Thursday, 18 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

Menos erotismo, menos faturamento

O Yomiuri Shimbun, jornal de maior circulação no Japão, decidiu, no início do ano, banir a veiculação de anúncios de duas revistas masculinas que, além de trazerem fotos picantes de suas modelos nos anúncios, acrescentavam frases eróticas e detalhes da vida sexual de estrelas.

Durante anos, os maiores jornais do Japão veicularam semanalmente anúncios de revistas que prometiam mostrar “as primeiras fotos de ex-modelos com belos seios” e “exibições de 16 mulheres ordinárias mostrando seus pêlos púbicos”, juntamente com um preview das jovens garotas nuas das revistas.

O informou que a determinação de banir os anúncios baseou-se nas constantes reclamações de leitores (na sua maioria mulheres) e dos próprios empregados do jornal.

Em entrevista a Howard French, do New York Times (7/1/00), o porta-voz do Yomiuri Shimbun acrescentou que 99% de sua circulação é por meio de assinaturas, e que possibilita que o material erótico seja entregue em casas “onde poderia ser visto por crianças – o que não pode ser considerado normal”.

De acordo com a matéria de French, o debate sobre a exibição de material sexual iniciou-se no fim de 1999, quando o advogado Miki Tanikawa levou o assunto à discussão em uma organização de advogados do Japão e afirmou que os anúncios refletiam o baixo status da mulher na sociedade japonesa.

Yomiuri Shimbun anunciou que a determinação sacrificará semanalmente 600 mil dólares do faturamente de publicidade. Outro importante importante jornal japonês, o Mainichi Shimbun, informou que consideraria o banimento deste tipo de anúncios. O liberal Asahi Shimbun também que tem recebido um grande números de cartas de leitores que reclamam do conteúdo sexual dos anúncios e informou que também considerará seu banimento.

 

O site de notícias norte-americano com maior audiência em 1998, MSNBC.com bateu un recorde em outubro passado: 7 milhões de visitas. Segundo matéria de Felicity Barringer para The New York Times (27/12/99), o site, resultado de uma parceria entre a General Electric e a Microsoft, está lançando os arquétipos do jornalismo que será desenvolvido pelos sites de notícias nos próximos anos.

Barringer afirma que MSNBC.com passou de uma fase “infantil” de experimentação e avança agora para um amadurecimento mais sério. Segundo a repórter, o sucesso do site provém de sua velocidade, escolha profissional e original do material, multimídia, limpeza e muita, muita autopromoção.

MSNBC.com coloca o logotipo de sua matriz – NBC – em todos os espaços possíveis do website. A Microsoft, por sua vez, oferece links para MSNBC.com em inúmeros sites pelo mundo.

Além da autopromoção, o site de notícias tem feito diversos acordos com organizações de mídia dos Estados Unidos. Nesta lista inclui-se o jornal The Washington Post e a revista Newsweek, além do site especializado em crimes APBnews.com, do provedor ZDNet e do website Oncology.com, especializado em câncer.

Em entrevista à repórter Barringer, Tim McGuire, vice-presidente do Minneapolis Star-Tribune e especialista em notícias online, afirma que MSNBC.com já é uma marca fixada no ramo das notícias e que seu sucesso advém da habilidade em perceber como se deve atuar em veículos online. “Uma das chaves para tudo isso é utilizar informações que se encaixem no veículo. Eles fizeram coisas interessantes e estão criando uma nova mídia”, afirmou McGuire.

 

Mais um muro derrubado entre publicidade e redação. Depois de veicular um encarte publicitário de cem páginas produzido por seu próprio diretor de criação, a revista norte-americana Talk está sendo avaliada pela Sociedade Americana de Editores de Revistas (ASME) por aparentar “conflito de interesses”.

A controvérsia iniciou-se quando Talk veiculou um encarte com anúncios da Benetton, que traziam fotos de homens condenados a morte nos Estados Unidos. A campanha foi criada por Oliviero Toscani, que também trabalha como diretor de criação da Talk. Seu nome apareceu estampado tanto na penúltima página do catálogo publicitário quanto no expediente da redação – em ambos os casos como diretor de criação. Os estatutos da ASME possuem uma cláusula que proíbe pessoas da redação de usar seus nomes nas seções publicitárias. Segundo a sociedade, isso traria a idéia de conflito de interesses.

De acordo com matéria de Keith Kelly para The New York Post (16/1/00), além de um profissional da redação ter trabalhado no encarte publicitário, a palavra “advertisement” (anúncio) não foi estampada em nenhuma página de publicidade. A Benetton e a revista alegam que preferiram que o catálogo fosse veiculado em forma de encarte – plastificado separadamente da revista –, e por isso estaria visualmente diferente do veículo, dispensando o emprego da palavra “advertisement”.

 

A mídia se torna imensamente mais significativa quando é lida, ou assistida, por outra mídia. A opinião é de Michael Wolff, repórter encarregado da cobertura sobre imprensa, em matéria para New York Magazine (3/1/00). Ainda assim, segundo o autor, a fascinação da imprensa por si mesma sugere excesso vaidade do meio, “um reflexo da era narcísica que a sociedade atravessa”.

Wolff afirma que uma das maiores dificuldades da mídia que fala sobre si mesma está no fato de os repórteres cobrirem suas próprias profissões, amigos e talvez futuros chefes. “A maioria de nós que cobrimos a mídia vivemos aquilo que reportamos.”

Ao invés de tratar a imprensa como um importante aspecto da sociedade contemporânea, alguns repórteres de mídia preferem fazer “fofocas sobre fofoqueiros”. A crítica se dirige a Keith Kelly, do jornal The New York Post, um dos repórteres de mídia mais influentes de Nova York. O repórter estaria, de acordo com Wolff, interessado apenas em furos, reportando rumores incertos como se fossem fatos.

 

Um jovem assistente de notícias do New York Times descobriu recentemente que seus antepassados que viviam sem calculadoras e computadores talvez não fossem tão bons em contas como se imaginava.

Aaron Donovan, 24, encarregado de somar todas as noites uma unidade ao número da edição anterior, descobriu que em 6 de fevereiro de 1898, o sujeito que deveria acrescentar 1 ao número do canto direito da edição 14.499 cometeu um erro grosseiro e passou por cima de 500 edições, publicando no topo da primeira página o número 15.000.

O escorregão, que aparentemente passou despercebido, só foi notado no fim de 1999 e corrigido no primeiro dia deste ano. A edição de 1º de janeiro de 2000, que seria registrada como a de número 51.754, foi corrigida para 51.254, com texto da redação explicando a mudança.