJORNALISMO

"Joyce Jane – Como o jornalismo pode transformar os sites de notícias", copyright Jornalistas da Web, 6/11/01

"Na última terça-feira de outubro, dia 30, voltei à faculdade. O motivo foi a palestra da jornalista Joyce Jane Silva, editora chefe do Globo On line e do GloboNews.com, na PUC-Rio. Em uma hora de bate-papo, Joyce falou sobre a ?experiência louca? de cuidar de dois sites com enfoques tão diferentes e de chefiar mais de cem repórteres num meio em que as possibilidades ainda estão se definindo. Minha vontade de falar sobre os sites em que ela trabalha é antiga. Então aproveitei a oportunidade para ouvi-la, entender como eles funcionam e mostrar para vocês um pouco de como foram pensados seus conteúdos.

Há quinze anos trabalhando com jornalismo impresso, Joyce acredita que mais importante do que saber mexer com a tecnologia, é saber trabalhar a notícia e, no meio da enxurrada de notas que surgem a cada momento, priorizar as mais importantes. A jornalista era editora-executiva do O Globo, quando foi chamada para reformular o Globo On line e criar um novo produto: o site GloboNews.com. E, ao escolher a equipe com que ia trabalhar, não hesitou em recrutar repórteres experientes: ?Dos oito editores, talvez dois deles tivessem experiência em trabalhar com internet. O mais importante para mim foi encontrar pessoas que entendessem de jornalismo.? Hoje ela não se arrepende: ?Neste um ano, posso dizer que na internet, o mais importante de tudo é saber o que é notícia.? Joyce concorda que se coloca muito lixo na Rede mas, com a profissionalização do meio e a exigência cada vez maior por parte do público, essa realidade tende a mudar. As primeiras transformações foram no Globo On line. ?Das 30 pessoas que trabalhavam no site, 30% delas eram jornalistas, porque o foco era a conversão. Hoje, todas são jornalistas.? O passo seguinte foi estruturar a GloboNews.com e escolher cada repórter que integra a equipe do novo site. Apesar de funcionarem lado a lado, os dois produtos possuem diferenças profundas: enquanto o primeiro tem um enfoque carioca, com serviços sobre a cidade, o segundo utiliza amplamente os recursos multimídia disponíveis e cobre notícias nacionais e internacionais, disponibilizando também o conteúdo da TV. Em comum, a preocupação de melhorar cada vez mais, errar cada vez menos e ousar. Confira os melhores momentos da palestra:

Mercado – ?Houve um momento em que as pessoas acharam que iam ganhar muito dinheiro, mas hoje o mercado está totalmente para baixo. O ig parece que estava saindo do vermelho, mas agora está se aliando ao jornal O Dia para cortar gastos. O fato é que cada um procura uma forma de sobreviver. O nosso site é deficitário e é um desespero. Eu fico o tempo todo correndo para cortar gastos, ver que agência internacional posso não ter. De um ano para cá, fizemos uma reformulação total, todos os jornalistas tiveram seus salários corrigidos, porque na internet não havia parâmetro algum. O fato é que o Globo até hoje resolveu bancar o prejuízo, logo, isso está na conta deles. A Globo.com cometeu alguns erros em termos de mercado. Todos acharam que ia ser uma coisa, acabou sendo muito menor. Agora, profissionalizaram tudo, estão correndo atrás. A verdade é que ninguém sabe como ganhar dinheiro na internet. Mas não é possível um site que tem mais leitores do que o jornal impresso ainda dar prejuízo.?

Conteúdo pago – ?O Globo brigou muito tempo com o site, e acho que ainda há um conflito não resolvido em tornar disponíveis todas as matérias do jornal do dia seguinte gratuitamente. Por outro lado, se o leitor não tiver um bom site, se não lhe dermos isso, ele vai buscar em outros o que não tem. Não estamos sozinhos no mercado. Além disso, todos sabem que está para ser aprovada no Congresso a lei de participação estrangeira nos jornais no Brasil. Se o New York Times, por exemplo, resolve investir, temos que estar na internet. Ao mesmo tempo, ninguém quer gastar porque não dá lucro.?

Jornalismo impresso x jornalismo online – ?A internet começou a se meter no jornal de forma invasiva e odiável. Lembro-me de que quando a redação do O Globo foi obrigada a passar uma cota de flashes diários para alimentar o site, houve uma resistência enorme da redação. Todos os releases que não seriam publicados, o lixo do lixo, se transformavam em notas. Ainda hoje alguns jornalistas acreditam que, ao escrever para os dois meios, vão tirar mercado de outros profissionais, mas dificilmente uma empresa vai permitir que dois empregados façam o mesmo serviço.?

Furo de reportagem – ?Entre os sites o critério usado para a competição é o furo de reportagem, que normalmente dura apenas alguns minutos. Na internet, brigamos pelo tempo que uma notícia inédita permanece no ar, sem ser copiada. No dia 13 de setembro deste ano, dia do lançamento oficial do site GloboNews.com, recebi os parabéns por termos sido o primeiro veículo na internet a noticiar o ataque às torres do World Trade Center (dois dias entes). Vimos acontecer, achamos impactante a notícia e colocamos imediatamente no ar. Achei interessante saber, mas ainda não sei se os leitores prestam muita atenção nesse detalhe.?

Português – ?Muitas vezes não há tempo de reler uma nota para colocá-la no ar, mas a preocupação com a língua portuguesa é uma batalha diária. Como na internet não existem redatores, a quantidade de erros é muito grande. Mas sempre reforço que a qualidade de texto tem que ser a mesma que no jornal impresso.?

Site com personalidade – ?A discussão que está surgindo, depois de se fazer um bom jornalismo na internet, é sobre a possibilidade de criar um produto que tenha uma cara. A linguagem mais próxima da internet é a do rádio, mas a Rede oferece a vantagem de juntar os conteúdos numa coisa só e dá ao jornalista a oportunidade de experimentar qual a melhor forma de texto para prender o leitor. Hoje, os títulos mais inteligentes ainda são os do jornal, onde existe mais tempo para fazer isso. O que estamos pensando agora é em como trabalhar esta linguagem multimídia e se é possível, apesar do pouco tempo, trazer a opinião e a crítica para este veículo. Porque num jornal, você discute, tem tempo de confrontar idéias. Na internet queremos fazer um produto que force a fidelização com o leitor ao mesmo tempo em que o trânsito de informações é muito grande. Este é o desafio agora.?

Na redação – ?Se um repórter está na rua e passa uma nota de 5 linhas e a notícia é importante, os jornalistas da redação vão ligar para as outras fontes e apurar por telefone para complementar a nota. O mais importante para um jornalista que trabalha na internet é saber fazer uma avaliação permanente do que está acontecendo.?

Multimídia – ?Não acredito ainda na idéia do repórter multimídia que tira a foto, grava sonoras, escreve a matéria, manda pela internet e ainda faz imagens. Ainda não vi isso acontecer, embora seja o sonho de muitas empresas. Mas as mídias estão se comunicando cada vez mais e os jornalistas têm que saber lidar com isso, unir estes conteúdos, sem esquecer que apurar não é só ir para a rua, mas é pensar, é organizar idéias.?

Segundo lugar – ?O Globonews é um site de notícia, que já é segundo lugar. Começamos em julho deste ano em quinto e hoje estamos brigando para ser primeiro lugar.?

Desafios da internet – ?Quando a internet começou, tinha uma grande quantidade de informação difusa. Talvez por isso a percepção de que os sites eram anunciantes potenciais tenha sido dificultada. Eu não sei se é por isto, o que eu sei é que todo mundo está buscando uma forma de ganhar dinheiro. A internet está procurando mercado, está procurando resgatar uma série de coisas que se perderam no começo, e vencer o desafio de mostrar para o leitor que tem jornalistas tão bons quanto os dos grandes jornais. A verdade é que a gente está vendo uma coisa se formando na nossa frente.?"