Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Melhor que a Fórmula 1

PERSEGUIÇÕES AO VIVO

Recentemente, telespectadores americanos puderam escolher entre os canais Fox News, CNN ou MSNBC para acompanhar ao vivo, por 90 minutos, uma perseguição da polícia a um carro nas imediações de Los Angeles. Curiosamente, depois que o veículo capotou e seu ocupante foi preso, ninguém se deu ao trabalho de informar quem era o perseguido. As emissoras não se importaram com isso, pois o que motivava a transmissão eram os altíssimos índices de audiência que a tensão da "caça" em si propicia. A Fox News teve o dobro do número normal de telespectadores, chegando a 1,38 milhão, a CNN bateu nos 900 mil, sendo que sua média é de 555 mil, e a MSNBC viu crescimento de 60%.

Daniel Schechter, editor executivo do sítio Mediachannel.org, que monitora a mídia americana, diz que a transmissão de perseguições automobilísticas está no limiar entre jornalismo e entretenimento. "A avaliação que os meios de comunicação fazem deixa de lado a importância dos fatos para escolher o que é instigante."

As coisas mudaram, pois, em situações anteriores, ficou evidenciado um conflito ético interno nas emissoras. Em 6/5, a CNN só passou a transmitir uma perseguição 25 minutos depois que a Fox News, e, mesmo assim, entrava com outras notícias no meio. No dia seguinte, houve outro evento do tipo, exibido somente pela Fox News. Em novembro de 2001, a MSNBC criticou Fox News e CNN por terem acompanhado por 40 minutos o percurso de um caminhão em chamas por Dallas.

A gerência da CNN decidiu agora cortar a transmissão excessiva de perseguições. A Fox News, que sempre mostrou menos escrúpulo, vai continuar transmitindo enquanto o público mostrar interesse. As informações são de David Bauder, da AP [20/5/02].

LOS ANGELES TIMES

Los Angeles Times, uma das instituições mais respeitáveis do sul da Califórnia, atendia a ambições conflitantes da empresa Times Mirror. Seus líderes exigiam foco nacional e internacional, e localmente queriam conquistar as áreas de cinco condados, uma região de 16 milhões de pessoas. As quatro edições locais contavam com equipe e sotaque próprios; a maior e mais independente era a de Orange County que, das 75 páginas disponíveis, ocupava metade com conteúdo único ou ao menos exclusivamente redesenhado para ela. Em seu auge, chegou a empregar 200 funcionários e disputava com o Orange County Register a supremacia da circulação em cidades de renda alta, como Newport Beach.

Este caro sistema começou a se desgastar no final dos anos 90 e agora, após três décadas de experimentação com várias identidades locais, o Times parou de publicar estas edições. Em março, a editora de cidade, Miriam Pawel, foi promovida ao cargo recém-criado de editora administrativa assistente, para assumir o comando das redações regionais.

Depois que a Tribune Company comprou a Times Mirror, o publisher John Puerner dobrou o preço de capa (para 50 centavos), cortou bônus de entrega para assinantes e eliminou 1.870 empregos, alguns por um programa de demissão voluntária. Conseqüentemente, a circulação diária caiu para abaixo de um milhão de exemplares, a de domingo teve um pequeno aumento e a renovação do público-leitor caiu: enquanto mais da metade dos assinantes tem sido leais ao jornal por cinco anos ou mais, apenas um novo assinante em cada 10 renova a entrega a domicílio.

Segundo Felicity Barringer [New York Times, 20/5/02], a Tribune Co. estuda agora a divisão de recursos entre seus jornais ? Chicago Tribune, Newsday, Baltimore Sun, LAT ? com a fusão das sucursais de Washington ou a de operações estrangeiras. Os editores do Times rejeitam a idéia.