Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O ano que começou mal e mal começou

 

Ana Lúcia Amaral

Procuradora regional da República em São Paulo

O fato mediático mais importante foi aquele não muito bem cuidado pela mídia. E se não fosse o Observatório da Imprensa eu não teria prestado atenção. Em suma, o mais importante foi aquele que a mídia brasileira não deu a importância devida. Refiro-me à tragédia do Timor Leste. Outros fatos, ainda que não muito bem tratados, apesar da intensidade da sua exploração – estou agora a me referir às CPI’s – foram importantes por terem mostrado que a imprensa, de um modo geral, pode e deve ser os olhos da sociedade. Deixando de lado as “opiniões” dos neófitos na defesa dos direitos à honra, à imagem, à intimidade dos cidadãos – que todos têm e não somente os bem-nascidos –, o fato é que a população, ainda que meio desconfiada, viu que é possível a norma penal sair da senzala e adentrar a casa-grande, para ser aplicada àqueles que se consideram com mais direitos do que os outros quando foram surpreendidos em falcatruas envolvendo o patrimônio público, que tratavam como se privado fosse. Quanto a esses fatos, a imprensa trouxe a público o que é do interesse público.

Carlos Salles

Promotor público

O lançamento do livro Notícias do Planalto, de Mario Sergio Conti, que deixou os jornalistas meio pelados.

Fernando Pacheco Jordão

Jornalista

O grande fato midiático do ano foi a cobertura que a imprensa deu às investigações sobre corrupção entre os vereadores de São Paulo. Elas não teriam ido adiante sem a pressão da mídia. Lembro-me de frase do ex-vereador Vicente Viscome, quando ainda não estava em cana: “Não posso nem sair na rua, no meu bairro, porque começam a me vaiar”. Isso graças à grande exposição que teve na mídia.

Gabriel Priolli

Jornalista

O fato midiático mais importante de 1999 foi a aprovação, em comissão da Câmara Federal, da proposta de emenda ao artigo 222 da Constituição, permitindo a participação societária de estrangeiros nas empresas de mídia impressa e de radiodifusão. Embora a mudança tenha que ser ainda ratificada pelo plenário da Câmara e, posteriormente, pelas comissões e plenário do Senado, tudo indica que a tramitação seguirá sem maiores percalços, dado o interesse do empresariado brasileiro na abertura do mercado de comunicação. Isso terá profundas implicações sobre a nossa mídia, podendo comprometer a soberania nacional no plano da cultura e da informação.

Guilherme Canela

Núcleo de Estudos Sobre Mídia e Política da UnB

Foi a inesperada união Globo-Folha, visto que a competição verdadeira entre estes dois gigantes da mídia nacional era o que restava de esperança para termos uma cobertura mais democrática

Isak Bejzman

Médico e jornalista

Um tanto quanto constrangido, porque sou parte deste processo, sinto-me mesmo assim à vontade para dizer que considero os avanços do Observatório da Imprensa o fato midiático mais importante de 1999. O programa de TV espraiou o espaço do OI na internet. Sem pejo e com tranqüilidade, vejo o OI como uma escola de leitura de mídia.

João Ubaldo Ribeiro

Jornalista e escritor

Como sempre, não sei responder direito a este tipo de pergunta, porque sou um desmemoriado que não presta atenção a datas e anos. Mas eu diria que foi o crescimento acentuadíssimo de “jornais” e “revistas” na internet, nisso compreendida a possibilidade de qualquer cidadão manter sua publicação – pessoal ou em grupo –, através de sites na rede. Vários amigos e conhecidos meus, que só dispunham das seções de cartas dos leitores, hoje são editores, redatores e repórteres. Se bem que a massa de informação e opinião se torne avassaladora, é inegável que se trata de um avanço na chamada liberdade de imprensa.

Luiz Egypto

Redator-chefe do Observatório da Imprensa

O aparecimento do livro Notícias do Planalto – a imprensa e Fernando Collor, de Mario Sergio Conti, tanto pelas informações que traz quanto pelos desdobramentos que provoca.

Marinilda Carvalho

Editora-assistente do Observatório da Imprensa

Meu fato midiático do ano é o programa Via Brasil, da Globo News. Em meio ao mar de banalidade, violência, baixaria, sensacionalismo, exploração da miséria e desrespeito ao próximo, Via Brasil é um retrato singelo e vibrante de um país que não dá bola para Fantástico, Ratinho ou Carla Perez.

Nesses programinhas deliciosos, simples, banhos de reportagem de meia hora – é possível sentir o prazer e o entusiasmo dos repórteres –, a gente vê um país com identidade. E capta afinal o conceito de nação que abnegados como Paulo Freire, Darcy Ribeiro e tantos outros brasileiros relegados ao ostracismo tentaram resguardar.

Valeu, Via Brasil!

Nahum Sirotsky

Correspondente da RBS em Israel

A ascensão do semanário Época, demonstrando que, como aconteceu com o aparecimento do rádio, posteriormente da TV aberta e da TV paga, a resposta da mídia impresssa à internet está no talento e sensibilidade de editores para inovar. A história do desenvolvimento dos meios de comunicação, em geral, tem sido a do crescimento ou sobrevivência de veículos que atualizam sua linguagem e sabem se comunicar com o indivíduo de sua “época”. Isto se aplica tanto à comunicação em massa como aos chamados jornais acadêmicos.

Spacca

Ilustrador

O maior evento midiático do ano tem tudo para ser o mais discreto: o pacto Globolha. Se é verdade que a mídia tem mais autonomia para criticar e investigar o poder (no sentido restrito: o governo), é porque o poder de fato (o poder de quem pode) está com ela. Protegida pelo manto da invisibilidade pactual, a mídia poderá exercer mais tranqüilamente o seu duplo poder: de dominar a comunicação entre a produção e os consumidores, e de estabelecer o padrão de interpretação dos fatos. Domínio material e espiritual total, na era da Globolhização.

Esta edição do Observatório da Imprensa traz data dupla – 20 de dezembro de 1999 e 5 de janeiro de 2000. Nos quatro anos em que o O.I. aparece periodicamente na internet, o recurso à edição dupla tem sido a forma de a equipe garantir um pequeno período de folga, necessário ao recarregamento das baterias.

E como o final de um ano é época dada a balanços, saiba o leitor que durante 1999 (até o nº 80, de 5/12) o Observatório da Imprensa on line circulou na internet um total de 1.018 matérias, reproduziu 470 textos na seção Entre Aspas, publicou 853 cartas e acolheu 287 autores em suas páginas virtuais. Aos colaboradores do O.I., listados a seguir, nossos melhores agradecimentos. Apareçam sempre. (L.E.)

Adriano Rodrigues de Faria
Afonso Albuquerque
Alan Severiano
Alberto Asfora
Alberto Dines
Alencariano Falcão
Alexandre Cebrian Araújo Reis
Alexandre Dines
Alexandre Freire
Alexandre Reis
Alfredo Sirkis
Almyr Gajardoni
Aluízio Batista de Amorim
Ana Amelia Schuquer de Oliveira
Ana Lagôa
Ana Lúcia Amaral
Anatrícia Borges
André Luiz de Barros Leite
André Roca
Andreas Adriano
Angela Adnet
Antonio Alberto Trindade
Antonio Augusto Mello de Camargo Ferraz
Antônio Bulhões
Antonio Caetano
Antonio Fernando Beraldo
António Marinho e Pinho
Antonio Teles
Aquiles Emir
Argemiro Ferreira
Armando de Brito
Beatriz Wagner
Beatriz Wey
Ben Hur de Marco
Betch Cleinman
Beth Carmona
Beth Klock
Beth Saad
Beto Almeida
Bianca Rodrigues Moura
Carlos Alberto de Salles
Carlos Alberto Furtado de Melo
Carlos Alves Müller
Carlos Eduardo Copetti Leite
Carlos Heitor Cony
Carlos Müller
Carlos Tautz
Carlos Vasconcellos
Carlos Vogt
Carmem Pereira

Carolina Juliano
Gonçalo Jr.
Carolina Ribeiro
Ceci Maria A. Honório
Celso Coimbra
Celso Fernandes da Cunha
Celso Pinto
Cesar Valente
Chico Bruno
Chico Caruso
Cícero Félix
Cícero Sandroni
Clarinda Rodrigues Lucas
Claudia Antunes
Cláudia Lemos
Claudio Beckert Juni
Claudio Buongermino
Claudio Carneiro
Cláudio Weber Abramo
Clayton Eduardo
Cristina Laura A. Ribeiro
Cristina Yumie Aoki Inoue
Guilherme Canela de Souza Godoi
David Capistrano Filho
David França Mendes
Davide Mota
Deonísio da Silva
Djalma Luiz Benett
Dora Kramer
Douglas Duarte
Ed Wilson Araújo
Edilene Florentino
Édison Pecoraro
Eduardo Diatahy de Menezes
Eduardo Lamas
Eduardo Martinez
Eduardo Meditsch
Eduardo Sol
Eduardo Viveiros
Eliane Pszczol
Elisa Sayeg
Elisabeth Costa
Emma Bonino
Emmanuel Nogueira
Enézio E. de Almeida Filho
Esdras do Nascimento
Fernanda Suhet
Estela Regina Wonsik
Eugênio Viola
Evaldo Vieira
Fabiano Golgo
Fabio Leon Moreira
Fabio Lucas
Fábio Metzger
Fabrício Francis
Fabrício Marta
Fátima Gonçalves
Felipe Pena
Fernando Conceição
Fernando Correia da Silva
Fernando Oliveira Paulino
Flamínio Araripe
Flávio Eustáquio Bertelli
Flávio R. L. Paranhos
Flavio Rodrigues
Francisco José Castilhos Karam
Francisco Moreno de Carvalho
Francisco Whitaker Ferreira
Franco Lajolo
Fritz Rivail F. Nunes
Gabriel Priolli
Geraldo Araújo de Castro
Gilberto C. Marotta
Gilmar Ribeiro
Graça Caldas
Guilherme Canela de Souza Godoi
Guilherme Jorge de Rezende
Gustavo Gindre
Gustavo Lopes
Henrique Vidal
Heródoto Barbeiro
Hugo Nigro Mazzilli
Inaiê Sanchez
Inaiê Sanchez
Irineu Franco Perpétuo
Isabela Nogueira
Isak Bejzman
Ivana Jesic
J. D. Borges
J.S. Faro
Jack Driscoll
Jairo Faria Mendes
João Brant
João Brito de Almeida