Wednesday, 08 de May de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1286

Miriam Abreu

O NOVO BRASIL

“Levy mostra o Brasil real em livro”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 13/12/02

“?O novo Brasil?, de Luiz Fernando Levy, presidente da Gazeta Mercantil, nasceu das mais de 300 palestras que o empresário fez pelo país. Durante as viagens, ele observava infra-estrutura e cada ponto que considera importante para o desenvolvimento do Brasil. ?Nós vivemos em cima do conjuntural sem olhar para o estrutural. O país passou nestes últimos sete anos por muitas mudanças. Só para se ter uma idéia, os projetos que vão provocar impacto no desenvolvimento do Brasil vão receber investimentos de até R$ 501 bilhões nos próximos cinco anos?, destaca o autor, em entrevista a Comunique-se. Estas mudanças, segundo Levy, não constam nos dados de institutos como IBGE e Ipea (Instituto de Pesquisas Aplicadas), porque os mapas e registros feitos incluem apenas postos e órgãos públicos.

O livro mostra que há 12 grupos multinacionais fora do Brasil. ?Sinceramente, pensei que fossem apenas quatro ou cinco?, comenta. Também traz dados sobre a participação da mulher no mercado de trabalho. ?Nos últimos seis anos, a participação da mulher cresceu de 8% para 14%. Descobrimos que a mulher não era considerada potencialmente trabalhadora em dados oficiais?.

Outro fato interessante é que a obra mostra que faltam programas de incentivo para micro e pequenas empresas. ?Todo ano chegam milhares de pessoas para concorrer a uma vaga no mercado de trabalho. Hoje, quem contrata são essas pequenas e micro empresas. É preciso incentivá-las?.

Para escrever ?O novo Brasil?, Levy contou com a ajuda de 13 jornalistas, que foram remanejados para o Centro de Informações da Gazeta Mercantil. Lá, eles levantaram os dados necessários para escrever a obra. ?Fiz a introdução e o pessoal fez todo o resto?, diz, referindo-se a André Wolffenbütell, Ariverson Feltrin, Carlos Taquari, Cláudio Ladrini, Dirceu Pio, Jaime Matos, Jorge Luiz de Souza, José Antônio Severo, Kauls Kleber, Luiz Recena, Mariza Gibson, Raimundo José Pinto e Roberto Baralti. A apresentação foi escrita por Zé Batista.

Levy tem planos ambiciosos para a obra. ?O novo Brasil? também terá edições em inglês e espanhol. A idéia é lançar o livro em Nova York e Washington no mês de janeiro, em Londres e Roma em fevereiro, Taiwan, Cingapura, China e Japão em março. O autor explica que todo lançamento é feito através de um seminário, quando participam representantes dos patrocinadores, que são eles: Petrobras, Febraban, AmBev, Telemar e Embraer. Sebrae, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Ministério do Esporte e Turismo deram apoio à obra.

?Queremos passar mais informações e desmistificar outras, ajudando o novo governo a ter dados ainda mais completos?, disse Levy. O livro foi entregue a Antônio Palocci, responsável pela equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e futuro ministro da Fazenda.

?O novo Brasil?, de Luiz Fernado Levy e equipe, Gazeta Gráfica Editora / Distribuição de Editora Nobel, Preço: R$ 80,00, 288 páginas”

 

INTERNET / LIBERDADE DE EXPRESSÃO

“Sites começam a perder batalhas legais”, copyright Jornal do Brasil / The Independent, 15/12/02

“A livre circulação de informações na Internet está sob ameaça desde a semana passada, quando a Justiça australiana decidiu pelo direito a processo de difamação contra aqueles que publicarem informações caluniosas sobre australianos em outro país.

A Corte Suprema da Austrália afirma que leis sobre difamação podem ser aplicadas em casos da Internet da mesma forma como vêm sendo aplicadas em outras mídias.

Os sete juízes que participaram da decisão determinaram que o magnata Joseph Gutnick poderá processar a agência de notícias Dow Jones, sediada em Nova York, em seu próprio estado, Victoria, onde as normas processuais são bem mais favoráveis aos queixosos que nos Estados Unidos.

Advogados afirmam que a decisão fará com que donos e editores de páginas na Internet passem a verificar as informações passíveis de processos na Justiça.

Apesar de o processo ter de ser apresentado somente na Austrália, o julgamento poderá ser realizado em outras cortes dos países da Commonwealth.

Por unanimidade, a Suprema Corte da Austrália negou a apelação apresentada pela Dow Jones & Co., pelo editor do Wall Street Journal, pelo semanário Barron?s e outras publicações da área de finanças.

Gutnick argumenta que o artigo de 7 mil palavras publicado na versão online do semanário o difamou ao chamá-lo de articulador envolvido em lavagem de dinheiro e fraudes. A corte não debateu a decisão a respeito do caso de difamação em si. O empresário terá de dar prosseguimento ao processo no estado australiano de Victoria.

A Dow Jones disse estar desapontada com a decisão, depois de ter sua apelação negada. ?Os resultados significam que a Dow Jones se defenderá numa jurisdição bem longe do país onde o artigo foi preparado e onde mora a grande maioria dos leitores do Barron? s?.

Os advogados da agência argumentam que a permissão do processo lançado por Gutnick teria impacto negativo nas iniciativas em defesa da liberdade de expressão.

Mas o princípio do litígio universal, sustentado na Austrália, também já encontrou apoio na União Européia (UE). A Comissão Européia está debatendo a introdução de leis que permitirão que processos de difamação na Internet sejam apresentados em qualquer corte da UE.

A especialista em questões legais Amber Melville-Brown, da empresa Schillings de Londres, compara o caso australiano a uma carta difamatória que ?não causa danos até que seja aberta e lida?.

– A decisão do caso confirma que a existência da tecnologia moderna não faz com que o princípio mude e não tira do queixoso a oportunidade de apresentar o processo – explica ela.

Especialistas em internet destacam também que a questão deve levar em conta que textos podem ser publicados na rede mundial de computadores de qualquer lugar do planeta, não só no país de origem.”

 

FÁTIMA BERNARDES / PERFIL

“Fátima Bernardes – O brilho da notícia”, copyright Época, 16/12/02

“Fátima cobriu as Copas de 1994 e 2002. Em 1998, na derrota para a França, ficou em casa com os filhos recém-nascidos

Fátima Bernardes não é atriz, não fez novelas, não trocou de marido nem participou de nenhum reality show em 2002. Mas, aos 40 anos, a apresentadora do Jornal Nacional, da TV Globo, cravou seu nome entre os destaques de um ano marcado pelo futebol e pela eleição presidencial. Na Copa do Mundo, disputada no Japão e na Coréia do Sul, não se limitou a ser âncora do telejornal. Com a experiência de ex-repórter de rua da emissora, Fátima participou de todos os momentos da campanha. Eleita pelos jogadores como a ?musa do penta?, protagonizou ao menos um magnífico momento. Viajou no ?ônibus da vitória? e, ao ritmo dos tamborins dos atletas, desfilou no corredor, entre os campeões. Parecia ser um deles – e ao mesmo tempo não deixou de cutucá-los com o microfone em punho e perguntas docemente constrangedoras. Teve outro mérito: nas mesas-redondas da emissora, deu palpites e arriscou análises que ajudaram, modestamente, a botar uma pá de cal na idéia machista de que mulher não gosta nem entende de futebol.

?Lá em casa somos duas irmãs e, como sou a mais velha, sempre fui a companheira de meu pai nos jogos de futebol, basquete ou vôlei?, conta a vascaína Fátima, que, porte sempre elegante, estudou balé clássico dos 7 aos 20 anos. ?Se tenho boa forma hoje, devo à dança.? Na volta da Copa do Mundo, foi parar na capa de várias revistas e passou a ser convidada para todo tipo de evento social, saindo do bastidor jornalístico para o palco. A sua revelia, virou notícia.

A sucessão presidencial foi o segundo grande momento da jornalista em 2002. Junto com o marido, William Bonner, comandou as entrevistas com os candidatos à Presidência da República, feitas ao vivo, no estúdio do JN. Com elegância e carisma, deu um simpático equilíbrio ao tom solene de Bonner. Soube improvisar nas perguntas além dos roteiros, nunca com a arrogância dos jornalistas empertigados. Apertou candidatos, mas sem dar a sensação de que gostaria de sufocá-los. ?Nada era ensaiado. Fazíamos uma pauta básica de assuntos, mas prevalecia o rumo que a entrevista tomasse?, explica ela.

Fátima fala com orgulho do JN. ?Em 2002, o telejornal perdeu o clima engessado que teve por tantos anos?, diz. Embora resista à notoriedade, o fato é que o alisamento japonês no cabelo, adotado por ela nos últimos meses, foi mais comentado que muitas das notícias apresentadas. Tudo porque seu talento a transformou numa figura de empatia popular. Ao viajar para a Copa, deixou Bonner no Brasil cuidando dos filhos do casal, trigêmeos de 5 anos. Toda noite, ele chamava a apresentadora indagando: ?Fátima Bernardes, cadê você?? E ela aparecia do outro lado do mundo para falar sobre o Brasil na Copa. Não se tratava de novela, e sim telejornal. Mas, que era romântico, era.”