Saturday, 20 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O comportamento da mídia nos anos 90

LIÇÕES INESQUECÍVEIS


O jornalismo dos anos 90, de Luís Nassif, 320 pp., Editora Futura, São Paulo, 2003; preço R$ 45,00; <http://www.edfutura.com.br>


[do release da editora]

Este livro descreve o comportamento da mídia em alguns dos mais polêmicos casos que envolveram a opinião pública nos anos 90. Despertará o interesse de todos aqueles que se interessam por temas atuais e que têm curiosidade em conhecer a verdade sobre grandes coberturas jornalísticas realizadas pela imprensa nacional ao longo da última década do século 20.

Nos anos 1990, a história das coberturas jornalísticas foi marcada por equívocos: a mídia, um veículo a serviço da sociedade, sofreu uma grave inversão de valores e, em vez de cumprir o papel para o qual foi criada ? o de fornecer a verdade de maneira imparcial ?, prestou-se a prejulgamentos e condenações, sem ao menos permitir aos “acusados” qualquer tipo de defesa. O jornalista Luís Nassif tem se dedicado a rever muitas das informações que foram veiculadas ? para não dizer impostas ? pela mídia nesse período. Casos como o da Escola Base, da CPI do ex-presidente Fernando Collor e do Bar Bodega, entre outros, são discutidos neste livro, cujo ponto fundamental é montar um panorama de como a mídia se comportou e, principalmente, de como deveria ter se comportado para ser mais ética, justa e imparcial.

Luís Nassif é jornalista político e econômico. Assina uma coluna nos jornais Folha de S.Paulo e O Dia e apresenta o programa Dinheiro Vivo, na TV Cultura de São Paulo.

Lançamento

O jornalismo dos anos 90 será lançado em São Paulo, na Pinacoteca do Estado (Praça da Luz, n? 2, Centro), no dia 2 de agosto, às 11h. Em Ribeirão Preto (SP), Nassif vai autografar o livro em 16 de agosto, na 3? Feira do Livro (Teatro Pedro II, Auditório Mendes Júnior). Em Belo Horizonte, a noite de autógrafos será no Status Café Cultura e Arte (Rua Pernambuco, 1150, Savassi), às 19h de 18 de agosto. No Rio, o lançamento será na UFRJ (Av. Pasteur, 250, Urca), às 19h30 de 25 de agosto.

Márcio Thomaz Bastos (*)


Prefácio de O jornalismo dos anos 90, de Luís Nassif, 320 pp., Editora Futura, São Paulo, 2003; preço R$ 45,00; <http://www.edfutura.com.br>; título da redação do OI.


Conheço Luís Nassif há mais de três décadas e sempre lhe admirei a inteligência, o faro jornalístico e a teimosa obsessão por fazer um jornalismo que não se cingisse só à área econômica ? especialidade que domina como poucos.

Este seu livro Jornalismo nos anos 90 é uma amostra significativa não só do seu talento, mas também da opção ética que fez ao dar voz aos massacrados, aos que têm contra si a opinião pública, àqueles em relação aos quais se forma a terrível e avassaladora aliança entre a mídia e autoridades, dos mais diversos escalões.

Todos nós conhecemos casos em que pessoas foram destruídas, reputações se arruinaram e imagens foram canibalizadas. O grande ? e talvez insolúvel ? dilema entre a liberdade de imprensa e a presunção de inocência; entre a liberdade de imprensa e o direito à imagem; entre a liberdade de imprensa e o respeito aos direitos humanos, perpassa todas as páginas e todos os casos aqui narrados. É um painel impressionante de linchamentos e justiçamentos que têm, todos eles, como subtexto, uma profunda descrença na Justiça e no Poder Judiciário. É como se o raciocínio fosse o seguinte: a Justiça é ineficiente e não prende ninguém, logo o escacho e o assassinato de imagem cumprem esse papel. E nesses momentos dramáticos, onde se instala o frenesi da mídia, em que todo o controle de qualidade da notícia é desprezado, em que a luta pela informação exclusiva afasta os escrúpulos e preocupações, um espaço sempre se colocou disponível, dando voz aos que não a tinham, não importa se culpados ou inocentes: a coluna de Luís Nassif, despertando a indignação dos catões e dos polemistas da unanimidade.

Lidos agora, a alguns anos de distância, os textos ganham em qualidade e especial relevo. Mostram a necessidade de manter a salvo das emoções a objetividade e a imparcialidade que devem ter as boas coberturas jornalísticas, para que eventuais injustiças deixem de ser cometidas. Pelo bom respeito à verdade. E apenas à verdade.

(*) Ministro da Justiça