Friday, 29 de March de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1281

O resto é cotidiano

A discussão da produção bem apurado da matéria-prima dos meios de comunicação (a notícia) também passa pelo interesse das empresas em primar pela qualidade do produto que estão colocando nas ruas.

Não dá para comparar a realidade dos profissionais dos grandes centros do País com os que atuam no eixo Norte/Nordeste. Isso é sem levar em conta a questão salarial. Trata-se mesmo da falta de reciclagem da mão-de-obra, da sobrecarga de trabalho e da falta de orientação, especialmente para os focas, para o cumprimento das pautas.

A prática das redações dos jornais da Paraíba, por exemplo, é colocar um repórter iniciante nas ruas com seis pautas “obrigatórias” para cumprir num carga horária de cinco horas. Normalmente, nas editorias de Política, citadas sempre como páginas nobres da edição, existem dois repórteres. Cada um, então, terá que voltar à redação com material para uma página. Deste material, notícia que mereça destaque, de preferência, com chamada de primeira página.

Furo é furo. A ética profissional de cada um é que deve falar mais alto, porque o próprio nome do jornalista está em jogo. De que adianta encher as páginas de “furos” e nos dias seguintes ter que emplacar os desmentidos?

Tornar o furo uma obsessão é o que não é aceitável. Ele flui naturalmente e, quando não vem, o profissional consciente sabe que um trabalho meticuloso de investigação, a partir mesmo de pequenas informações, pode ter como resultado final a matéria que ele tanto perseguia. O resto é cotidiano.

Hermes de Luna

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