Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Nelson de Sá

CRÍTICA DIÁRIA

“No ar”, copyright Folha de S. Paulo

“4/04/03 – Euforia e consagração

Enquanto isso, no Brasil, Míriam Leitão dizia na Globo:

– Foi um dia e tanto para o governo. Popularidade do presidente em alta, mercados eufóricos e vitória consagradora no Congresso.

E o futuro, o futuro:

– Quando se vêem as projeções dos bancos para os quatro anos de Lula, o cenário é bom. O país não vai cumprir a meta este ano, mas a inflação está em queda. O pior passou, nos anos seguintes a taxa vai continuar caindo… O país vai crescer 2% este ano, nos anos seguintes o crescimento será maior. O saldo comercial continuará alto. Os superávits primários serão mantidos.

Este é um país que vai para a frente.

Isso, na economia.

Já a violência e sua exploração sensacionalista pela televisão inauguraram nova fase, nos concorrentes Cidade Alerta de Milton Neves e Brasil Urgente de Luiz Datena.

Programas ao vivo, direto da delegacia.

De volta à guerra, Rupert Murdoch, o dono da Fox News e de muito mais, quer que acabe logo. Foi em conferência num instituto da Califórnia:

– Vai haver dano colateral. E se você quiser mesmo ser bruto quanto a isso, é melhor acabar com tudo agora do que se alongar por meses.

?Dano colateral? é a expressão usada pelos neoconservadores americanos para a morte em massa de crianças, mulheres e outros civis.

Mas por que tanta pressa? De acordo com Murdoch, porque uma guerra muito prolongada afetaria demais a economia dos Estados Unidos e do mundo. Atrapalharia os negócios. Para terminar, dele:

– Nós (americanos) nos preocupamos demais com o que as pessoas pensam. Nós temos um complexo de inferioridade, parece. Eu acho que o importante é que o mundo nos respeite, mais do que nos ame.

A Al Jazeera conseguiu tirar Saddam Hussein do sério. Um de seus correspondentes em Bagdá foi expulso.

Do editor-chefe do canal árabe, Ibrahim Helal, em entrevista à BBC, ontem:

– Nós já enfrentamos muitas coisas assim do governo iraquiano e de outros governos na região árabe. Eles pensam que eles podem impor condições à Al Jazeera.

Nada mal, para uma pequena emissora do pequeno Qatar -desagradar George W. Bush e Saddam Hussein em menos de duas semanas.

3/04/03 – Ataque à televisão

Na guerra do Afeganistão, após sofrer críticas por mostrar imagens de civis mortos e vídeos de Osama bin Laden, a Al Jazeera foi bombardeada em Cabul.

A emissora havia informado ao Pentágono onde estava sua equipe, mas não adiantou. O enviado escapou por minutos de seu escritório.

Ontem foi a vez de Basra, no sul do Iraque. De um porta-voz da Al Jazeera:

– O escritório oficial da equipe da Al Jazeera em Basra foi alvo de bombardeio pesado na manhã de quarta.

O escritório é no hotel Basra Sheraton, onde os repórteres são os únicos hóspedes. Quatro bombas atingiram o hotel. Ninguém morreu.

Emendou o porta-voz:

– A Al Jazeera havia informado ao Pentágono sobre os escritórios de seus enviados em Basra, Mosul e Bagdá.

De Basra, a Al Jazeera havia desmascarado um suposto ?levante? em favor das forças anglo-americanas.

De Mosul, ontem, deu a morte de 21 civis, inclusive mulheres e crianças -com imagens. A esta altura, a equipe deve estar longe do escritório na cidade.

O clipe de Madonna tocou o dia todo, ontem, na MTV Brasil. Opinião da VJ Didi:

– Não achei tão polêmico.

Mas é, apesar de se diluir no supermercado de imagens da indústria musical. Entre tantas, choca a visão de um menino árabe entre cenas de tanques e helicópteros.

Antes do comunicado de anteontem, em que suspendeu a exibição do clipe nos EUA, vale lembrar que Madonna havia distribuído outro comunicado, na semana passada, em resposta às primeiras críticas ao seu ?antiamericanismo?.

Dizia ela:

– Não sou antiBush. Não sou antiIraque… Eu me sinto grata por ter a liberdade de expressar meus sentimentos.

A liberdade não durou uma semana.

O neoconservador Rupert Murdoch, presidente da News Corp., que detém canais como a Fox News, está a um passo de ter o monopólio da TV paga por satélite no Brasil.

Depois de obter o controle da Sky, chegou a vez da DirecTV. A única concorrente que ele enfrentava, para comprar a operadora mundial, hoje controlada pela GM, desistiu.

As ações da News Corp. já subiram. Segundo a ?Variety?, publicação que cobre o showbiz e a indústria de comunicação, a oferta para a compra da DirecTV mundial deve passar de US$ 4,5 bilhões.

2/04/03 – Respeito às forças

A cerimônia do Oscar se excedeu nos sinais de paz e amor. De Salma Hayek a Susan Sarandon, foi um desfile contra a guerra.

Mas Hollywood não é comandada por atrizes. E os estúdios já tratam de enviar outra mensagem, a de que não querem se opor à guerra.

A Warner Bros censurou uma imagem que serviria de propaganda para o filme ?What a Girl Wants?, o que uma garota quer. Era uma jovem, com uma camiseta pintada como a bandeira americana, fazendo o mesmo sinal de paz e amor.

Foi trocada por uma jovem com a camiseta, mas com os braços abaixados. E um porta-voz da Warner:

– Por conta das fortes emoções que estamos vivendo, decidimos colocar as mãos dela para baixo para não haver nenhuma mensagem política.

Não pára aí a pusilanimidade do showbiz.

Madonna fez um clipe com imagens de crianças árabes misturadas a cogumelos de bombas -e no qual ela lança uma granada num ator parecido com George W. Bush.

Não mais. Chamado de antipatriótico antes de veicular, o clipe de ?American Life?, vida americana, caiu. Comunicado de Madonna:

– Por respeito às forças armadas, que eu apóio e pelas quais rezo, eu não quero arriscar ofender qualquer um que possa interpretar o vídeo de forma errada.

O clipe caiu, bem entendido, nos EUA. Na Alemanha, ele foi ao ar anteontem. Junto aos americanos, poderia atrapalhar as vendas. Junto aos alemães, ajuda.

Enquanto isso, a ONG Repórteres Sem Fronteiras se esforça por defender quem arrisca sair da história oficial.

Acusou soldados anglo-americanos de desrespeito aos repórteres que não estão ?embedded? (encaixados) com as tropas anglo-americanas.

Citou o caso de quatro jornalistas de TV que teriam sido agredidos no sul do Iraque. Um deles descreveu o que fizeram com um colega:

– Eles o derrubaram, chutaram, pisaram… Ele chorou como uma criança.

Já os que estão ?encaixados? recebem outro tratamento. Geraldo Rivera, um Ratinho americano tornado correspondente pela Fox News, passou informações que não devia sobre a tropa que acompanha.

Acabou expulso -ou não. O presidente da Fox News, Roger Ailes, ex-assessor republicano, negociou uma saída honrosa. Ontem, a expulsão já estava sendo ?revista?.”

 

TELEVISÃO EM DEBATE

“TV: compreender para mudar”, copyright Jornal do Brasil, 8/04/02

“A confirmação da transferência da Agência Nacional de Cinema para o Ministério da Cultura encerra um capítulo da implantação da Ancine, mas mal inicia a sua história. O MinC quer agora trazer para a agência o controle sobre a televisão, que estava na proposta que gerou sua criação, em setembro do ano passado.

Na época, isso não foi possível. A pressão das televisões abertas encolheu o projeto e a Ancine teve de se contentar com algum controle sobre a arrecadação da TV por assinatura. De saída, costurou um acordo bastante bom, que garante à produção independente recursos da distribuição de canais estrangeiros no Brasil. Pode não ser muita coisa, mas nunca se havia conseguido isso.

Nos meses que se seguiram, muito se falou a respeito do controle da televisão pelo Estado; ressuscitou-se um velho projeto que dispunha sobre regionalização; fizeram-se seminários; todo mundo quis dar sua contribuição, mas deve-se admitir que na maioria das vezes colocou-se a discussão num plano muito mais alegórico do que realista.

É hora agora de se inverter isso. Deixar o marketing de lado para se mergulhar seriamente num assunto que tem impacto direto sobre a formação do povo, a cidadania e a construção de uma imagem brasileira. Especialmente quando se populariza a noção de retorno social como a principal condição do Estado para o aporte de investimentos.

Pode-se perguntar, por exemplo, se é possível melhorar a qualidade da televisão simplesmente por um ato político. A resposta, evidentemente, é não – assim como não se pode acabar com a fome ou com a violência por decreto. Mas da mesma forma como é possível construir alicerces para que a fome e a violência deixem de ser inevitáveis, pode-se criar condição para que todo o processo que resulta no negócio da televisão seja mais harmonioso.

Para isso, deve-se entender como se dá esse processo. Perceber com clareza a natureza distinta da televisão comercial, da televisão pública e dos elementos que compõem a TV por assinatura. Assim como é imprescindível que se leve em conta a sinergia dos elementos dos quais dependem a construção de uma boa televisão.

Entre eles estão a pluralidade da criação mas também a forma de organização de redes, sua estrutura de comercialização e todos os mecanismos capazes de viabilizar a produção, seja por patrocínio, fomento, subsídio público etc.

A cautela é neste momento o melhor ingrediente para se evitar que seja perpetuada a situação existente: uma televisão comercial abaixo das exigências mínimas da dignidade do cidadão; uma televisão pública em crise de identidade; uma televisão por assinatura que não atende às suas promessas e se mantém estagnada. Como corolário, uma produção independente sem espaço para crescer, uma produção regional segregada, um público desinformado – e humilhado pela grosseira banalidade do produto que lhe é imposto.

Não é todo dia que se reúnem tantas condições para se alterar esse quadro. Diante de uma televisão tão ruim e economicamente frágil, surgem dúvidas se é possível se construir uma televisão boa e economicamente forte. A resposta desta vez é sim. E também que isso não depende apenas da rearrumação de ministérios ou agências – mas da disposição de se entender que a complexidade do problema exige que lhe sejam dadas respostas complexas.”

 

CORREIO BRAZILIENSE

“Mudanças no Correio Braziliense”, copyright Comunique-se (www.comunique-se.com.br), 8/04/02

“Segundo dados divulgados pelo Correio Braziliense, o veiculo é lido por 712 mil brasilienses, sendo que 77% dos leitores têm curso superior completo no DF. O diário também divulgou que 447 mil pessoas lêem exclusivamente a publicação.

Esses dados foram apresentados para mostrar a aceitação do Correio, por ocasião do lançamento do novo projeto editorial do jornal, já em vigor desde o domingo (06/04).

Internet

E por falar em mudanças, o site do Correio Braziliense também acompanhará a renovação do projeto gráfico do jornal e os leitores que acessarem www.correioweb.com.br terão surpresas, informa a redação do veículo.

Em matéria publicada recentemente no jornal sobre o assunto, o Correio dá conta que ?o layout da página será mais compacto e terá as cores cinza, preta e azul. Tudo para tornar a leitura no computador mais leve e dinâmica. Os demais produtos do site do Correio (Concursos, Divirta-se, Últimas, Cidadão e Outros Ares) ainda não sofrerão mudanças, mas continuarão a oferecer informações de qualidade aos internautas. À frente de uma equipe de 16 pessoas, entre oito jornalistas, cinco estagiários e três técnicos operacionais, a editora Simone Ravazzolli e a superintendente Renata Lu Franco garantem que a cobertura do site continuará com as suas principais características: agilidade, interatividade e exclusividade?, destaca.

?A credibilidade conquistada pelo CorreioWeb continua a mesma. Todas as renovações têm o objetivo de tornar a navegação mais fácil. A idéia é fazer com que o internauta esqueça que está navegando”, explica Simone. Desde agosto de 1996, a página do veiculo recebe atualmente uma média mensal de 15 milhões de acessos.

?O maior número de entradas na página foi anotada durante as eleições de 2002, em outubro, quando houve 22,3 milhões de acessos à cobertura jornalística do CorreioWeb. No período eleitoral, o site também desbancou os concorrentes no tempo de permanência do internauta na página. De acordo com o Instituto Verificador de Circulação (IVC), a média ficou em 26 minutos. A seção Concursos, por exemplo, permanece como a mais procurada pelos leitores. Referência nacional sobre concursos, o site apresenta uma média de cinco milhões de acessos por mês?, defende a matéria.

?O que segura as pessoas em uma página de Internet é o conteúdo?, explica a editora. Em maio de 2002, o CorreioWeb recebeu o prêmio IBest de melhor site do Distrito Federal, desbancando adversários de peso. Neste ano, o site está novamente entre os três finalistas do IBest.

A matéria também alega que a ordem de publicação das editorias será a mesma da versão impressa. Desde o dia 06/04, todos os links de acesso das editorias do Correio estarão localizadas no lado esquerdo da página.

Internacional

Outro ponto abordado pela redação do Correio, foi a atenção dada a editoria de Mundo. ?A equipe de jornalistas comandada pela editora de Mundo, Graciela Urquiza Mendes, tem trabalhado para garantir aos leitores um noticiário completo e diferenciado sobre a guerra dos Estados Unidos e Grã-Bretanha contra o Iraque. Esse esforço será mantido nas edições que inauguram o novo projeto gráfico e editorial do Correio Braziliense. Além de notícias enviadas por duas das mais importantes agências de notícia do mundo – a americana Associated Press e a francesa France Presse – e do material dos jornais americanos The Washington Post e Los Angeles Times, Graciela conta com a ajuda de dois subeditores, três repórteres e dois estagiários. Na equipe, há jornalistas fluentes em inglês, espanhol, francês e até árabe. ”Eles acrescentam informações às notícias que nos chegam pelas agências e pela internet”, explica a editora que já trabalhou no Jornal do Brasil, na TV Globo e no jornal O Dia?, explica a matéria.

Outro ponto forte salientado pelo Correio é a diversidade de sua equipe. ?(…) O repórter Samy Adghirni, de 23 anos, é o jornalista mais jovem da equipe de Mundo. Filho de marroquino com brasileira, Samy se formou em jornalismo na França. Sua fluência nos idiomas árabe, francês e inglês tem garantido aos leitores entrevistas exclusivas com intelectuais, políticos e economistas estrangeiros?. ?Nossa preocupação é fornecer ao leitor pontos de vista diferenciados”, aponta Samy. A opinião do repórter iniciante coincide com a do veterano subeditor Pedro Paulo Rezende, 50 anos, 29 deles dedicados ao jornalismo. Pepê, como é conhecido na Redação, já acompanhou outras quatro guerras – Golfo, Bósnia, Kosovo e Afeganistão – e é especialista em estratégia militar. Ele explica que neste, como em outros conflitos internacionais, é necessário desconfiar de todas as fontes. ”Precisamos cruzar várias informações porque não há partes isentas”, diz Pepê. É o que faz, com muito cuidado, o também repórter João Cláudio Garcia. Está nas mãos dele o difícil trabalho de consolidar as informações do front na página que abre o noticiário de guerra. Para isso, ele tem que consultar diariamente cerca de 20 fontes internacionais.

Depois da guerra, a equipe de Mundo continuará a acompanhar de perto a política internacional norte-americana. ?George W. Bush tem se caracterizado por sua política intervencionista, suas ações continuarão a dominar o noticiário mundial?, analisa Graciela. A cobertura da editoria de Mundo também dedicará atenção aos assuntos da América Latina. ?Lula reivindica posição de liderança na região, portanto acompanharemos as principais questões políticas dos nossos vizinhos?, explica a editora. Nessa área, a equipe de internacional também conta com uma especialista: a repórter Sandra Lefcovich, que já foi correspondente do Correio Braziliense na Argentina?, finaliza a matéria.”