Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O balzaquiano JN

Edição de Marinilda Carvalho

Amigos, há dois interessantíssimos destaques nesta edição.

O primeiro, de acordo com a seqüência da página, é a mensagem de Ubiratan Muarrek, que a propósito do recente caso Adriane Galisteu propõe um instigante desafio aos críticos das nulidades midiáticas: analisar, um nível acima, “as relações incestuosas entre mídia e poder econômico e político no país”. Ele põe em xeque a própria “viabilidade de um modelo de imprensa liberal em economias periféricas como a brasileira”.

É o que parecem fazer, mais adiante, Joaquim Moura e José Rosa Filho, dois leitores que deploram a cobertura que nos é dada das notícias econômicas e condenam a cumplicidade dos jornalistas com os agentes da política econômica. Joaquim e José também dão um show.

Confiram!

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Clique sobre o trecho sublinhado para ler a íntegra da notícia

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Fiquei esperando mais do texto do Dines sobre os 30 anos do Jornal Nacional. No final do texto, Dines diz que “o mais famoso produto do telejornalismo brasileiro merecia um registro mais profundo”. O mesmo vale para o próprio Observatório, que perdeu um bom gancho para abrir um espaço sobre o papel do JN nestes 30 anos. Não falo de repetir o óbvio (de que o JN é oficialista, etc. etc.), mas de tentar ver como este importante veículo continua tendo tanta importância na vida do país e de como ele vem desenvolvendo hoje o seu trabalho, em contraposição a outros períodos. São só dois caminhos rasos, que poderiam ser aprofundados com uma análise mais detalhada a partir da saída de Cid Moreira, da atuação do JN nas últimas eleições presidenciais, quando desempenhou profundamente o seu poder de silenciar tanto a campanha em si como alguns temas que preocupavam e preocupam o país. Fica a sugestão, na esperança de que este Observatório se dedique um pouco mais ao telejornalismo. Tenho a impressão de que os veículos impressos são mais visados pelos observadores.

Leandro Colling, mestrando em Comunicação da Facom/UFBA

Alberto Dines responde: O Observatório foi construído em torno do princípio de que a sociedade inteira deve observar a sua mídia. Esperar que alguns poucos digam tudo e agradem a todos é repetir as publicações convencionais. Eu é que lamento que você, estudioso da Comunicação, não tenha acrescentado às minhas ponderações reparos consistentes. Repito: o Observatório é dos Observadores, e estes são todos os cidadãos que acreditam que a mídia concerne a todos. Apareça sempre, abraços. A. D.

Nota do O.I.: No Monitor da Imprensa, desta edição do Observatório, o leitor encontrará o trabalho “O Jornal Nacional antes e depois da saída de Cid Moreira”, do doutorando Mauro P. Porto.

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Em primeiro lugar gostaria de deixar aqui meus sinceros parabéns pelo grande trabalho feito por vocês, considero simplesmente necessário o serviço que vocês prestam de “fiscalização”, condenando a banalidade e a superficialidade que tomam conta de nossa imprensa. Parabéns! Gostaria de deixar aqui registrado meus parabéns também à equipe de Jornalismo da Rede Globo. A cobertura do caso da máfia dos vereadores de São Paulo tem sido ótima, mostrando aos outros telejornais um exemplo de profissionalismo e comprometimento com o público! Continuem assim, precisamos (nós, o povo) de canais como esse!

Jackson Vieira

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Um nordestino imitando Elvis Presley; punks na frente do Congresso; pessoas comendo e indo ao banheiro; a falta de controle dos deputados do PT em conter alguns manifestantes; gastos da manifestação. Em suma, o que o Jornal Nacional do dia 26/8 escolheu como fato foi a desorganização e o ridículo que a Marcha dos Cem Mil exibiu. Não que ela tenha sido desorganizada e ridícula, mas ao verdadeiro intento dela foram dados míseros segundos, despolitizando-a e ridicularizando-a.

André Mendes

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Concordo plenamente quanto à penúria da nossa imprensa. O Jornal Nacional (idolatrado…) esconde manifestações populares. Resumindo: manipulação pura. No telejornalismo brasileiro a Band está praticando um jornalismo de alto nível. Sobre o caso da Galisteu, é reflexo dos nossos governantes, que tratam o povo como gado ? então, dá-lhe mediocridade. Uma pena, um país com tudo para ter um povo com trabalho e crescimento ter que viver atolado em pagamento de juros e “briguinhas” dos políticos ? que os jornalistas adoram. A moeda mais rara nas mãos dos brasileiros, hoje em dia, é a esperança.

Nelson Roberto Niero Filho

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Recebi o texto abaixo, achei interessante e agora repasso a vocês.

Nísio Teixeira

“Rede Globo incentiva classe média a se desfazer de bens

Ernesto de Oliveira S. Thiago Neto

O fato ocorreu no televisivo Jornal Nacional de 2 de agosto de 1999. Sob a chamada ?Veja o que a classe média está fazendo para quitar suas dívidas?, a Rede Globo de Televisão apresentou diversas pessoas de classe média que, endividadas com juros tão altos que em alguns casos corroíam um terço da renda líquida familiar, estavam a se desfazer de bens, como automóveis por exemplo, para quitar suas dívidas com instituições financeiras. Em nenhum momento foi questionada a legalidade dos acréscimos agregados aos débitos e tampouco foi informado que milhares de consumidores estão conseguindo reduzi-los significativamente através de medidas judiciais vitoriosas em todos os graus de jurisdição.

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Gostaria de lamentar o final do programa Mulher, da TV Globo, previsto para novembro. É uma pena, pois sempre abordou assuntos interessantes do dia-a-dia de nossa sociedade ? como aborto, Aids, drogas, infidelidade ? e tem grandes atores da nossa TV.

Agora, esta é para se pensar: como é que a Globo, que se diz líder de audiência e a melhor do Brasil, mantém a Xuxa com dois programas (um no sábado e outro no domingo), ambos medíocres, e põe fim ao seriado Mulher? Lamentável!!!!!!!

Paulo Ferro, jornalista

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A imprensa brasileira tem fixação pelas drogas. Não, não são os programas da televisão aos domingos não. Falo de drogas mesmo. Há pouco assisti a um telejornal da Globo e uma repórter apresentava uma matéria acerca de um inspetor de alunos numa escola pública que resolveu usar a música para controlar as crianças durante os intervalos. Ia tudo bem, mas, ao final, como não poderia deixar de ser, quando o inspetor explicava o efeito da música nas crianças, a repórter teve que dizer: “… A música os mantêm afastados das drogas.” Ninguém havia falado em droga. Márcio Alexandre Silva

Estou morando em Boston, EUA, já faz um ano e meio, e tenho acompanhado diariamente as notícias online dos principais jornais brasileiros, bem como as excelentes discussões publicadas por este Observatório. Fiquei meio confuso quando li as notícias sobre a saída do ministro Clóvis Carvalho do Ministério do Desenvolvimento. A reportagem do Estado de S.Paulo dizia que Clóvis Carvalho não colocou o cargo à disposição, mesmo quando isso lhe foi sugerido, ou seja, foi demitido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. No mesmo dia, a versão online da Folha de S.Paulo mostrava o título: “FHC aceita demissão de Clóvis Carvalho.” O texto da reportagem dizia que o ministro Clóvis Carvalho pediu demissão no início da madrugada de sábado durante reunião com FHC. O texto dizia também que FHC havia enviado recado ao ministro para que deixasse o cargo. Estaria a Folha fazendo propaganda contra o governo e, até mesmo, distorcendo os fatos para diminuir a demonstração de autoridade do presidente?

José Luiz Donato

Ou Nós que Aqui Estamos Esperamos Entender a Crítica de M.M. Criticar o texto cada vez mais pobre das publicações da imprensa brasileira é importante. Sempre aprendi que é com base nos erros que a gente tenta acertar. Então, parabéns a M.M.! O que não dá pra entender, porém, é a birra do mesmo M.M. com o filme “Nós que Aqui Estamos por Vós Esperamos”. Rafael Teixeira

Não navego com freqüência pelo Observatório, mas cada vez que o faço me sinto recompensado. Apesar de, segundo Nelson Rodrigues, toda unanimidade ser burra, posso contar nos dedos de uma só mão (e ainda sobram) as vezes em que discordei das análises de Alberto Dines. É confortante saber que (ainda) há cabeças pensantes. Por outro lado, causa angústia saber que restaram poucas, que estão escasseando e que a “linha de produção” de novas e boas está abalada, não só por comprometimento, conluio de objetivos escusos, mas, ainda pior, pela falta de luminares, de paradigmas.

Não sou jornalista, portanto, não posso dizer com certeza da qualidade das escolas de Jornalismo e das redações. Sou advogado, posso (embora seja desnecessário) dizer da qualidade geral do ensino: é uma lástima.

Silvio Rubens Meira Prado

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Como estudante de Jornalismo e telespectadora assídua do Observatório da Imprensa, venho parabenizá-los pelo excelente programa e pela forma com que vocês fazem suas críticas. Dessa forma, realmente, nunca mais lerei jornal como antes.

Ariadne, 4? semestre de Jornalismo, Unisul, SC

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Sempre que posso assisto ao Observatório da Imprensa na TVE. Se não for o melhor, este programa é sem sombra de dúvida um dos melhores trabalhos já realizados na TV brasileira. Parabéns!! Fico feliz por existirem jornalistas como Alberto Dines. No mês passado assisti a uma entrevista dele no programa do Roberto D?Ávila na TV Educativa. Neste programa, Dines um site em que os internautas podem fazer doações para ajudar países do Terceiro Mundo. Gostaria de saber o endereço do site.

Jorge Luiz de Almeida Ferreira

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Gostaria de saber qual o endereço de um site americano, citado por Alberto Dines em entrevista na TVE, pelo qual se pode mandar uma cesta básica para a África.

Luciana Caldeira Machado

Nota do O.I.: o endereço do site é <www.thehungersite.com/index.html>.

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Por que não descobri vocês antes? E por que não fazem sucesso estrondoso? Só porque dizem a verdade e a verdade, neste país, é pecado! Parabéns por levarem a sério o trabalho de vocês, em vez de contribuír para a burrice generalizada!

Ana Margarita Bolaños Cordeiro

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Meus parabéns à equipe do Observatório. Eu os conheço mais pela TV. O papel que desempenham, seguramente, fomenta a cidadania, tão esquecida, por nós, de ser exercida. Sucesso, sucesso!!!

Alfredo Marcos

Achei muito repetitiva revista, pois há muita informação e poucas fotos para entreter a leitura. Espero que não se aborreçam com meu ponto de vista, pois como leitora assídua procuro somente dar dicas para melhorar o padrão visual da revista da qual me sinto integrante. Sinceros agradecimentos,

Regina

Dines, mestre, estive na Colômbia em novembro do ano passado. Desta viagem surgiu a série “Guerrilha na Colômbia”, que está concorrendo ao Prêmio Esso. Na época, San Vicente del Caguán não estava ocupada pelos guerrilheiros do comandante Marulanda. O JB foi o primeiro jornal da grande imprensa brasileira a entrar no território liberado pelo presidente Andrés Pastrana às Farc, mais precisamente 42 mil quilômetros quadrados nos estados de Caquetá e Meta. Sendo assim, mestre, algo tem que ser corrigido, quando se diz que o Estadão foi o primeiro veículo que cobriu ponto a ponto os acontecimentos na terra de outro mestre, Gabriel Garcia Márques. Com açúcar,

Antonio Ximenes, repórter

Alberto Dines responde: Certamente o Ximenes tem razão. De qualquer forma, o O.I. não tem entre seus pressupostos a função de dar prêmios etc. Abraços, A. D.

Crítica do filme Thomas Crown, por Roberto Sadovski, na Set: embora esta publicação da Editora Peixes, que fala de cinema e vídeo, não esteja no rol das revistas analisadas por vocês habitualmente, gostaria de compartilhar a perplexidade de que fui tomado ao ler esta asneira publicada em sua edição de setembro de 1999 (página 31):

“Pierce Brosnan tem muito tempo para isso na pele de James Bond (referindo-se a armas e explosões). Como Thomas Crown, ele exercita um outro músculo, que anda meio ignorado nas superproduções hollywoodianas: o cérebro.”

ARGHHHH !!!!

Márcio Porciuncula

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Sou jornalista recém-formado (1998), trabalho atualmente na Assessoria de Imprensa da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), e também faço especialização em Jornalismo Científico na Unicamp. Na sexta-feira (10/9), assistindo ao programa Cidade Alerta, me deparei com mais uma pérola da desinformação (o que, infelizmente, não é novidade no jornalismo ? ? ? atual). O apresentador Datena (que antes de se transformar no “paladino dos injustiçados” era um repórter de campo de futebol ? nada contra o jornalismo esportivo) brindou-nos com mais um belo exemplo de que o nível cultural da TV brasileira está bem abaixo da linha da miséria.

Ao comentar uma reportagem em que um morto (ou “pseudo-morto”) havia aberto os olhos durante seu velório, Datena disse: “Se Stephen King e ?aquele homem? que fez o Drácula viessem ao Brasil veriam coisas inacreditáveis.”

Inacreditável mesmo é o comentário do Sr. Datena. Deixando de lado o conteúdo da mensagem (se é que ela tem algum), é bom avisá-lo de que “aquele homem que fez o Drácula” não poderia nunca vir ao Brasil simplesmente porque ele morreu em 1912 (a não ser que Bram Stocker fosse imortal como seu vampiresco personagem inspirado em Vlad Tepes, príncipe da Valáquia). Por essas e outras é que é melhor dar crédito àquele velho ditado que diz: “Em boca fechada não entra mosquito.”

Fabrício Carareto

Nota do O.I.: Procurado, o apresentador não respondeu ao nosso e-mail.

Concordo com as críticas levantadas nesse Observatório a propósito de Adriane Galisteu, Roberto Justus e o fenômeno de vulgaridade que tomou conta da mídia brasileira ? com a ressalva de que esse tipo de crítica, na minha opinião, é ineficaz.

Como o próprio Alberto Dines observa, esses personagens, em si, não contam. Logo, a crítica também não conta, e acaba fazendo o jogo da própria estrutura que se pretende criticar. Quando a consciência se torna cínica e todos faturam em cima, parafraseando Habermas, tem-se que elevar o nível da crítica, sob a pena da redundância em cima de conceitos mortos.

Um nível acima temos as relações incestuosas entre mídia e poder econômico e político no país. Em um nível de abstração ainda maior está em xeque a própria viabilidade de um modelo de imprensa liberal em economias periféricas como a brasileira.

São questões essas que os textos da polêmica “La Galisteu” apenas arranham, e que dizem respeito à estrutura de poder da mídia brasileira.

Não se trata, portanto, de uma indignação apenas moral ou estética sobre as desventuras desse ou daquele personagem. Mas de entender o que esses personagens de fato significam ? eles que, pateticamente, se autoproclamam figuras “públicas” ?, a propósito de representar a sociedade ou o país. Atenciosamente,

Ubiratan Muarrek

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Parabéns pelos excelentes artigos de Alberto Dines sobre a deprimente cobertura da imprensa do caso Adriane Galisteu-Roberto Justus. A cada dia (ou a cada edição de jornais, revistas e telejornais) fico mais convencido de que a mídia está perdendo o rumo, enveredando para a cobertura superficial e fútil de “celebridades”, estas também superficiais e fúteis.

Depois de sermos vítimas de uma avalanche de páginas sobre esse assunto na semana passada, pensei que estaríamos livres nesta semana. Vão engano. Num descomunal esforço de fazer mau jornalismo, a maior revista de informação do país traz quem em sua seção de entrevista? A agora ex-senhora Justus (a terceira, por sinal) Adriane Galisteu.

Talvez esse tipo de cobertura seja uma atitude deliberada para, gradativamente, esvaziar aos poucos o jornalismo de qualidade. Afinal, matérias sobre Xuxa, Adriane Galisteu, Ratinho e outros espécimes da cada vez mais pobre fauna midiática não precisam de jornalistas do quilate de Marcos Sá Correa, Jânio de Freitas, Elio Gaspari, Roberto Pompeu de Toledo e Alberto Dines.

Adriano Rodrigues de Faria

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Parabenizo pela excelente matéria sobre a Adriane Galisteu e Xuxa/Sasha no País da Maravilha. Finalmente a Adriane Galisteu deixa cair a máscara. Lamento que nosso povo ser tão ingênuo (eu também fui) acreditando naquelas histórias repetidas vezes contadas nas entrevistas pela Adriane Galisteu, que nunca precisou de ninguém para vencer na vida. Quando a Sasha nasceu a televisão não parava de mostrar cenas de um conto de fadas. A rainha-mãe e a princesinha do bercinho dourado… em um país onde tantas criança passam fome. A poderosa Globo, insensível aos aspectos de pobreza do nosso país, mostrava o mundo cor-de-rosa (ou seria dourado?) da Xuxa/Sasha. Até quando continuaremos assistindo impassíveis a casos como estes?

Neusinha

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Leio o Observatório para manter-me atualizada sobre as coisas do meu país. De um lado fico feliz, vendo que ainda há gente que pensa; por outro me revolto com coisas como “Galisteu” substituindo Lucélia.

Gilvanete Rocha Surine

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Parabéns pelos textos sobre os desvarios de toda a imprensa a respeito da inútil Galisteu. Agora falando em propaganda, lamento que ninguém tenha comentado os comerciais de mau gosto da Volkswagen, em que loiros falando em alemão mostram-nos, pobres mulatos brasileiros, como fazer carros de qualidade. É a supremacia ariana comprovada!

Alberto

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É realmente um absurdo o que o poder da mídia é capaz de fazer. Inacreditável que uma pessoa como Bibi Ferreira, que pressupomos engajada no processo de disponibilizar a cultura à população interessada (uma Cultura com C maiúsculo) possa ter participado de tamanho descalabro… Não que Adriane Galisteu ou qualquer outra modelo não possa ter sua oportunidade, porém guardadas as devidas proporções, convenhamos!

A resposta da sociedade, e principalmente do meio cultural, deve ser imediata, pois esse não é o primeiro e nem será o último caso em que o marketing fala muito mais alto do que qualquer outra coisa. Teatro ainda é cultura, não desfile de modelo ou salão de beleza, que me desculpe a Sra. Adriane e todas suas discípulas.

Mônica Malta

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Gostaria de saber por que a imprensa dá tanta importância à vida de pessoas famosas, que às vezes pagam alto preço para estar em evidência na mídia. Adriane Galisteu tem todo o direito de decidir o que fazer da sua vida. O problema é que os fofoqueiros de plantão adoram ver a decadência das pessoas, e não medem esforços para manchar a imagem alheia. A entrevista publicada na revista Veja deixa claro que o entrevistador queria arrancar da modelo Adriane Galisteu algo que desse a impressão de que ela está triste e deprimida por causa da separação. Acho que ela deu um tapa de luva de pelica no entrevistador. Suas respostas mostraram que temos que ser verdadeiros conosco e com as pessoas com quem nos relacionamos.

Apesar de ser uma figura de marketing, a lourinha sabe ganhar dinheiro e vender o seu produto, além de causar inveja a muitas pessoas. Como ela mesmo diz, as pessoas que viravam a cara para ela quando ela estava em situação difícil hoje se aproximam com interesse, e nem por isso ela trata com indiferença. Um retrato da hipocrisia, que precisa mudar e, quem sabe, ser questionado pela imprensa. Melhor do que bisbilhotar a vida alheia é contribuir com mais informação e cultura para as pessoas.

Ana Cristina, Uberaba, MG

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Enquanto isso, dezenas de boas cabeças (inclusive loiras) rolam. Não há o menor espaço nas mídias para elas. Gostaria de observar que as nulidades, no entanto, não estão apenas nas telinhas, revistas etc. etc., mas também invadiram as universidades, os espaços políticos e religiosos e outros, tidos como nobres e respeitáveis. O que podemos fazer? Gritar, gritar e gritar.

Regina Giora

Faz tempo que a gente não pode aplaudir apenas por ter sido um bom espetáculo. Sempre tem um elemento global, um cara que foi capa de revista, uma emergente carioca ou paulista a tentar provar competência dramática pelas pernas lipoaspiradas. Denise Stoklos, a grande paranaense de Iratí, a brasileira artista completa, esteve em cartaz e, por força de seu trabalho e suas posições radicais contra a mídia que vocês criticam, teve baixos índices de bilheteria no Tuca-PUC. Pessoal, não deixe que o novo espetáculo dessa extraordinária artista brasileira fique no ostracismo dos aniversários e festinhas dos artistas globais.

Denise Stoklos está com novo espetáculo, Vozes Dissonantes, sobre as vozes que foram caladas ao dizer não e sim quando a ordem era dizem amém. Coletânea de vozes no rastro de nossa pouca existência, Denise fará falar e saber da existência de gente que talvez a gente nem tenha ouvido falar até hoje.

Contatem Denise, divulguem aqui no Observatório, esta midia decente onde a razão e a emoção de fazer notícia são marca que, espero, seja capaz de empanar o brilho falso da nossa claudicante imprensa brasileira.

E-mail da Denise Stoklos: <stolklos@ax.apc.org>; Contatos: Alexandre Ferretti 263-1440/celular 9981-5660

Berenice Pompilio

Na manifestação dos perueiros [motoristas de van] e dos motoristas de ônibus em São Paulo, há alguns dias, vários jornalistas apanharam da Polícia Militar. Ver uma foto ou uma imagem na TV de uma pessoa apanhando é terrível. E quando isso acontece com um colega de trabalho?

Eduardo Hiroshi Kawauche

Um dos motivos de a humanidade estar ingressando no 3? Milênio em condições cada vez mais dolorosas e inviáveis é o fato de os jornalistas estarem sempre a escamotear, da população, a insustentabilidade do atual sistema econômico. É só ler os comentaristas econômicos para perceber como eles são mestres em limitar suas análises dos problemas econômicos vividos pela população a um arsenal de jargões e fórmulas de nítido viés monetarista, como se a realidade do mundo e da vida se restringisse às taxas de juros praticadas, às oscilações bursáteis e às metas acertadas com o FMI… Joaquim Moura

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Janio de Freitas diz que, a cada momento que passa, a mídia da área econômica, na tentativa de proteger as ações do governo, cria fatos que acabam por não se confirmar na prática. Escreve ele que “a guerra do jornalismo econômico ao leitor é ininterrupta e impiedosa”. O que é a pura verdade, e se houvesse um código de ética a ser seguido por esses profissionais poucos escapariam de uma severa punição. José Rosa Filho

Lamentável ler que o Observatório defende a modificação do 222, desde logo tecendo alvíssaras à entrada, de vez, do capital alienígena. Enfim, com a venda das empresas estatais a toque de caixa, concomitante aniquilamento da indústria nacional (e conseqüente desemprego em massa), sem nenhum benefício para o país, abrir o capital da mídia nacional aos estrangeiros era previsível.

O que nos deixa pasmos é sustentar que temos uma mídia livre; estulta falácia. Como exemplo, no próprio Observatório nos são dadas reiteradas oportunidades de ler o quanto a linha dos veículos de comunicação segue as estritas ordens de seus donos, além de não passarem de notórios seguidores da imprensa americana e suas agências de notícias (basta ver o quanto nos encheram, dias e dias, com as mortes dos desimportantes Kennedy Júnior e “leide Di”, sem falar na papagaiada que é apoiar a tal campanha do “politicamente correto” ? não demora, passarão a denominar os negros brasileiros de afro-brasileiros ? e as recentes notas originárias dos EUA a respeito da Colômbia e sua potencial ameaça à democracia nas Américas.

José Maria Leitão, Brasília

O problema da programação da televisão brasileira vai muito além das análises dos pseudo-intelectuais, que elegeram o programa do Ratinho como único vilão, fora dos padrões éticos, morais e quase fora da lei.

A má qualidade da programação não é fruto dessa recente criação de programas populares. Ela é jurássica, nasceu sem autonomia e com programação imposta, sob os olhares e “conselhos” do regime militar, que queria manter uma nação acomodada com a situação do país e alheia ao conhecimento, ao senso crítico e à cultura. E a televisão foi seu principal instrumento para isso.

Hoje, com o fim da ditadura, na condição de regime democrático, as moedas se inverteram. O governo aparentemente almeja uma programação de qualidade, dando exemplos com suas emissoras: TVE e TV Cultura. Em contrapartida, as emissoras privadas, que no passado lutaram contra a censura, hoje lutam para manter sua própria censura. Portanto, programação sem qualidade não é culpa do Ratinho e nem das novelas. Os verdadeiros culpados são os “ratões” donos das emissoras, que se preocupam somente com as “novelas da publicidade”, enxergando apenas o lucro.

Luiz Augusto Araújo Pereira, 4? período de Jornalismo, UNIT, Uberlândia, MG

Acho necessário que vocês acompanhem o tratamento dados pelas redes, sobretudo a Globo, à violência nas escolas. Em geral não se explicam as razões imediatas e muito menos as mediatas do aumento da violência nas grandes cidades.

Nicolai Vladimir

Nota do O.I.: Caro amigo, o tema tem sido objeto de numerosos artigos aqui no O.I.

Venho demonstrar meu inconformismo com o assassinato de um juiz de Direito em Mato Grosso (o que tem tido ampla cobertura da imprensa). Meu maior inconformismo é relativo ao fato de que o referido juiz, apesar de o ter solicitado várias vezes e a vários órgãos, não estava sob proteção policial adequada, tendo como resultado seu assassinato.

Acredito na seriedade deste jornal e espero que, na qualidade de órgão de imprensa, cobre das autoridades responsáveis explicações convincentes acerca da falta de proteção policial para o juiz.

Manoel Nabais Furriela

Com certeza, há muito tempo o assunto abordado por Celso Coimbra está a merecer um maior detalhamento por parte da grande mídia, eis que a importância do tema é inegável!! As razões pelas quais o triste enfermeiro Izidoro deixou de ser prioridade nas redações deste país continental permanecem desconhecidas ou não são comentadas. Por quê??? De permeio a indústria dos transplantes segue em frente… Quem ganha com isto??? O papel da imprensa não é o de bem informar a população??? Nem todos têm assento nas rodas de discussão científica (transplantes); então, não estaria destinado à imprensa, livre e soberana, levar a esta mesma população os “subsídios” necessários ao seu melhor esclarecimento??? Até quando estaremos na dependência, exclusiva de iniciativas, praticamente isoladas, de pessoas intimoratas ? como Celso, no enfrentamento, direto, sério e competente, acerca de questões tão pontuais???

Paulo de Tarso Ribeiro dos Santos, advogado, Porto Alegre

Freqüentemente, a imprensa veicula que os brasileiros não têm memória, o que pode ser verdade. Porém, tal esquecimento muitas vezes deve-se à própria mídia, que não exercita a memória de seu público. Por isso, pergunto: Por onde andam Sergio Naya, Salvatore Cacciola, Francisco Lopes, o juiz Nicolau dos Santos, Hanna Garib, os anões do Orçamento, o dono da Encol, os seqüestradores de Wellington Camargo etc.?

Com a palavra, este respeitoso meio de comunicação…

Sergio Tannuri

Nota do O.I.: Perdão, leitor. Somos observadores da mídia. Não é nosso objetivo substituí-la.

>A manipulação das notícias, o jogo de palavras nas manchetes mudando radicalmente o contexto, a omissão de alguns fatos e a massificação exagerada de outros são artifícios que sempre foram utilizados em larga escala pela imprensa e pela situação, seja para esconder fatos, seja para prestar algum tipo de apoio a algum candidato ou, simplesmente, arrumar alguma desculpa para a trambicagem. Bel Portões

 

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