Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mídia cachorrinho

MONITOR DA IMPRENSA


GOVERNO BUSH

As organizações noticiosas mostraram em sua recontagem independente dos votos das eleições de 2000 para a Presidência dos EUA que George W. Bush teria vencido Al Gore de qualquer forma. A imagem de que Bush era um presidente forjado, então, foi trocada pela de que a mídia é, sim, tendenciosa.

Democratas devotos voltaram a afirmar que as empresas jornalísticas manipuladas por ideólogos de direita atacaram injustamente Bill Clinton e amansam quando o assunto é Bush. A última prova disso estaria nos diferentes tons que a imprensa deu a Clinton e a Bush nos primeiros 100 dias de governo. "As companhias de mídia de Washington tornaram-se cachorrinhos ? você dá uma coçadinha na barriga e elas rolam", disse Rahm Emanuel, ex-assessor de Clinton.

Na opinião de Michael Kelly [The Washington Post, 16/5/01], seria interessante se fosse verdade, uma vez que desmente a crença geral de que a mídia americana é excessivamente liberal e democrata. A mídia estará apoiando um republicano em detrimento de um democrata? Bush, segundo estudo do Project for Excellence in Journalism, da Faculdade de Jornalismo da Universidade de Columbia [ver remissão abaixo], não teve seu caminho facilitado pela mídia nos primeiros 100 dias, em relação ao antecessor.

A verdade, para Kelly, não é complicada. A mídia bateu em Clinton devido aos acontecimentos quer jogaram suspeitas sobre seu caráter. Bush não desperta dúvidas análogas sobre seu caráter e não fez nada sério para confirmar desconfianças quanto a sua inteligência. Apesar disso, a cobertura de Bush em termos políticos tem sido clara e pesadamente negativa ? porque muitos repórteres não aprovam suas políticas conservadoras. O debate sobre a parcialidade da imprensa deu lugar à discussão da recontagem. Já era tempo.


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HOLLYWOOD

Está confusa a controvérsia entre Anita M. Busch, editora do Hollywood Reporter, e dois funcionários importantes, David Robb, redator, e Beth Laski, editora-executiva de filmes, que pediram demissão após conflito com o publisher Robert J. Dowling. A desavença é um confronto entre o novo e o velho estilo jornalístico de Hollywood.

De acordo com Bernard Weinraub [The New York Times, 14/5/01], Dowling recusou-se a publicar reportagem investigativa de Robb sobre George Christy, cuja coluna no Hollywood Reporter detalha festas e estréias de Hollywood. Robb escreveu que uma organização de apoio a atores e produtores estava investigando Christy por possíveis fraudes, incluindo remuneração por filmes nos quais não aparece. Já houve investigações dessa espécie em 1993 e 1998 envolvendo Christy.

Robb também disse que Christy tinha espaço gratuito no escritório de dois produtores, além de ter recebido um smoking Armani, uma caneta Cartier e acesso a uma loja de roupas por mencionar essas empresas em sua coluna. Christy se disse "apavorado" pelo artigo e negou tudo à Associated Press. Lynda Miller, porta-voz do Reporter, recusou-se a falar sobre o colunista. "É um assunto confidencial, interno ? é assim que estamos lidando com a situação", disse. Dowling escreveu em matéria de capa no jornal que "Busch e Robb tinham compromissos pessoais que ultimamente levaram à falta de objetividade na investigação de Christy". Dowling ainda afirmou que Anita Busch e Robb tinham "obsessão" por Christy.


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