Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Mídia deslumbrada.com

Edição de Marinilda Carvalho

Na edição de número 100 do Observatório, veículo de crítica da mídia que nasceu na internet, fomos brindados com uma carta especialmente lúcida ? entre várias outras de especial lucidez. É do leitor Carlos Teixeira. Ele bate de frente com a imprensa colonizada, que não pressiona entrevistados metidos a besta quando eles afirmam na maior cara de pau que estão investindo "5 milhões de dólares" ? quase sempre são "5 milhões de dólares" ? em seus sitezinhos ordinários. Carlos recomenda uma perguntinha ao tal entrevistado: em QUE eles estão aplicando 5 milhões de dólares?

Pensem bem: se os ambientes fossem TODOS equipados com Power Macs G4 Ultimate duplo processador e monitor de 22 polegadas, da Apple ? ou seja, uns 11.500 dólares cada máquina ?, seria uma lenha chegar a 5 milhões de dólares. Mesmo com estações de trabalho Silicom Graphics, a uns 20 mil dólares cada. E ainda que pagando fortunas a todos os nerds de 20 anos que pudessem reunir numa empresa da Nova Economia.

Ora, por favor! Nem na Lucas Arts, amigos, onde só se usa Silicon Graphics mesmo. Mas jornalista colonizado não só nada pergunta sobre isso, embora olhando em volta e vendo um monte de maquininhas vagabundas sobre mesinhas sem sequer apoio para o pulso dos cibercondenados do teclado, em suas 18 horas diárias de trabalho, como até chama esses entrevistados de CEO e CIO. Bernard Cassen, do Le Monde Diplomatique ? não resisto a citar ? chama essa gente de "jornalista de mercado". E não estava considerando a Nova Economia quando cunhou a expressão ? apenas a tendência à aceitação submissa de tudo o que o mercado dita.

Ave, mister CEO. Os descerebrados te saúdam.

Li o artigo da procuradora Ana Lúcia Amaral [ver remissão abaixo] e me senti forçada a manifestar-me. Por favor, insista em artigos como esse. Há certos valores dos quais não se pode abrir mão senão em nome de conceitos abstratos (para mim muito caros) como caráter, honra e moral, mas pelo menos que seja em nome do resultado prático que a perda de valores como honestidade e integridade pode acarretar. No jogo em que a regra é "ganha o mais esperto", no fundo todos perdem. Tenho um filho de 3 meses, e me questiono sobre o que ensinar a ele, pois nossa sociedade considera bobo um homem correto. Mas a mim me ofenderia ensinar algo diferente. Resta aplaudir os que defendem a moralidade, torcendo para que algo ainda se resgate.

Patrícia Stein

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