Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Nelson de Sá

NO AR

"Limpeza de imagem", copyright Folha de S. Paulo, 14/8/01

"Num dia, FHC se proclama solidário com os manifestantes de Gênova. No seguinte, ontem, abraça Fidel Castro em pleno Jornal Nacional. E ainda aparece perfilado com Hugo Chávez.

Isso, diante das câmeras. Longe delas, como registrou o Bom Dia Brasil, encontrou-se com Pedro Malan para preparar o ministro para a ?espinhosa tarefa? de defender o acordo com o FMI, hoje no Congresso.

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Está prevista para hoje uma reunião em que líderes da Câmara dos Deputados, os mesmos do proclamado pacote ético, decidirão sua primeira ação para ?limpar a imagem perante a opinião pública?.

No registro da Jovem Pan, ontem:

? A primeira proposta é gastar quase R$ 9 milhões para limpar a imagem. O presidente da Câmara, Aécio Neves, disse que o Poder Legislativo tem que responder à altura e pode contratar publicidade para mostrar o que vem fazendo.

Não se deve ser pessimista, como ensina o presidente da República, mas gastar R$ 8,5 milhões em publicidade, num esforço pela ética na política, não soa muito bem.

Como não soou nada bem a coincidência, registrada pela Globo News dias atrás, entre a limpeza de imagem dos tucanos e a ?adesão? de Ronaldo Cunha Linha ao PSDB, deixando para trás o PMDB.

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No esforço intermitente de preparação de um candidato tucano para 2002, seja ele quem for, Aécio Neves ganhou os holofotes, a começar do JN e do programa de Jô Soares, na Globo.

Mas ainda tem que prefira Pedro Malan. As resistências tucanas ao ministro, ao menos diante das câmeras, andam baixas.

Se antes havia Mário Covas para vetar o ministro da Fazenda, hoje há esforços tênues de duas únicas figuras, os governadores Geraldo Alckmin e Tasso Jereissati.

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No correr do fim de semana, até ontem, a Globo mostrou um pastor atacando os ?demônios que têm usado? o técnico do Corinthians contra o jogador Marcelinho. Tais demônios, dizia o pastor, ?vão conhecer a vingança e o juízo de Deus?.

Novamente, a cena serviu, antes de mais nada, para expor as denominações evangélicas. É a guerra santa da audiência, que volta e meia se apresenta na tela -e que no mesmo final de semana, registre-se, mostrou uma nova face.

Na transmissão do programa Criança Esperança, de coleta de doações, a Globo conseguiu reagir ao concorrente Teleton, hoje no SBT, e formou cadeia com Rede TV!, TVE, Rede Vida e diversas outras.

Em meio à disputa por audiência, agora, acham-se até as crianças carentes."

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"Palanque eletrônico", copyright Folha de S. Paulo, 15/8/01

"Talvez Pedro Malan não seja mesmo candidato, como ele não se cansa de declarar. Mas como parece.

Ontem na Band News e na Globo News, que transmitiram as explicações do ministro ao Senado sobre o acordo com o FMI, estava inteiramente consciente do palanque. Dizia:

? Eu quero aqui rejeitar categoricamente as afirmações irresponsáveis de um candidato a presidente, que disse que o Brasil havia se comprometido a privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa.

Chamou o candidato (Lula) de ?essa pessoa?. Falou na primeira pessoa sem parar. Chegou a mostrar sinais de Janio Quadros em campanha:

? Eu acho que é uma leviana assacadilha contra a nossa honra dizer que nós, lá na calada da noite, estávamos discutindo privatização desse jaez.

Mais para a frente, depois de muito ?eu?, cuidou de reafirmar a lealdade a FHC:

? Eu tenho feito algo que eu sei que está fora de moda. Eu sei que o pessoal considera que está fora de moda defender o governo Fernando Henrique. E eu tenho feito isso. Eu nunca fui de modismos.

Por fim, a recusa, aos brados de palanque:

? Cobro certas coisas, sim, dos partidos de oposição. E vou continuar a fazê-lo, como ministro. Não como candidato, embora eu saiba do prazer que alguns derivam em escrever, em repetir algo que eu nego há um ano e meio: não acalento, jamais acalentei qualquer sonho político pessoal.

Entre ?alguns? que tiram prazer de sua possível candidatura, vale lembrar, está FHC.

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Semana após semana, um ou mais presidenciáveis tucanos ganham o palanque eletrônico. Ontem, prosseguia Aécio Neves -a exemplo de Malan, dizendo não ser candidato.

Ciro Gomes e outros de oposição têm que se satisfazer com franjas, sobras. No caso de Ciro Gomes, ontem, foi uma reportagem sobre a novela ?Um Anjo Caiu do Céu?, no TV Fama, um dos programas de celebridades do fim da tarde.

Diálogo da repórter com o candidato, ao lado da namorada, atriz na novela:

? Está gostando da festa?

? Estou gostando da festa. É um belo trabalho, é uma bela equipe. Acho que afirma a identidade cultural brasileira. Este é um gênero bem brasileiro, a novela. Algumas pessoas criticam, mas eu acho que é uma coisa importante.

Ele faz o que pode."

    
    
                     

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