Wednesday, 24 de April de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1284

O protesto segue – na internet

THE WASHINGTON POST

Numa segunda tentativa de chamar atenção para a difícil renegociação do contrato trabalhista, líderes sindicais pediram aos repórteres do Washington Post que parem de escrever para o sítio do jornal. Segundo Frank Ahrens [Washington Post, 15/6/02], os artigos produzidos para a versão impressa são automaticamente publicados na página de internet, mas quando um evento importante acontece os jornalistas são chamados a escrever matéria adicional para a edição eletrônica. Ninguém recebe a mais por esses textos, e eles podem mesmo recusar, embora raramente o façam.

Steve Coll, editor administrativo do Post, diz que a tática prejudica a missão do veículo, que tem o sétimo sítio de notícias mais visitado (5,8 milhões de visitantes mensais). "É irresponsável porque pode reduzir nossa habilidade de entregar jornalismo da maneira que temos feitos nos últimos dois ou três anos."

Os principais assuntos em discussão são aumento salarial, acumulação de férias e filiação ao sindicato. Os funcionários já conseguiram organizar uma "greve de autoria" no dia do 125?. aniversário do jornal, quando retiraram seus nomes dos créditos de matérias, fotos e infográficos.

DEEP LINKS

O uso na internet de links diretos ? os chamados "deep links", que vão direto a um conteúdo específico em vez de remeterem à página principal do sítio ? foi parar na Justiça na Dinamarca. O serviço Newsbooster, mediante pagamento de assinatura, envia e-mail aos usuários com remissões a notícias selecionadas em mais de 3 mil fontes. Para diversos editores dinamarqueses isso constitui roubo e infração de direitos autorais. Nicolai Lassen, editor-chefe do negócio, discorda: "Da home page até o artigo que você quer ler pode haver um longo caminho. Usando uma tecnologia como Newsbooster, economiza-se muito tempo".

Ebbe Dal, diretor gerente da Associação Dinamarquesa de Editoras de Jornal, diz que Lassen deveria fechar o Newsbooster ou negociar pagamento das fontes às quais faz remissões. "Consideramos injusto basear um negócio no trabalho dos outros". Segundo a AP [10/6/02], ele não é contrário a qualquer tipo de link que não seja para página principal. Não haveria problema, por exemplo, em um jornal online adicionar link a artigo. Mecanismos de busca também poderiam fazer uso da remissão direta, pois ajudam as pessoas a navegar na rede.

A restrição a "deep links", que já é alvo de polêmica em diversos casos nos EUA, compromete uma premissa básica da internet, o fluxo livre do usuário pelo conteúdo. Por outro lado, aqueles que colocam conteúdo no ar se sentem prejudicados porque, ao acessar diretamente o conteúdo desejado, o usuário deixa de passar por várias páginas, reduzindo o ganho que os sítios têm com publicidade.