Friday, 26 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

Nova rede independente. Será?

RÚSSIA

Os jornalistas que trabalharam nos canais independentes NTV e TV-6 ganharam nova concessão de TV, em acordo abençoado pelo presidente Vladimir Putin. Anteriormente, Ievgeni Kiseliov e seus repórteres se demitiram de outras emissoras para não se sujeitar ao controle estatal, mas agora se associaram a amigos do Kremlin, levantando suspeitas sobre a independência do novo canal.

A rede será administrada por uma aliança de ex-críticos de Putin ? como Kiselyov ? e oligarcas ricos que têm ligações com o governo, como Roman Abramovich, governador da região de Chukotka, o ex-primeiro-ministro Ievgeni Primakov e Arkadi Volski, presidente da União Russa de Industriais e Empresários.

A freqüência da TV-6 que foi a leilão recebeu outras 12 ofertas, e muitos reclamam que o resultado já estava determinado. O ex-presidente Gorbachev, um dos licitantes, disse a repórteres que duvidava que os vencedores conseguiriam criar um canal “verdadeiramente livre, independente e honesto”. Pavel Korchagin, ex-associado de Kiseliov que também participou do leilão, afirmou não estar surpreso com o resultado: “Todos sabiam qual seria”. O processo estava marcado? “Eu citaria Primakov, que disse: ?Se eu não tivesse certeza de que ia ganhar, não entraria na competição?.”

A decisão foi tomada pela Comissão Federal de Licenças, que também inclui funcionários não-governamentais. Um deles, Vladimir Posner, garante que não houve qualquer pressão do Kremlin para votar na oferta de Kiseliov: foi uma decisão unânime. Embora reconheça que Putin “certamente esteja envolvido na formação do grupo” vencedor, explica que a comissão não teve opção, já que os outros licitantes não tinham experiência jornalística ou plano comercial para pôr a TV no ar. Susan B. Glasser [The Washington Post, 28/3/02] conta que Kiseliov se recusou a discutir o acordo feito com o grupo de financiadores e, perguntado se estava confiante de que o canal poderá operar livre de interferência política, respondeu: “O futuro vai decidir.”