Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O adeus da Media-Most

RÚSSIA

Um tribunal russo ordenou o fechamento da Media-Most, império mediático de Vladimir Gusinsky, em resposta a uma ação de autoridades fiscais, no dia 29 de maio. A Media-Most já perdeu seu carro-chefe, a emissora independente NTV, para a estatal de gás natural Gazprom. A mesma estatal também se apossou do Segodnya, jornal diário antes pertencente a Gusinsky, e demitiu a equipe da revista Itogi.

A ação havia sido arquivada em dezembro, no ápice da batalha entre a Media-Most e o governo russo. O grupo de mídia do magnata era crítico do presidente Vladimir Putin. Defensores de Gusinsky afirmam que a agressão legal é parte de campanha do Kremlin para amordaçar veículos independentes.

De acordo com Anna Dolgov [Associated Press, 29/5/01], funcionários do governo afirmaram-se motivados unicamente pelo objetivo de encerrar os supostos crimes financeiros cometidos por barões da mídia poderosos como Gusinsky. A ação exige a liquidação da Media-Most por falência, citando as altas dívidas da companhia. O Justiça de Moscou abandonou o caso no mês passado, afirmando que o arquivamento das ações estava além da jurisdição de autoridades fiscais. Mas as autoridades recorreram da sentença e venceram, no dia 29.

Um porta-voz do tribunal disse que é "muito cedo para falar em falência como fato", uma vez que a companhia tem direito a apelação. Dmitry Ostalsky, porta-voz da Media-Most, confirmou que a empresa deverá apelar.

PROPINA SONORA

Há 40 anos as leis federais proíbem estações de rádio de receber dinheiro para tocar músicas, sem antes revelar a prática aos ouvintes. Contudo, disse Chuck Philips [Los Angeles Times, 29/5/01], documentos obtidos pelo jornal mostram que vários produtores independentes mantêm detalhadas anotações ? denominadas "bancos" ? com a lista das datas em que uma música foi ao ar, seguida por um depósito feito pela gravadora do artista. As anotações funcionam como uma conta bancária: "depósitos" quando as músicas certas são tocadas e "saques" para pagar a rádio em dinheiro, viagens e ingressos para eventos.

Os documentos mostram que as cinco maiores gravadoras americanas ? Vivendi Universal, Sony, Bertelsmann, AOL Time Warner e EMI Group ? pagaram taxas (o popular "jabaculê") a um produtor independente associado a uma rádio de Portland, Oregon, que tocou suas músicas.

Especialistas dizem que a descoberta pode ameaçar a licença de funcionamento de diversas rádios. Agentes federais já investigam há quatro anos a corrupção na indústria. Cinco gravadoras foram condenadas a pagar multas por causa de propinas, e no ano passado a Clear Channel Communications, maior conglomerado de rádio do país, foi multada por tocar uma música de Bryan Adams em troca de uma série de shows patrocinados pela rádio. Executivos da empresa afirmaram que essa é uma prática comum na indústria. Segundo funcionários das companhias, as gravadoras chegam a pagar USS 4 mil por música para produtores independentes influenciarem as programações.

    
    
                     

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