Saturday, 27 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Nova falha de sistema

ELEIÇÃO NOS EUA

Boa parte da imprensa americana ficou na mão ? de novo! ? quando o Voter News Service (VNS), sistema criado para processar dados da pesquisa de boca-de-urna, falhou na eleição legislativa, em 5/11/02. Gerido por um consórcio formado por ABC, CBS, Fox News, NBC, CNN e AP, o VNS forneceria dados a 52 empresas de mídia. No entanto, à medida que os dados iam sendo processados, os operadores desconfiaram dos resultados, o que gerou um atraso tal que inviabilizou uma cobertura razoável sobre os eleitos para televisão e atrapalhou jornais ? entre eles The New York Times e USA Today ? que produziam a edição do dia seguinte.

Os veículos ficaram sem poder prever com precisão quem seria eleito, dependendo de outras fontes, como pesquisas telefônicas paralelas. "Foi como voltar aos anos 1960, sentado em frente à televisão até que todos os votos fossem contados", comparou Lester Holt, âncora da MSNBC. A imprensa teve de esperar a efetiva contagem de parte dos votos para fazer previsões. Às 20h, as emissoras de TV só tinham anunciado oito senadores cuja vitória sempre já era tida como certa.

O VNS começou a ser reformulado após a confusão da votação de novembro de 2000, em que o sistema apontou vitória do democrata Al Gore no estado da Flórida, o que o levaria à presidência. No entanto, após processo conturbado, o republicano George W. Bush foi declarado vencedor. O diretor-executivo do VNS, Ted Savaglio, não acha que a falha deste ano demonstre que o esforço pelo aperfeiçoamento tenha sido em vão. Ele conta que o processo de pesquisa funcionou corretamente em 44 estados, mas o computador falhou na hora de interpretar os resultados. "Decidimos deixar funcionando até o último minuto. Só não sentimos que tínhamos confiança suficiente. O projeto de substituir os sistemas integralmente a partir de 2000 sempre foi um plano de quatro anos."

Uma das deficiências mais graves produzidas pela ineficiência do VNS, que não pôde ser compensada por pesquisas paralelas, foi a falta de dados sobre grupos sociais, como minorias étnicas, gêneros, faixas de renda. A pesquisa de boca-de-urna faz essa distinção, importante componente das previsões, ao lado de tendências históricas. Outro item importante, que também não esteve disponível para a imprensa, foi a razão pela qual o eleitor escolheu determinado candidato. As informações, com base em matérias de Martha T. Moore [USA Today, 6/11/02], são de Howard Kurtz [The Washington Post 6/11/02] e Shailagh Murray [The Wall Street Journal, 6/11/02].