Thursday, 28 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

Nos olhos de quem vê

MÍDIA & ATEÍSMO

Daniel Sottomaior (*)

Se existe algum deus, ele está de brincando comigo. Ou com as escolas de jornalismo.

Em menos de um ano, esta é a segunda vez que sou obrigado a me defender de acusações de jornalistas que leram o que eu escrevi, e depois mandaram textos ao Observatório me acusando do que não escrevi. Eles puseram seus próprios pensamentos entre aspas, atribuíram a mim sua autoria e ainda me culparam por isso. Em ambos os incidentes, as palavras-chave que eu não disse serviram de título às acusações, o que mostra que esses homens da notícia podem até perder a verdade, mas a oportunidade de uma boa manchete, jamais!

Escrevi um artigo sobre ateísmo e mídia [remissão abaixo], entre outras coisas, que Vitor Abdala descreveu assim: "O argumento, para Sottomaior, é que há uma ?teoria da conspiração? entre os dirigentes dos meios de comunicação para excluir de suas pautas assuntos relacionados ao ateísmo" ("?Conspiração? e críticas duvidosas", remissão abaixo). Segundo ele, eu afirmo que a imprensa "ignora" a existência dos ateus, e dá cobertura "apenas" a religiões.

O problema é que eu não disse isso. Não citei os "dirigentes dos meios de comunicação", não insinuei nada a seu respeito e não usei a expressão "teoria da conspiração". Comentei sobre a pouca visibilidade do ateísmo, mas não utilizei os absolutos que ele me atribuiu.

Às vezes as aspas são utilizadas para indicar uso livre ou quase inadequado de uma palavra, mas na frase de Abdala a associação com o meu texto é direta. Repito o que afirmei em minha primeira defesa: "As aspas são sagradas. Segundo o Manual de Redação e Estilo do Estado de S.Paulo, ?a correção do noticiário responde, ao longo do tempo, pela credibilidade do jornal? (ênfase do original). Sua variante, a precisão, garante a confiabilidade. O mínimo que se espera de um jornalista é que saiba separar suas opiniões dos fatos e suas interpretações das declarações dos envolvidos".

E já que estamos falando em correção e precisão, o que Abdala quis dizer, ao contrário do que ele escreveu, é que eu tinha teorias de conspiração para explicar a exclusão das pautas. Os dirigentes seriam os conspiradores. Não há sentido algum em dizer que existe uma teoria da conspiração entre eles.

Talvez eu não devesse responder a críticas de engenheiros cujos prédios caem, e que sequer sabem ler os meus projetos. Mas a despeito das contravenções jornalísticas de Abdala, é importante responder a suas perguntas e esclarecer o assunto.

Desatentos e desinteressados

De fato, meu texto pergunta por que os ateus são bem menos visíveis na mídia do que os religiosos, apesar de não serem tão pouco numerosos. Mas conspirações exigem conluio e planejamento, e não afirmei ou sugeri que a mídia estivesse trabalhando nesse sentido, muito menos através da orientação de seus "dirigentes". Além de diversos motivos óbvios, apontei uma resposta que é quase um truísmo: os ateus aparecem menos porque são percebidos e tratados pelos jornalistas de maneira diferente dos religiosos. Ofereci exemplos de tratamento pejorativo e de descaso com dados para atestar o problema, mas se há alguma conspiração é somente metafórica. A discriminação, o medo e a ignorância realmente conspiram contra nós.

Abdalla também não entende a ligação entre as atitudes da mídia e do IBGE para com ateus. Ele pergunta por que o fato de os ateus serem incluídos na categoria dos sem-religião teria qualquer relação com o desinteresse da mídia, e a resposta já está no texto que ele critica, aparentemente sem ter lido: "O que não aparece nas estatísticas para todos os efeitos não existe. Não pode receber atenção oficial nem destaque na mídia".

Em benefício do leitor, ofereço outros motivos. Por exemplo, é impossível entender a confusão da mídia entre ateus e sem-religião sem citar os dados do IBGE, que não diferenciam uns de outros. Além disso, o IBGE é uma fonte primária de dados cuja interpretação e análise cabe à sociedade, e em especial à imprensa. A mídia não é uma entidade mística, flutuando em outra dimensão. Ela é produto dessa sociedade, dos dados que tem disponíveis e da maneira como os trata.

É sintomático que as reportagens sobre o censo não tenham mostrado interesse algum em saber o número de ateus e não tenham apontado sua ausência na pesquisa. Não houve sequer o mínimo estranhamento devido ao fato de que alguns grupos centenas de vezes menos numerosos que os ateus tenham figurado explicitamente nos dados. É evidente que os jornalistas não estão atentos nem interessados. Portanto, mostrar o descaso pelo ateísmo também nos órg&atatilde;os governamentais é fundamental para entender a questão por inteiro e o papel da imprensa nesse jogo.

Além disso, a maior parte dos processos sociais está sujeita a "autofeedback": o tratamento que a imprensa dá a um assunto é tanto causa como efeito da sua percepção coletiva. Ultimamente, aliás, é muito mais causa do que efeito, pois sabemos como é fácil e freqüente fabricar essa percepção.

"Ideologia ateísta"

Os profissionais da mídia podem tentar se esquivar de qualquer responsabilidade sobre suas atitudes afirmando que só refletem a coletividade. Mas o IBGE também poderia se justificar alegando que só investiga dados que interessam à sociedade. E a julgar pelo tratamento que a mídia dá aos ateus, essa gente definitivamente não interessa. Em outras palavras, se o círculo vicioso se fecha é porque a mídia também dá sua generosa contribuição sem pestanejar ou criticar.

Abdala também me qualifica de preconceituoso quando enumero alguns motivos da preferência jornalística por assuntos religiosos, mas não contesta a veracidade da minha exposição. Como ele não aponta vício nos meus dados, não diz com relação a que fui preconceituoso nem por que acha tal coisa, isso não passa de uma acusação insubstanciada da qual sequer posso me defender. Expus razões legítimas para a assimetria, e elas não sugerem ou implicam que os meios de comunicação estejam na mão de grupos religiosos, como afirma a crítica.

O jornalista aponta que um programa evangélico não pode ser modelo de generalização para todos os demais. Concordo plenamente, tanto é que não afirmei isso. Essa generalização ficou por conta da interpretação do repórter. Não satisfeito, ele me culpa por criticar o proselitismo do programa. "Por que querer que um programa evangélico divulgue o ateísmo?", pergunta ele. Eu não quero, e não escrevi que quero.

Para Abdala, "qualquer pessoa pode ver que o programa é evangélico, para evangélicos, ou seja, não tem qualquer proposta de ser imparcial". Tudo bem, é óbvio para ele, depois que o fato se consagrou. Prever o passado é uma ciência exata. Quando aceitei o convite não era nada óbvio, especialmente porque a produção afirmou categoricamente que o programa era secular. Mas parece que fui ingênuo demais. Preciso parar de acreditar no que os jornalistas me dizem.

Talvez Abdala queira culpar só a desonestidade ou a parcialidade dos produtores, mas o incidente revela o que um jornalista religioso pode ter em mente quando ele diz "secular". Meu crítico certamente não notou quão semelhantes foram os tratamentos dispensados ao ateísmo por espaços tão distintos quanto um "secular" programa de uma rede de um bispo evangélico e um especial da "secular" Folha de S.Paulo. Ambos pintam o ateísmo com as piores cores quando têm o pincel na mão. E olhe que a Folha gosta de ser conhecida por sua pluralidade e modernidade. Ela trata a distribuição de espaço entre religiões com precisão milimétrica, mas não se move um milímetro quando o ateísmo só recebe ultrajes ao lado de descrições cândidas de todas as outras religiões.

O jornalista vê incoerência quando eu reclamo que uma reportagem do SBT, ao tratar do aumento dos sem-religião no Brasil, só citou os ateus. Se eu quero visibilidade para "meu" ateísmo, pergunta ele, por que reclamo quando o SBT fala dos ateus? É muito simples. A reportagem não dava atenção especial ao ateísmo, ela só o confundia com ausência de religião. Em uma frase ela citava o segundo, e na seguinte o primeiro, como se fossem iguais e intercambiáveis. Só que os ateus têm esse estranho costume de prezar a verdade acima de seus desejos e interesses pessoais. Esse hábito seria muito útil aos jornalistas. Adoraria ver o ateísmo nas manchetes, mas não à custa de mentiras.

Abdala diz que o trecho causa confusão "aos leitores", mas imagino que ele fale só por si.

Como muitos dos seus colegas, ele entende mal o ateísmo ao falar em "ideologia ateísta". O ateísmo não tem e não é uma ideologia: é somente o estado da pessoa a quem falta crença em deuses. Com freqüência há diversas identidades entre ateus, como também há entre torcedores do Palmeiras, mas isso não faz existir uma "ideologia palmeirense".

O jornalista também não vê utilidade em reproduzir passagens em que o deuses bíblico e corânico incitam à violência, já que o texto trata sobre mídia. A mim parece claro, mas a minha opinião não conta.

Atividades lucrativas

Tratei como emblemática a abordagem da Folha a respeito do ateísmo em seu especial sobre religiões. Nele, todos os credos são tratados com o mais absoluto respeito e isenção, independentemente de haver bons ou maus motivos para se assumir uma posição minimamente crítica. Como afirmei, essa é uma postura compreensível e jornalisticamente defensável. No entanto, o texto sobre ateísmo, que não tem doutrina nenhuma, não só era crítico como escandalosamente insultuoso.

É importante apontar a violência exigida pelos livros sagrados porque ela deixa claro o contraste entre a descrição que se faz das religiões e o seu verdadeiro conteúdo. Sem um contraponto fidedigno, pelas próprias palavras dos textos que as fundamentam, não se estabelece a configuração de religiões violentas bem tratadas versus ateísmo neutro destratado. Muita gente, como Abdala, não percebe os dois pesos e duas medidas mesmo com citações generosas e descritivas bem lá no alto do artigo. Imaginem se eu não tivesse escrito nada!

Não posso deixar de agradecer meu detrator pela excelente oportunidade. Creio que essa cegueira parcial e mui seletiva, ainda mais quando acomete um profissional do texto, é um excelente exemplo daquilo que eu queria apontar em meu artigo original.

Também passou despercebida ao jornalista a escolha específica dos versículos que utilizei. Eu poderia usar trechos muito mais sangrentos, que ordenam assassinato de crianças e rapto de mulheres (mas só as virgens). Entre as dezenas de passagens em que o onibenevolente comandante-em-chefe dos cristãos comete atrocidades, escolhi justamente aquela em os pacíficos religiosos são exortados pelo Pai a acabar com qualquer um que proponha adorar outros deuses.

Meu texto mostra como, alguns milhares de anos depois, os cristãos ainda seguem à risca as recomendações do ciumento Progenitor sobre o tipo de relação que se deve ter com os infiéis ("não consentirás com ele, nem o ouvirás, nem o teu olho terá piedade dele, nem o pouparás") ? isto é, antes de matá-los. Acrescentei ainda o trecho em que Jesus insiste no cumprimento da "lei" (o antigo testamento) para deixar claro que só uma leitura seletiva do novo testamento poderia negar a obrigatoriedade das recomendações de tolerância cristã que apontei.

O jornalista certamente tem uma percepção curiosa do mundo, pois afirma que as ocasiões em que o ateísmo foi tema de notícia "não foram poucas". Mas quanto é "pouco"? Esse julgamento é bastante subjetivo e certamente depende das expectativas do juiz. Para quem não gostaria de ver o ateísmo em evidência, qualquer quantidade, por menor que seja, já não é pouco.

Convido o repórter a confrontar suas convicções com a realidade, e efetuar uma pesquisa cuidadosa, de preferência em meio de comunicação que possua registros online abertos ao público, como o Estado de S.Paulo. Com os dados não se discute, e se o repórter estiver certo, dou a mão à palmatória e encerramos a questão. Aliás, bastaria trazer números que comprovassem a popularidade da pauta da descrença para fazer desmoronar todos os meus argumentos de uma vez só. Estou curioso para saber quanta atenção o ateísmo recebeu comparado ao espaço dedicado à religião. Também me pergunto se os números o farão mudar de idéia, ou o obrigarão a chamar um número ínfimo de "não pequeno".

Uma dica estatística: se o jornalista quiser incluir os textos pautados pelo último censo, é bom coletar matérias dos últimos dez anos, pois esse assunto só aparece uma vez por década. Do contrário, a amostra ficaria viciada.

Segundo Abdala, "se os ateus não aparecem mais é porque, provavelmente não fazem coisas interessantes para a imprensa". A menos da vírgula, concordamos novamente. Mas isso não depõe a favor da imprensa, ou contra os ateus. O interesse da mídia é determinado por questões culturais, ideológicas e mercadológicas. A mídia tem muito interesse em publicar produtos pouco educativos e promover anunciantes de produtos ineficazes ou danosos, pois ambas as atividades são bastante lucrativas. Da mesma maneira, a importante divulgação científica encontra pouquíssimo espaço. Parece que o interesse da mídia não é um bom metro para a qualidade daquilo que ela veicula.

O prazer de fazer

Por fim, o jornalista afirma que os ateus podem "começar a ser notícia fazendo algo frutificante para a sociedade, como campanhas para crianças carentes, financiamento de pesquisas científicas (que busquem a cura da Aids ou do câncer) ou até mesmo mutirões de limpeza". Há muitas, muitas maneiras de responder a isso. Eis algumas delas.

Em primeiro lugar, espero que Abdala não faça o mesmo tipo de afirmação a respeito de outros grupos da sociedade, pois ele poderia até ser processado por isso. Se um negro ou um homossexual reclamasse por espaço na mídia, será que o repórter teria coragem de sugerir a ele o mesmo que sugeriu a mim? A frase implica que os ateus não fazem nada frutificante para a sociedade ? afinal, se fizessem, eles seriam alvo de notícias. Eles não devem trabalhar, amar, criar arte, fazer ciência, pagar impostos… Devem ser uma gentinha desprezível na concepção do jornalista.

Ainda que a comparação fosse inadequada porque genética não é opção, poderíamos nos perguntar seriamente se os parlamentaristas fazem algo frutificante para a sociedade? E os existencialistas? Os hinduístas fazem coisas centenas de vezes mais frutificantes do que os ateus? Será que Abdala requer de todos os grupos de convicção que se reúnam para fazer as atividades que ele considera frutificantes, sob pena de exclusão da mídia? Ou será que ele está querendo dizer que nenhum ateu promove essas atividades? De um jeito ou de outro, a idéia é insustentável.

Com seu argumento, o repórter só deixa claro o seu julgamento implícito de que promover o ateísmo não é "frutificante para a sociedade". Nem que seja para nos defendermos do preconceito e da desinformação. Parece que os ateus, inferiores que são, precisam fazer algo a mais para compensar esse "vício terrível", segundo a descrição da Folha.

Entre outras coisas, as organizações ateístas procuram promover informações fidedignas sobre ateísmo e secularismo, para se opor à distorção e ao silêncio que agradam os religiosos. Só no site trilingüe da STR <http://www.str.com.br> há centenas de textos online que atraem milhões de page views a cada ano. Se não fosse por isso, muita gente nem saberia que o ateísmo é uma opção. Promovemos também o pensamento crítico e o método científico, ao invés do frutificante dogmatismo religioso, incompatível com qualquer racionalidade e progresso.

A separação igreja-Estado, apesar de ser um princípio considerado amplamente aceito nos países civilizados, é bandeira quase que exclusiva dos ateus. Não me lembro de nenhum cristão contestando os crucifixos presentes em todos os tribunais e casas legislativas do país, ou nenhum religioso reclamando da menção religiosa em nossa moeda e nossa constituição. Mas para Abdala, nada disso é "frutificante" o suficiente, e não merece notícia.

Ano passado, em plena campanha eleitoral, o então candidato Anthony Garotinho afirmou que "o homem afastado de Deus acaba se tornando violento, acaba praticando toda sorte de crimes". A singela declaração foi publicada mas passou em brancas nuvens, apesar do release a todos os grandes jornais informando sobre a subseqüente representação ao Ministério Público. Para a imprensa, isso também não merece notícia, ao contrário da frutificante posição do político.

As tão positivas ações promovidas pelas igrejas e que merecem cobertura da mídia são, sem exceção, subsidiadas ou até financiadas pelo Estado. Afinal, as igrejas contam com isenção fiscal plena no Brasil. O dinheiro que os religiosos devolvem à sociedade, quando devolvem, é bem mais do que uma gentil caridade: representa o necessário retorno do investimento que o sociedade faz nas igrejas sem exigir nada em troca.

Em alguns países da Europa, as igrejas ainda são diretamente sustentadas pelo Estado. As igrejas alemãs, por exemplo, faturaram 9 bilhões de dólares do erário em 1992. O Estado brasileiro cobre as dezenas de milhões de reais que mantêm o elogiado programa da Pastoral da Criança. Com o dinheiro dos outros, qualquer um frutifica.

Uma significativa parcela de ateus é notícia constante, mas seu ateísmo não aparece. A grande maioria dos cientistas é descrente, a se julgar a amostragem americana. Todos os dias eles estão trabalhando por um mundo melhor em uma atividade que salvou mais vidas em cem anos do que todas as religiões juntas em alguns milênios. Mas isso ainda não faz do ateísmo uma notícia.

Abdala muito provavelmente conhece iniciativas frutificantes conduzidas por ateus, mas eles preferem ficar no armário ou simplesmente nunca se pronunciaram a respeito de seu ateísmo, o que é bastante compreensível dada a opinião pública a seu respeito. Muitos se dizem religiosos porque sabem que do contrário serão estigmatizados socialmente e certamente perderão importantes oportunidades profissionais e comerciais devido ao boicote religioso, em parte alimentado pela omissão e pela desinformação da mídia.

Abdalla certamente não conhece iniciativas como a do Atheist Centre em Vijayawada, na Índia, onde se fornece assistência psicológica gratuita à população assolada pela superstição e pelo sistemas de castas e intocáveis. Outras iniciativas desse calibre são apoiadas pela Liga Internacional de Não-Religiosos e Ateístas (IBKA), mas os jornais vêem mais bondade em Madre Teresa, que glorificava o sofrimento e via na Aids a paga justa de comportamento sexual impróprio.

Enfim, há ateus muito empenhados no aprimoramento da sociedade. Ao contrário do que muitos pensam, a dedicação ao próximo não é criação nem monopólio dos religiosos. Listas enormes de ateus conhecidos por suas obras estão disponíveis na internet, e certamente surpreenderão muita gente. E olhe que nenhum deles faz isso por medo de punição ou como investimento a juros compostos na vida eterna.

Os ateístas que agem corretamente e se dedicam à construção de um mundo melhor só o fazem por amor a essa causa. São os únicos que, com certeza, praticam o bem desinteressadamente. Eles não esperam absolutamente nada em troca a não ser o prazer de fazer a coisa certa pelos seus semelhantes e por pessoas que eles nunca conhecerão, nem encontrarão em céu algum. Não seguem mandamentos externos, mas internos. Eles levam vidas justas no anonimato da sua descrença, inclusive fazendo campanhas para crianças carentes, financiando e principalmente conduzindo pesquisas científicas, ou até mesmo mutirões de limpeza. Mas parece que, para os jornalistas, isso também não é notícia.

(*) Engenheiro, membro da Sociedade da Terra Redonda <http://www.str.com.br>

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