Thursday, 25 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1285

O Estado de S. Paulo

GOVERNO LULA

“Duda usa mantras para ensinar candidatos”, copyright O Estado de S. Paulo, 29/08/03

“O publicitário Duda Mendonça tem usado e abusado de seus mantras para ensinar prefeitos e candidatos petistas nas próximas eleições a fazer uma campanha eficiente. No Primeiro Seminário de Comunicação e Propaganda Eleitoral do PT, realizado ontem em na capital mineira, ele repetiu suas frases preferidas: ?Quem bate não ganha? e ?eleição se ganha dando argumentos ao eleitor.?

Duda, como um mestre de cerimônias, pontua suas máximas permeando e atuando entre as palestras de políticos e ministros que estão sendo realizadas no encontro. As lições, muitas constantes no seu livro Casos & Coisas, procuram ensinar aos prefeitos que não adianta divulgar o valor das obras executadas, mas sim o benefício que ela trará ao usuário, e a importância da forma para transmitir o conteúdo.

Na busca de uma didática eficiente para suas aulas, Duda lançou mão também da dramatização. No primeiro dia do seminário, um casal de atores representou de forma cômica o encontro, na posse de Lula, de uma militante petista com um eleitor não-petista que não aceita ser chamado de ?companheiro?. As discussões entre os dois foram usadas para mostrar as características e contradições do petista radical e do eleitor do PT conservador e que há espaço para ambos.

O ministro da Secretaria de Comunicação de Governo, Luiz Gushiken, falou da experiência da última campanha de Lula para explicar que a relação do candidato com o público se dá de duas formas: diretamente na propaganda gratuita na TV e rádio ou pela imprensa. Esta última considerada mais eficiente por Gushiken. ?Na geração de fatos políticos você encontra aí o elemento decisivo de uma campanha?, disse Gushiken.”

“Avaliação De Lula”, Editorial, copyright Folha de S. Paulo, 1/09/03

“Pesquisa do Datafolha publicada ontem revela que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua desfrutando de avaliação positiva. Mais do que isso, Lula atingiu sua maior taxa de aprovação até o momento. Os que consideram seu governo ótimo ou bom somam 45% dos brasileiros, chegando a 42% os que o avaliam como regular. Apenas 10% classificaram a nova administração de ruim ou péssima.

Ainda que presidentes costumem preservar bons índices de avaliação no primeiro ano de seus governos, chama a atenção o fato de que Lula tenha conseguido fazê-lo num quadro de grave desemprego e de fortes restrições econômicas. Indicadores divulgados recentemente mostram que a renda dos trabalhadores nos últimos meses encolheu significativamente e que a economia do país mergulhou em recessão -situações que contrastam com suas promessas de campanha.

É preciso considerar, porém, que o governo conseguiu dissipar a atmosfera adversa que cercou o país na transição dos governos, quando a inflação parecia fora de controle, a cotação do dólar disparava e a desconfiança em relação ao país recrudescia. Ao que parece, o presidente tem logrado incentivar na sociedade a esperança de que as coisas irão melhorar, ao mesmo tempo em que pede tempo e paciência para que o governo possa mostrar a que veio.

Não se deve, certamente, subestimar o carisma de Lula, cuja identificação com o comportamento e a linguagem populares é incontestável. A figura pessoal do presidente é ela mesma um dos trunfos da nova gestão. Ele tende a ser visto como alguém mais ?humano? e mais próximo do cotidiano dos brasileiros do que políticos de outra extração.

Parece contribuir, ainda, para a avaliação o fato de que o presidente tenha assumido perfil mais moderado e se constituído numa espécie de ?última esperança?.

Mesmo que se queira ver no resultado efeitos de ações de marketing, como as que cercaram o até aqui pífio Programa Fome Zero, há que reconhecer que isso não bastaria para produzir tamanho apoio.”