Friday, 19 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Mídia na alça de mira

JORNALISTAS NO FRONT

A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) fez um apelo para que jornalistas e equipes de mídia em geral não sejam alvo militar de ambos os lados da guerra. "As lideranças militares devem ter certeza de que os jornalistas estão fora de alcance ao se preparar para a guerra", disse Aidan White, secretário geral da IFJ, no dia 17/3. "Centenas de jornalistas podem estar trabalhando no front e sua função é vital para manter o mundo informado."

A IFJ pediu ao secretário de defesa dos EUA Donald Rumsfeld e ao presidente do Iraque Saddam Hussein para que dêem instruções de proteção e respeito aos direitos dos jornalistas para comandantes das forças armadas. "Segundo a legislação internacional, jornalistas devem ser tratados como não-combatentes e seus direitos devem ser respeitados", disse White.

"Apesar de os EUA e o Iraque ainda não terem ratificado oficialmente os protocolos das Convenções de Gênova, em que é garantida a proteção a jornalistas, pedimos a ambos os países que respeitem os direitos dos repórteres e suas equipes."

"Todos os jornalistas deveriam recuar de posições perigosas o mais rápido possível", disse a IFJ, que elogiou a retirada imediata do Iraque da maioria das emissoras de TV, após comunicado do Pentágono do risco de permanecer em Bagdá durante o conflito. "Estamos preocupados com a mídia local e regional e com jornalistas free-lance que estão rondando a região e que no momento correm mais risco."

Os pedidos da IFJ são uma resposta aos sucessivos incidentes que ocorreram com jornalistas na região. No dia 1? de março, três jornalistas argentinos foram detidos na Jordânia. Os jornalistas, Juan Castro, Rubén Vivero e o cameraman Cristian Sedam, todos do Canal 13, foram presos enquanto saiam do Iraque e rumavam à capital da Jordânia, Amman.

No dia 8/3, o Kuwait avisou que a emissora estrangeira que fornecesse informações à mídia israelense seria processada. "Esse tipo de censura política é uma afronta à democracia, completamente inaceitável", disse White.

Ao mesmo tempo, Scott Taylor, jornalista canadense da revista Esprit de Corps, de Ottawa, foi expulso do Iraque após o serviço secreto do país acusá-lo de espionagem para Israel.

O presidente da ABC News, David Westin, resolveu retirar o correspondente Dan Harris de Bagdá porque "o risco atingiu níveis absurdos". Mas a agência de notícias britânica Reuters, confiante em relação a precauções de segurança, continuou mantendo quatro correspondentes na capital do Iraque. Já a NBC disse a seus dois correspondentes, Ron Allen e Patrícia Sabga, que deixem a cidade. "Achamos que seria uma grande exposição a perigos reais", disse a porta-voz Barbara Levin. A NBC ainda conta com o repórter Fred Francis no norte do Iraque.

Catherine Mathis, porta-voz do New York Times, disse que o repórter John Burns, e o fotógrafo Tyler Hicks receberam instruções para deixar o Iraque no dia 17/3, sob recomendação da política do jornal, segundo a qual "a única taxa de casualidade aceita é zero". Segundo Mark Jurkowitz [The Boston Globe, 18/3/03], o Times ainda possui jornalistas no norte do país.

Em alguns casos, os próprios iraquianos decidiram o destino de repórteres americanos em Bagdá. Um correspondente da Fox News foi expulso algumas semanas atrás. Um repórter do Boston Globe, David Filipov, foi mandado embora do país por fazer um telefonema de madrugada em seu aparelho via satélite.

Apesar de a maioria dos órgãos de mídia ter retirado suas equipes de Bagdá, a correspondente Lara Logan, da CBS, permanece na capital. Quatro jornalistas da CNN estão na porção norte do Iraque e Nic Robertson e Rym Brahimi, em Bagdá. "Estão lá, mas sua condição é constantemente avaliada", disse a porta-voz Megan Mahoney.